Postado por - Heitor Montes

Análise: melhor com 10 e com 11, Bahia usa arma do rival para chegar à final

Depois da derrota por 2 a 1 no jogo de ida contra o Vitória, o Bahia prometeu uma guerra na partida de volta e cumpriu. Aos menos avisados, isso não quer dizer que foi uma partida violenta, cheia de jogadas desleais e confusões como foi em alguns momentos o primeiro jogo entre as duas equipes. O que foi desencadeado após o jogo não esteve, mais cedo, no gramado da Arena Fonte Nova. Em uma partida bem disputada, mas bem jogada, o Bahia foi disciplinado como um soldado na guerra e, com méritos, bateu o Vitória por 2 a 0.

O mérito do Bahia em chegar à final do Nordestão acontece pela competência em saber jogar um confronto de 180 minutos e superar todas as dificuldades encontradas. Na primeira partida, ficou com um jogador a menos no primeiro tempo e, embora tenha perdido por 2 a 1, jogou melhor que o rival e cedeu um placar magro, totalmente superável no confronto decisivo. Na partida de volta, mesmo pressionado, tomou a iniciativa do jogo quando tinha que tomar, recuou e contra-atacou no momento certo e, vibrante, soube jogar com a torcida do início ao fim.

Mesmo com um jogador a menos, Bahia mostra organização e proximidades entre as linhas (Foto: Ruan Melo) Sem Hernane, Edigar Junior foi a referência do Bahia no ataque; Zé Rafael e Allione jogaram abertos (Foto: Ruan Melo)

E olhe que não chega a ser bem uma surpresa o que aconteceu neste domingo. O próprio técnico do Vitória, Argel Fucks, indicou como seriaapós a partida da última quinta. Vencedor do primeiro jogo, o treinador do Vitória sabia que o Bahia seria obrigado a propor as ações no confronto de volta, o que não aconteceu na quinta-feira, e o Vitória teria campo para poder usar a sua principal arma: o contra-ataque. O problema disso tudo é que o time não conseguiu superar a forte marcação do rival e, quando encontrou espaço, errou passes importantes na transição ofensiva. Sem conseguir progredir ao ataque em velocidade, abusou da transição direta e dos chuveirinhos na área. Como o jogo mostrou claramente, a estratégia não teve êxito.

Do outro lado, o Bahia demonstrou a conhecida postura defensiva, com linhas próximas do início ao fim da partida, mesmo quando teve um jogador a menos. Na frente, com a obrigação de propor o jogo, teve mais posse de bola, mas mostrou dificuldade para penetrar na área do Vitória no início. Contudo, aos poucos, o ataque mais leve, com Edigar à frente, Zé Rafael e Allione abertos e Régis entre eles, se encontrou e, com ultrapassagens e apoio dos laterais, atormentou a defesa do Vitória. Bom deixar registrado aqui a boa partida de Armero, a melhor dele com a camisa do Bahia, e o "clássico" de Allione. Clássico porque o argentino não só foi bem no jogo deste domingo, com também na partida no Barradão.

Em retorno ao time após lesão, Kieza fez o papel de centroavente; David e Euller ficaram abertos e Cleiton centralizou (Foto: Ruan Melo)Em retorno ao time após lesão, Kieza fez o papel de centroavente; David e Euller ficaram abertos e Cleiton centralizou (Foto: Ruan Melo)

Embora o Bahia ditasse o ritmo da partida à sua maneira, quis o destino que os gols do time surgissem no “estilo” Vitória. No primeiro, o Tricolor roubou a bola, chegou rapidamente à frente e contou com um chute de rara felicidade de Allione para abrir o placar. O segundo gol também aconteceu em uma jogada de velocidade. Com boas trocas de passe, o Tricolor contou com penetração de Régis, assim como faz Cleiton Xavier, para ampliar o placar e encaminhar a classificação.

Mesmo com um jogador a menos, Bahia mostra organização e proximidades entre as linhas (Foto: Ruan Melo)Mesmo com um jogador a menos, Bahia mostra organização e proximidades entre as linhas (Foto: Ruan Melo)

A expulsão de Régis, após levar o segundo cartão amarelo em comemoração do gol, poderia mudar o panorama da partida. Contudo, Patric levou o cartão vermelho pouco tempo depois e não deu ao Vitória a chance de aproveitar a superioridade numérica. Pior para Argel que até tentou lançar o time mais à frente, com a saída de Euller e entrada de Gabriel Xavier, mas, com o Bahia organizado e seus jogadores em dia de pouca inspiração, seguiu sem ver a equipe conseguir penetrar na área e oferecer riscos a Jean.

Em um Ba-Vi de reclamações da arbitragem, confusões, mas também de bom futebol, venceu a equipe que não só soube lidar melhor com os desfalques, mas mostrou maior consistência no confronto e não em um jogo.

Fonte: Globo Esporte