Postado por - Heitor Montes

Guto Ferreira exalta maturidade do Bahia em triunfo diante do Brasil de Pelotas

Tricolor vence a equipe gaúcha por 1 a 0 e alcança o G-4, mas ainda pode perder posições com o complemento da rodada. Wesley Natã marcou o gol do Bahia

Maturidade. Essa foi a palavra a qual o técnico Guto Ferreira se apegou para definir a atuação do Bahia no triunfo por 1 a 0 diante do Brasil de Pelotas, em partida disputada na noite desta sexta-feira, na Arena Fonte Nova. O gol marcado pelo atacante Wesley Natã coloca a equipe provisoriamente na 3ª colocação – o Tricolor precisa torcer por tropeços de Avaí, Náutico e Londrina para permanecer no G-4.

De acordo com o treinador do Bahia, em entrevista concedida logo após o duelo, a equipe teve capacidade de trabalhar a bola e controlar a partida mesmo após estar com o marcador a seu favor.

Maturidade [foi o que mais me agradou]. A maturidade que a equipe mostrou numa partida dificílima. A minha equipe hoje me agradou nesse aspecto e esperamos que amadureça mais e mais. Ela soube, mesmo depois de ter feito o gol, controlar o adversário sem permitir que criassem oportunidades de gol. Soube trabalhar a bola, soube usar os espaços, não parou de agredir, criou situações. Teve um volume de jogo bastante interessante. Foi o que mais me agradou. Tirando a minha equipe, o que me agradou foi a torcida, fantástica, sem comentários. Muito obrigado, torcedor

Embora o Bahia tenha ditado o ritmo da partida, o Brasil de Pelotas, com uma marcação muito bem executada, foi um adversário duro. Para Guto Ferreira, junto com o duelo contra o Vasco, vencido pelo Tricolor por 1 a 0, esse foi o adversário mais complicado que o Bahia enfrentou desde que ele assumiu o clube.

Partidas características como essas, teve a contra o Vasco, que foi parecida. Talvez o Vasco com uma qualidade ofensiva maior. E essa equipe com poderio defensivo e jogo de força maior. Cada um dentro da sua característica. O Rogério é um grande treinador. Não é à toa que está todo esse tempo no Brasil e que conduziu o Brasil da Segunda Divisão do Rio Grande do Sul à Série B do Brasileiro. Quem viveu no Rio Grande do Sul, como eu, que vivi 13 anos lá, sabe da grandeza desse clube. Eu nunca trabalhei ali, mas todas as equipes que têm a força dessa torcida que tem o Brasil me agradam. A gente fica fã, eu sou fã da equipe do Brasil. Principalmente, porque, guardadas as devidas proporções, ela reproduz a febre, o calor da torcida do Bahia. A torcida do Bahia é fantástica. Multiplicando quantidade. Hoje foi de arrepiar

O Bahia, que chegou aos 48 pontos, tem agora pela frente o Oeste, fora de casa, onde a equipe não tem tido bom desempenho. O jogo acontece no próximo sábado, às 16h20 (horário de Brasília), na Arena Barueri.

Confira outros trechos da coletiva de Guto Ferreira.

MUDANÇAS DURANTE O JOGO

Modificações, todas elas por questões muito mais físicas do que táticas. A saída do Moisés, logo no início, por questão física. De novo, o Tinga muito bem. Entrada do Victor Rangel no lugar do Wesley Natã, que a gente já previa. Hoje o Wesley conseguiu jogar alguns minutos a mais. Isso aí, até que ele encontre o ritmo dos 90 minutos, vai ser uma carta um tanto marcada. Mas acho que, tanto ele quanto a gente, está sendo feliz nessa parceria, de colocá-lo dentro de campo, uma vitória com um gol dele, na felicidade, gol no oportunismo, na fé de acreditar na jogada de rebote e conferir. Victor Rangel para manter estatura e qualidade de jogo aéreo defensivo, principalmente. Nossa equipe, antes, sempre tinha dificuldade do quinto homem ter a questão da estatura mais baixa. A gente era obrigado a estar defendendo com o Juninho, que tem 1,73m, 1,74m. Muitas vezes o Juninho marcando um jogador de 1,83, 1,84m. E, à medida que a gente usa o Wesley, o Victor Rangel, a gente consegue equilibrar com cinco jogadores acima de 1,80m. Queira ou não queira, a disputa de jogada defensiva fica mais equilibrada. E o Cajá está num momento que já estava no limite, e o Régis entrou muito bem, conseguiu ajudar defensivamente e fazer jogadas bastante expressivas em termos de ataque, com situações muito importantes em termos de gol. O gol não saiu, mas as jogadas aconteceram. Em cada jogada que acontecia, mexia mentalmente com a zaga adversária e com o sistema defensivo adversário. O jogo é emocional o tempo todo. Cada vez que você cria uma situação de gol, você afeta emocionalmente o adversário. O adversário tem que ter muito equilíbrio, a equipe deles é muito experiente. Mas, queira ou não queira, ela fica mais precavida e não se atira tanto. Quando a equipe começa a perceber que o adversário não tem força, começa a se atirar. E começa a ser mais agressiva e mais ofensiva. Graças a essas estocadas que não resultaram em gol, elas conseguiram segurar o Brasil com um ímpeto ofensivo mais calmo.

QUANDO VALE TOMAR O CARTÃO?

Faz parte. Entre correr risco de tomar gol e de tomar amarelo, prefiro que tome o amarelo. Não podemos em hipótese alguma tomar gol. Nesse papel hoje, Hernane tomou o terceiro, e mesmo estando com o amarelo, fez duas ou três recuperadas de bola sem fazer a falta, correndo risco e impedindo o contra-ataque do adversário. Prefiro que tome o terceiro, se for para correr o risco. Se puder não tomar, melhor. O que não pode é tomar cinco ou seis no mesmo jogo. Mesmo tendo um grupo forte, três ou quatro você consegue manter o mesmo ritmo. Mais que isso não.

EFICIÊNCIA NO ATAQUE

Independente de ser o ataque que eu quero ou não, isso não é o mais importante. É o ataque que está dando resultado. Vou aproveitar a situação. Importante que ele esteja crescendo. Importante que tenhamos Misael, Vitor Rangel, Régis, que tenhamos peças que possam nos ajudar e ajudar muito, e que todos aqueles que estão comprometidos possam dar respostas importantes como esses estão dando.

ENERGIA DAS ARQUIBANCADAS

Não é o adversário que sente [a pressão da torcida]. Quem sente é o seu jogador. A energia passa para você. Com esse incentivo, com essa energia, se você faria os 100 metros em dez segundos, você vai fazer em 9 e alguma ciosa. Você fica pilhado sem perder o equilíbrio. Se o jogador não tem o nível de experiência grande, aí sim ele fica afetado. Se você se acostuma a esse som alto, você passa a comunicação de maneira que os jogadores conseguem se orientar. Quem não está acostumado tem sua comunicação afetada. Hora ou outra, vai ter jogador entrando no costado, a comunicação não ocorre, e você é afetado porque não conseguiu passar a comunicação. Tem uma série de coisas que afetam, mas principalmente o lado positivo.

Fonte: Globo Esporte