Postado por - Newton Duarte

Análise: Doriva muda esquema, domina, mas Leão faz valer vantagem

Doriva monta o Tricolor no 4-2-4, anula pontos fortes do Vitória e cria superioridade numérica nas laterais. Leão passa sufoco, mas garante o título baiano de 2016

Quando o árbitro Leandro Pedro Vuaden apitou o fim do primeiro tempo na Arena Fonte Nova, alguém sabiamente perguntou: “o Vitória apareceu para jogar?”. A equipe de Vagner Mancini conquistou o título baiano, mas, dentro de campo, foi simplesmente engolida por um rival mordido, que mostrou mais futebol e mais vontade de vencer. O Leão colocou o regulamento debaixo do braço e fez valer a ótima vantagem conquistada no jogo de ida – quando, ali sim, apresentou um futebol de campeão. Para o Tricolor, o triunfo por 1 a 0 não bastou para ficar com a taça, mas a impressão deixada foi a melhor possível.

Doriva percebeu que, para bater o rival, precisava superar Vagner Mancini no confronto de estratégias. O baile que levou no Barradão, no primeiro jogo da final, foi contundente a ponto de fazer o técnico tricolor mexer no seu esquema pela primeira vez na temporada. O Bahia saiu do 4-1-4-1, que varia para o 4-2-3-1, para jogar no 4-2-4; o time abandonou a formação com três atacantes, dois abertos nas pontas e um centralizado, para jogar com dois "meias" (o volante Danilo Pires e o lateral João Paulo Gomes) abertos e dois atacantes por dentro.

Vitória atual no seu tradicional 4-2-3-1 (Foto: Reprodução) Doriva armou o Bahia no esquema 4-2-4 (Foto: Reprodução)

Ao diagnosticar os pontos fortes do Vitória e reconhecer as fragilidades do seu próprio time, o técnico do Bahia fez duas substituições que foram decisivas para ter o controle do jogo. A primeira foi sacar Juninho do time para a entrada de Paulo Roberto, o que deu consistência na marcação no meio-campo e ajudou a fechar as laterais, principal problema defensivo do time. A segunda mudança foi escolher João Paulo para substituir o machucado Edigar Junio. Jogando com dois meias abertos, o Tricolor criou superioridade numérica nas laterais e construiu inúmeras jogadas por ali.

Além de criar vantagem numérica nas laterais, o Bahia abriu um buraco na intermediária do Leão. Hernane e Thiago Ribeiro prenderam os dois zagueiros, e Amaral e Willian Farias precisaram abrir nas pontas para ajudar José Welison e Diego Renan no combate a Danilo Pires/Tinga e João Paulo Gomes/Moisés. Coube a Feijão, no lance do gol [confira na imagem abaixo], atacar o espaço vazio e entrar na área para balançar as redes.

Feijão ataca o espaço vazio e aparece na área para marcar (Foto: GloboEsporte.com)Feijão ataca o espaço vazio e aparece na área para marcar (Foto: GloboEsporte.com)

Agora assista ao gol marcado por Feijão.

Como em time que está ganhando não se mexe, Vagner Mancini manteve os jogadores e o esquema. O Vitória permaneceu no 4-2-3-1 durante o jogo inteiro, só que com uma postura mais recuada. A ideia do treinador era segurar a pressão inicial do rival e tentar um gol nas investidas em velocidade de Marinho e Vander. Mas no meio do caminho havia um Moisés. O Leão insistiu nas jogadas pelo lado direito de ataque, mas por ali o lateral do Bahia venceu todos os duelos com Marinho. Os atacantes rubro-negros, então, inverteram o lado, mas Vander encontrou a mesma dificuldade do companheiro. Do outro lado, Tinga, menos exigido, também fez uma partida segura.

Vitória atual no seu tradicional 4-2-3-1 (Foto: Reprodução)Vitória atual no seu tradicional 4-2-3-1 (Foto: Reprodução)

O Vitória mostrou que poderia equilibrar as ações logo no início do segundo tempo. Com cinco minutos de jogo, Kieza já aparecia duas vezes, em uma delas exigindo grande defesa de Marcelo Lomba. Percebendo a melhora do adversário e precisando de mais um gol, Doriva resolveu arriscar: colocou Juninho no lugar de Paulo Roberto, e Luisinho na vaga de João Paulo Gomes. O time ficou ainda mais ofensivo com a entrada de Henrique no lugar de Danilo Pires. O esquema continuou o mesmo, o 4-2-4, mas agora o Tricolor tinha quatro atacantes e sufocava cada vez mais o rival.

Era ideal para o Vitória que o contra-ataque funcionasse, já que o Tricolor apostou tudo e se mandou para frente. Mas o time não estava em uma tarde feliz. Leandro Domingues era o jogador que podia segurar mais a bola e tentar municiar os atacantes, mas estava mal. Vander e Marinho não incomodavam. Para renovar o fôlego da equipe, Mancini colocou em campo Tiago Real e Alípio nas vagas e para fazer a mesma função de Domingues e Vander, respectivamente. Também não funcionou. Coube ao Leão segurar as pontas lá atrás e esperar o apito do árbitro para garantir o 28º título baiano de sua história.

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Fonte: Ge.com