Postado por - Heitor Montes

Análise: Repetindo time (e erros) contra o Botafogo, Bahia não mostra evolução

Pela primeira vez desde que assumiu o comando do Bahia de forma interina, o técnico Preto Casagrande pôde repetir o time titular. Na partida deste domingo, contra o Botafogo, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro, ele optou pela mesma escalação que utilizou contra o Vasco [veja abaixo os melhores momentos do confronto contra o Bota]. Normalmente, esse tipo de situação gera expectativas sobre um melhor rendimento do time. Contudo, não se viu no Bahia evolução em relação ao desempenho apresentado pela equipe na última partida. Foi o mesmo time, com os mesmos erros, só que, desta vez, o resultado não apareceu.

Não houve mudança de postura do Bahia que venceu o Vasco para o que perdeu para o Botafogo. A equipe treinada por Preto Casagrande tem por proposta atuar de forma reativa, com transição ofensiva em velocidade e aproveitando o erro do adversário. O problema acontece justamente quando o time não encontra esses espaços para jogar e, nas poucas vezes que tem campo, como trabalha para construir as jogadas com um rival bem fechado.

Assim como no jogo contra o Vasco, o Bahia falhou na transição ofensiva e prejudicou a construção de jogadas. Não foram apenas erros na troca de passes, como foi pontuado por Preto Casagrande na coletiva de imprensa, mas também decisões equivocadas de jogadas e falta de aproximação entre os seus jogadores. Nesta tarde, não foi raro ver Eduardo isolado na direita ou Mendoza tendo que partir para uma jogada individual devido à falta de opções na linha de passe. Muitas vezes, o Bahia dava a impressão de ter apenas um modo de jogar e chegar ao gol. Falta repertório para construir jogadas, principalmente quando encontra equipes bem fechadas defensivamente. Isso sem falar nos erros defensivos na bola aérea. Nos dois gols sofridos, os jogadores do Botafogo tiveram liberdade para cabecear.

- Tivemos quatro, cinco chances claras de matar o jogo, mas, na hora de acertar o último passe... Os nossos jogadores são de velocidade para puxar o contra-ataque, e acabamos errando o último passe. Exatamente esse o nosso grande erro hoje. Se tivéssemos acertado um desses quatro, cinco lances que tivemos para contra-atacar, com condições e possibilidade de escolher um lado ou outro... Acabamos errando. Inclusive fomos penalizados por isso. A gente com mais gente na área, o Bruno Silva foi competente e acabou concluindo em gol. Uma pena, porque já estava no fim do jogo - analisou Preto Casagrande.

Do outro lado, o Botafogo teve mais posse de bola (o jogo terminou 60% a 40% para os visitantes) e controlou o jogo no primeiro e no segundo tempo. Algo que até deveria causar desconforto, uma vez que a equipe carioca não tem por característica atuar dessa forma. Mas, diferente dos mandantes, o Alvinegro soube se adaptar ao que o jogo pedia e mostrou repertório na construção de jogadas.

Talvez o melhor momento de lucidez do Bahia tenha sido nos primeiros minutos do confronto, logo após empatar a partida. Àquela altura, o Botafogo tinha mais posse de bola, e o Tricolor encontrava dificuldade para responder as investidas. Assim que o Alvinegro marcou, os mandantes se viram obrigados a sair mais e, para sua felicidade, conseguiram empatar três minutos depois. Era tudo que o time precisava. Empate rápido e torcida inflamada. De cara, o gol fez o Bahia aumentar a pressão sobre o Botafogo, mas, aos poucos, o time foi cedendo ao modo cadenciado de jogar dos rivais. A intensidade que muitas vezes foi característica do time na Fonte Nova durou poucos minutos.

No segundo tempo, o panorama se repetiu. O Bahia teve até mais campo nas suas jogadas em velocidade, mas novamente fez escolhas ruins. Nesse ponto, também contribuíram negativamente algumas atuações individuais: Mendoza, Régis e Rodrigão. Renê Júnior foi uma das exceções no jogo e teve atuação segura.
No dia em que se encerra o prazo para definição da situação do técnico interino Preto Casagrande no Bahia, fica uma impressão ruim. Resta saber como a diretoria do Bahia vai lidar com essa situação. Tempo para decidir houve bastante e ainda haverá, já que o Bahia só volta a jogar no dia 11 de agosto, contra o Atlético-GO.

Fonte: Globo Esporte