Postado por - Heitor Montes

Análise: buscando o equilíbrio, Bahia de Jorginho passa por teste de fogo

Depois de enfrentar um Atlético-PR desfalcado e um Atlético-GO com evidente fragilidade, o Bahia tinha no Cruzeiro o seu principal desafio [na Arena Fonte Nova] até aqui no Campeonato Brasileiro. Uma equipe que, embora sem algumas peças importantes, é muito bem treinada pelo técnico Mano Menezes. É verdade que a expulsão de Henrique, logo no início do primeiro tempo, facilitou a vida do Tricolor, porém o time venceu de forma convincente e até poderia ter feito mais de um gol, pois jogou para isso, sobretudo na primeira etapa.

O setor ofensivo tricolor, a cada jogo, mostra evolução. Mesmo sem Régis, o entrosamento entre Allione, Zé Rafael e Edigar Junio permitiu que o novato Vinícius se sentisse à vontade na função de meia central do 4-2-3-1 de Jorginho, embora sem a mesma intensidade dos companheiros. Movimentação, criação e ocupação de espaços, infiltrações. O quarteto ofensivo do Bahia não para.

Uma das virtudes dessa equipe é ter dois pontas armadores. Zé Rafael e Allione são inteligentes e fecham para jogar por dentro, buscando aproximação e tabelas curtas e rápidas. Claro que, por vezes, a equipe sente falta de um ponta de velocidade para proporcionar mais amplitude, porém ambos os meias são capazes de desestabilizar o sistema defensivo adversário através do drible.

Repare no lance do gol a sintonia entre Allione e Zé Rafael, que triangulam até achar acionar Edigar na pequena área.

É muito pouco tempo para analisar de forma consistente o trabalho de Jorginho, mas algumas características do treinador já começam a aparecer. O Tricolor tem optado por sair jogando de pé em pé a partir do goleiro na maior parte do tempo, coisa que nem sempre acontecia com Guto Ferreira. Jean, por sinal, é fundamental nesse processo porque tem qualidade [e cada vez mais tranquilidade] para esse tipo de jogo. Ele se apresenta como opção de passe e é importante para que o time mantenha a posse de bola.

Debaixo das quatro linhas, Jean segue mostrando sinais de amadurecimento. E vai salvando a equipe quando necessário. Repara só nessa defesa.

Nas poucas coletivas que concedeu até o momento, Jorginho deixou claro que o seu principal desafio é encontrar o equilíbrio entre a transição ofensiva rápida, característica marcante dessa equipe, e a manutenção da posse de bola. Contra o Cruzeiro, ele alertou para a necessidade de trocar passes no campo de ataque, e não na defesa.

- Precisamos trocar passes no campo do adversário. Trocamos no nosso campo, o que é extremamente perigoso – frisou o técnico.

Outra peça importante na partida, Juninho recua para jogar entre os zagueiros e qualificar o passe no início da jogada. Veja na imagem abaixo.

Juninho articula saída de bola do Bahia (Foto: Rafael Santana) Juninho articula saída de bola do Bahia (Foto: Rafael Santana)

O Bahia foi tão superior na primeira etapa que poderia ter matado o jogo cedo. Faltou, no entanto, ser mais incisivo nas ações ofensivas, algo que vem desde os tempos de Guto Ferreira. O time sofreu com a melhora do Cruzeiro na etapa final, que ajustou a marcação, adiantou as linhas complicou a saída de bola tricolor. No ataque, apostava nas aproximações e trocas de passes curtos, oferecendo muito perigo.

Mais para o fim do jogo, com o cansaço do rival, o Bahia poderia novamente ter matado o jogo em contra-ataques, porém Edigar Junio e Mendoza desperdiçaram boas oportunidades.

Fonte: Globo Esporte