Nesta terça-feira (27), ocorreu, no Tribunal de Justiça Desportiva da Bahia (TJD-BA), o julgamento dos envolvidos na confusão do Ba-Vi do último dia 18 de fevereiro, pelo Campeonato Baiano. A sessão se iniciou no final da tarde e durou cerca de quatro horas.
A equipe do Vitória foi multada em R$ 100 mil, porém uma possível exclusão do Campeonato Baiano, culminando no rebaixamento para a segunda divisão do estadual, previstos no Artigo 205 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e no Artigo 69 do Código Disciplinar da Fifa, acabaram sendo descartados pela 1ª Comissão Disciplinar.
Entre os jogadores envolvidos na briga, o que sofreu a maior pena foi o zagueiro Kanu, que foi suspenso por 10 jogos no estadual. Também denunciados por agressão, Denilson, Yago, Rhayner, do Vitória, além de Edson e Rodrigo Becão, do Bahia, pegaram oito jogos de suspensão. O meia Vinícius, do Bahia, levou duas partidas, por supostamente ter provocado torcedores rivais ao comemorar seu gol.
Vagner Mancini, Ramon, Bruno Bispo, André Lima e Mário Silva, todos do Vitória, foram absolvidos da denúncia de ter provocado o fim da partida deliberadamente. O Ba-Vi terminou aos 34 minutos do segundo tempo após a expulsão do zagueiro Bruno Bispo, o que deixou o Vitória com apenas seis atletas em campo, número insuficiente.
Punições
Vitória
Por envolvimento na briga:
Kanu: suspenso por 10 jogos do Campeonato Baiano; absolvido da acusação de ameaça.
Denilson: suspenso por oito jogos do Campeonato Baiano.
Rhayner: suspenso por oito jogos do Campeonato Baiano.
Yago: suspenso por oito jogos do Campeonato Baiano.
Fernando Miguel: absolvido.
Por encerrar a partida deliberadamente:
Ramon: absolvido.
André Lima: absolvido.
Vagner Mancini: absolvido.
Mário Silva: absolvido.
Bruno Bispo: absolvido.
Bahia
Por envolvimento na briga:
Edson: suspenso por oito jogos do Campeonato Baiano.
Rodrigo Becão: suspenso por oito jogos do Campeonato Baiano.
Lucas Fonseca: absolvido.
Vinícius: suspenso por dois jogos do Campeonato Baiano.
Vagner Mancini, treinador do Vitória, durante seu julgamento, negou novamente que tenha falado com Ramon instruindo Bruno Bispo a forçar o seu segundo cartão amarelo. O treinador disse que a conversa com o seu zagueiro foi pedindo para o time ganhar tempo em campo:
O que aconteceu, o que tenho visto pelas imagens, no momento faço sinal para o Fernando e ele cai. Falo com Ramon sobre tempo de jogo e a necessidade do Fernando ganhar tempo na partida. Tinha três substituições. O Ramon vai até ele e conversa com ele. Fernando levanta na hora. Era para ganhar tempo inteligentemente. O diálogo entre eu e Ramon é este. Tudo o que está sendo mostrado não condiz com a verdade.
No entanto, o treinador disse não se lembrar exatamente da frase que dita a Ramon.
[A frase] Exata é difícil. Passo informações ao longo do jogo. Recentemente vi uma pesquisa que o atleta toma duas mil decisões em 90 minutos. Faço parte do jogo. Não é fácil precisar. Mas com certeza não foi “pede para o Bruno tomar o segundo amarelo”.
O procurador Ruy João declarou que entrará com um recurso para tentar aumentar a pena dos denunciados. Ele disse ter ficado insatisfeito com a absolvição de Mancini, Bruno Bispo, Ramon, Mário Silva e do Vitória:
As penas foram muito leves, que não representam o anseio nem da Procuradoria nem da sociedade e muito menos de desportistas que gozam de respeito e que procuram buscar a ética no futebol. (...) É uma decorrência de lei. A exclusão é necessária, porque assim determina a lei. Não se pode admitir casuísmos em julgamentos dessa natureza. E foi o que ocorreu aqui neste tribunal. Nesta comissão
Vitor Ferraz, vice-presidente do Bahia, esteve no julgamento e criticou a decisão da 1ª Comissão Disciplinar:
A mensagem que o TJD passa para a sociedade esportiva. Não se pode admitir jamais que aquilo que é mais sagrado no esporte, que é justamente o fairplay, o espírito competitivo, o jogo limpo, seja maculado e não tenha uma punição à altura. A mensagem é, sim, de reflexão
As suspensões são válidas apenas para o Campeonato Baiano. Se alguma das partes entrar com recurso, um novo julgamento será marcado, com a pauta sendo avaliada pelo pleno do TJD-BA. A previsão é que uma sessão ocorra no dia 13 de março.
