Postado por - Heitor Montes

Em coletiva, Guto Ferreira cita derrota para o Paraná para falar de motivação contra o Galícia

A pergunta era sobre o Galícia, adversário do Bahia neste sábado, jogo válido pela 8ª rodada do Campeonato Baiano. Em entrevista coletiva concedida na tarde desta sexta-feira, o técnico Guto Ferreira explicava o que era necessário para vencer o lanterna da competição, mas aproveitou para fazer uma análise sobre a derrota e eliminação para o Paraná, na Copa do Brasil.

Conhecido por suas analogias e respostas extensas, o treinador tricolor usou o termo “doping positivo” para se referir à motivação extra que alguns adversários ganham quando estimulados com declarações polêmicas ou determinados enquadramentos dados pela imprensa.

- Respeito, mas imposição. Assim como a torcida, eu também quero imposição. O grande problema do todo se chama expectativa. Quando se cria uma expectativa muito grande, você gera uma pressão desnecessária. E ao mesmo tempo você falta com o respeito ao adversário, que pega essa situação na mídia e gera uma motivação extra, uma gasolina para eles. Aconteceu lá no Paraná. Da maneira como foi colocado, o Bahia, que não tinha nada a ver com a situação, o Bahia que foi colocado já com problemas sérios no primeiro jogo, e por isso não entrou em campo. Não que isso foi o motivo. O motivo é que não fomos competitivos para vencer a partida. Mas eles estavam com um "doping positivo", um doping psicológico, que era a situação do dirigente da CBF ter colocado o Bahia já na próxima fase. E isso eu também uso. Então, muitas vezes, a mídia acaba botando um nível de responsabilidade e você acaba pegando... Não é o time do Bahia e o adversário que pegam. A mídia, na condição de promover a partida, acaba gerando fala, e essas falas acabam gerando doping para as equipes. Doping no bom sentido, porque doping é uma palavra muito ruim. Um estimulante. Quando você quer se superar, e o poder da mente é muito forte. Da maneira como é conduzida a situação, você coloca o favorito em zona de favorito, porque você está falando que ele é muito superior, e naturalmente você entra em zona de conforto. E estimula o outro. No final, se você não tiver atenção, o que é que acontece? Zebra – avaliou o treinador.

Guto, então, voltou ao ponto de partida e pregou atenção contra o Galícia, lembrando da dificuldade que o Grandeiro impôs quando enfrentou o Vitória, que venceu por 1 a 0 na ocasião.

- Muitas vezes o resultado é conquistado assim, então temos que ter muita atenção, independente do campeonato que eles façam. Até porque, recentemente, perderam de 1 a 0 para o líder, e em uma situação muito questionada. Botaram todo mundo lá atrás, o líder não conseguiu romper as linhas e, em uma única vez, conseguiu fazer o gol. E aí vem o questionamento. Porque se julga não o quanto você está jogando, o quanto de chances que você tem, mas o quanto de bolas você coloca no triângulo lá. E muitas vezes você está com o volume altíssimo, mas a bola não está entrando. De alguma maneira, ou você está errando, ou eles estão impedindo de entrar. E aí? Você menosprezou o adversário? Faltou competência? Ou foi virtude da outra equipe que se superou? Tem muito disso também. A análise é muito subjetiva. Teoricamente, teria que ser assim. Mas na prática nem sempre é assim. Temos que nos cuidar o máximo, estar muito focado, encarar o jogo com a maior responsabilidade, e dentro dessa situação, conseguir o triunfo que nos leva à vice-liderança – concluiu Guto Ferreira.

A partida entre Bahia e Galícia está marcada para este sábado, às 18h30 (horário de Brasília), na Arena Fonte Nova. A partida terá cobertura em Tempo Real, com vídeos, pelo GloboEsporte.com.

Confira abaixo outros trechos da coletiva de Guto Ferreira:

Sobre o rodízio

- O que a pessoa tem que entender é que, com os calendários, o alto nível de competitividade. O tal do... [Rodízio] Chame como quiser, vai continuar existindo de alguma maneira, mas de forma menos acentuada. Não como a gente fazia de tirar uma equipe toda, outra equipe, um banco diferente, mas vão existir trocas, substituições. À medida que o cara faça duas, três, quatro partidas no máximo, daqui a pouco numa delas ele fatalmente vai sair, as vezes vão sair dois, três, quatro, e daqui a pouco, dependendo da situação, da importância do próximo jogo, daquele jogo, pode sair uma equipe toda também. O importante é que o Bahia consiga um nível de equilíbrio que o permita ser competitivo em cada partida que ele entrar. Logicamente para vencer. “Ah, mas não está conseguindo vencer todas”. Mas, dentro do equilíbrio, a competição principal nós estamos atingindo o objetivo, e na outra, dentro da fase que estamos jogando, embora a gente não carregue privilégios para a fase final, estamos conseguindo o objetivo para classificar. Então, diante da situação, a gente vai conduzindo. E é importante que temos conseguido treinar, fazer com que todos tenham um nível de importância e gerando competitividade dentro do grupo. À medida que o máximo de jogadores possível se sente importante, eles vão trabalhar para jogar. E à medida que tenha oportunidade e cresça, ele incomoda quem está jogando e que vai ter que crescer também senão perde espaço. E aí crescem as individualidades que permitem que o todo cresça também. Não é poupar. É fazer todo mundo importante, dar ritmo a todo mundo e fazer com que, mais do que poupar, evitar lesão, que aquele que vá para dentro do campo consiga estar numa situação de qualidade melhor possível para ele, individual. Como a gente fala de tanque cheio, bom ritmo, consciência alta. Mas isso não aconteceu contra o Paraná. Mas a gente busca isso. A gente não foi feliz ali, a gente assume. Mas é vida que segue e não adianta ficar chorando isso aí. Temos que nos preocupar, e essa partida trouxe ensinamentos no grupo daqui para frente. E que a gente, nas próximas vezes, minimize ao máximo os erros, e acertar mais do que errar. E que esses acertos nos tragam os triunfos.

Considerações sobre a torcida

- O torcedor do Bahia, nesse perfil de jogo, não se faz tão presente. Também gosta de jogos contra grandes camisas. Não estou dizendo que o Galícia é uma camisa pequena. Dentro do estado, é uma camisa grande, um clube que tem títulos no currículo. Mas estou falando de Campeonato Brasileiro, esse perfil de jogo. Nós temos que respeitar o Galícia, indiferente de os torcedores estarem ou não presentes. E os torcedores que estiverem lá, que possam sair felizes da Arena, e a gente possa desempenhar um grande jogo.

Fonte: Globo Esporte