Postado por - Heitor Montes

Com apenas 15 jogos no ano, Nilton engata sequência como titular

O volante Nilton demorou bastante a engrenar com a camisa do Bahia. Uma das principais contratações do Tricolor para a temporada, o experiente jogador de 31 anos, bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro, chegou para ser titular absoluto do meio campo, mas, nos primeiros nove meses, mal jogou e ficou atrás de todos os outros volantes do elenco. Porém, agora em outubro, o volante conseguiu uma boa sequência de jogos, muito por conta de uma das suas grandes qualidades: a bola aérea.

Dá para se perceber como Nilton foi preterido pelo baixo número de jogos que ele fez em 2018: o volante jogou apenas 15 das 65 partidas do Bahia na temporada (23% dos jogos), sendo que apenas 10 foi como titular. Entre os outros volantes, Gregore fez 54 jogos, Elton fez 51 e Flávio atuou 32 vezes.

Porém, outubro foi o mês divisor de águas para o jogador. Se o volante atuou apenas uma vez em setembro, neste mês, ele jogou nos quatro jogos do Tricolor, sendo três como titular. Como Elton se recupera de lesão, Nilton vem disputando posição com Flávio e parece, hoje, estar à frente na disputa.

Com grande poder de marcação e boa imposição física, Nilton ajuda a equipe com uma boa proteção da área na bola parada. Jogador de alto, de 1,85m, ele ajudou a melhorar a bola aérea defensiva do Bahia. Na partida contra o Botafogo, no último sábado (20), ele conseguiu ganhar duelos pelo alto.

Em entrevista ao site Globo Esporte, Nilton falou sobre a sua facilidade na bola aérea e disse ter a total confiança do técnico Enderson Moreira no quesito:

Eu tinha que ajudar em algum quesito. O quesito bola parada sempre foi um forte, o cabeceio, a imposição, isso sempre me ajudou. E eu tenho essa facilidade de pegar ela sempre no ponto mais alto, que é onde você consegue ganhar a maioria dos duelos. Às vezes até brincava no Cruzeiro, o próprio Dedé também: “Dedé, a gente vai passar por cima dos caras”. E hoje eu quero ter a oportunidade de jogar contra o Dedé para poder ter essa disputa sadia, bacana. Enderson sempre fala: “Olha, jogada aérea, busca o Nilton. E deixa um buraco, porque é o Nilton que vai subir, e ele vai ganhar”.

Nilton ainda completou:

E hoje as equipes também acabam ficando meio precavidas, fazendo uma marcação mais forte. Até contra o próprio Botafogo agora, acabaram fazendo marcação um pouco meio individual. Um pegava a bola, o outro ficava me segurando. Mas, mesmo assim, eu conseguia ganhar a maioria das vezes as jogadas. Eu espero que possa estar saindo gol, porque eu estou procurando, batalhando para poder tirar um pouco esse peso das minhas costas

Nilton ainda não marcou com a camisa do Bahia, mas já deu a sua contribuição ofensiva. No empate com o Grêmio, após cobrança de lateral na área feita por Léo, ele desviou a bola de cabeça, dando assistência para a conclusão certeira de Élber.

Além da questão da bola aérea, Nilton falou sobre a sua dupla com Gregore. Os dois jogadores tem características parecidas, com grande imposição física e força na marcação.

Nilton lembrou que a principal função do volante é marcar e disse que sempre conversa com o seu parceiro na posição para combinar o revezamento entre quem ataca e quem defende:

Eu digo para o Gregore que a nossa função, a gente tem primeiro é que marcar. Não importa. Primeiro, segundo volante... Não. A gente tem que marcar, tem que pegar, dar tranquilidade para o setor defensivo, da zaga. O setor defensivo começa da gente. Eu digo que a gente é o coração da equipe, porque a gente vai ter que dar o nosso máximo sempre, até a última gota. É o que está acontecendo. Nisso, eu digo: “Gregore, você tem uma vitalidade muito grande, você é muito forte, consegue fazer esse bate e volta com muita facilidade. Vamos fazer o seguinte? Você vai, em alguns momentos, e eu seguro aqui na parte defensiva. E, depois, quando você sentir que abafou, eu vou fazer o mesmo movimento”.

Nilton completou:

É bacana você ter esse diálogo, deixar o cara à vontade. E ele também falou assim: “Nilton, fiquei muito à vontade neste sentido de a gente estar tendo esse diálogo para poder não ter uma sobrecarga, me deixar só marcando, marcando”. Chega um momento em que ele tem também esse potencial de poder sair. Para poder armar uma jogada, uma profundidade. A gente tem que ter esse diálogo. O que for para agregar ao Bahia a gente tem que fazer da melhor maneira possível. Eu sendo primeiro ou o segundo, ele sendo o primeiro ou sendo o segundo, não importa. A gente fazendo bem o papel de marcação, as coisas vão fluir e acontecer da melhor maneira possível.

Nilton poderá ser titular nesta quarta-feira (24), quando o Bahia enfrenta o Atlético-PR no jogo de ida das quartas de final da Copa Sul-Americana. Porém, o volante briga por posição com Elton, que se recuperou de lesão, e Flávio, que pode ser escalado caso Enderson Moreira queira um time mais leve.