Postado por - Heitor Montes

Insatisfeito com desempenho em 2016, Guto Ferreira pede Bahia equilibrado e insinuante

O Bahia iniciou sua pré-temporada na tarde desta segunda-feira, no CT do Fazendão, visando o longo calendário de 2017

Ainda sem todos os reforços prometidos pela diretoria, o técnico Guto Ferreira começa a montar o time que tentará os títulos do Campeonato Baiano e da Copa do Nordeste, mas ressalta: a equipe só ganhará forma “do meio das primeiras competições em diante”.

Em entrevista ao Metro1, Guto confessou que a equipe de 2016 não jogava do jeito que ele gostaria, e que o principal objetivo na temporada será proporcionar um futebol de melhor qualidade. Além disso, o técnico tricolor explicou a contratação do colombiano Pablo Armero e deu detalhes de sua passagem pela Alemanha. Confira:

O que esperar do Bahia em 2017

Todo trabalho de continuidade, quando existe um resultado final e esse resultado não foi de um desgaste muito grande, a tendência é você elevar o nível de um atleta que já está adaptado ao seu modelo de trabalho. Esse é meu objetivo: elevar o nível técnico e a competitividade da equipe, jogando um futebol mais qualificado. Conquistamos o resultado, que era o acesso, mas não era uma equipe equilibrada e insinuante que a gente buscava. Para isso, a direção está procurando também reforçar o grupo.

A busca por reforços

Numa primeira lista que fizemos, pela concorrência, pela dificuldade de mercado, principalmente o mercado externo, atingimos um percentual muito baixo. Numa segunda e numa terceira lista, estamos conseguindo enxergar alguns jogadores que são qualificados, mas que de repente não estariam num estágio que os da primeira lista estariam. Não é desculpa, mas só para daqui a pouco não se criar uma expectativa tamanha de que temos obrigação de começar atropelando todo mundo. É um trabalho evolutivo e que teremos que ultrapassar muitas etapas.

Contratação de Pablo Armero

Cara, não podemos esquecer que o Armero é um jogador que já está há um bom tempo na Europa. Ele participou de uma seleção (Colômbia) que foi sensação nas Eliminatórias e na Copa do Mundo de 2014 teve um bom desempenho também. É um jogador que amadureceu muito na composição da primeira linha de quatro, e mesmo com 30 anos tem um bom nível de força. Talvez possa apresentar algum tipo de dificuldade no início por não estar jogando rotineiramente, mas nosso grupo há um mês também não vem jogando, o que o possibilita crescer junto com o grupo. A gente espera que ele possa jogar o melhor dele. Com a maturidade que ele tem, pode ser muito efetivo. Experiência e qualidade ele tem.

Mais quantos reforços para começar a temporada?

A gente teria que ter, neste início de temporada, além das renovações, mais quatro reforços além do Armero. Vamos esperar para ver, pois precisam ser peças certeiras. Com as renovações e os jogadores que já estavam, temos uma equipe de partida. Mesmo tendo essa equipe de partida, ainda teremos um plantel curto para muitas competições. Além de qualidade, precisamos ter uma certa quantidade, para que não aconteça o que aconteceu esse ano: o time vai cair de produção, se arrastar e não irá se saber o porquê. Tem que ter qualidade e quantidade, e daí é que entram alguns meninos da base que serão trabalhados, testados, e que podem ser opções importantes. Dentro dessa filosofia, vamos tentar terminar o estadual e a Copa do Nordeste de uma forma qualificada, trilhando uma campanha vencedora. Quem trabalha no Bahia tem que sempre pensar em vencer.

Pré-temporada nos Estados Unidos

É uma viagem que é preciso esquecer um Bahia competitivo. O Bahia terá menos de três dias de trabalho, e já vai entrar em campo contra um time em meio de temporada (Wolfsburg), sendo que ainda estamos em formação. O Estudiantes também está em meio de temporada, montado e entre os primeiros do Campeonato Argentino. Teremos duas baitas 'pedreiras', com um time que ainda nem se sabe como irá se estruturar. Pode haver uma catástrofe? Pode, mas não podemos nos desesperar. O Bahia que temos como objetivo vai surgir do meio das primeiras competições em diante, quando conseguir alcançar um nível de ‘treinabilidade’ e de formação até começar bem o Campeonato Brasileiro.

Evolução da equipe na temporada

Não dizendo que o Campeonato Baiano e a Copa do Nordeste são fáceis, mas teoricamente é mais fácil que o Campeonato Brasileiro, que é onde temos que chegar com força. Mas só chegaremos com força se estivermos fortes nestas duas competições teoricamente mais fracas. Para isso, temos que fazer boas competições, traçar metas, fortalecer, se equilibrar, sermos competitivos dentro da obrigação que o Bahia tem de buscar sempre o triunfo.

Mergulho na Bundesliga

Foi um período muito produtivo. Além dos jogos, pude acompanhar treinamentos. A estrutura do Bayern é fantástica. É claro que é questão de adptação, pois nem tudo você consegue aplicar do mesmo jeito por uma série de questões, mas os elementos táticos e alguns treinos são muito interessantes. O Hoffenheim tem uma atividade, acho que você já deve ter visto no Youtube, em que o jogador tem que acertar gols acesos por luzes (footbonaut). Exige muita agilidade do atleta. É algo fantástico. Você tira muitas lições que podem ser usadas no seu trabalho.

Técnicos 'boleiros' x treinadores estudiosos

Eu já falei sobre isso, respeito as opiniões contrárias, mas tenho minhas convicções. Eu acho que profissionais com esse perfil devem saber onde começa e onde termina o trabalho deles. Eles são competentes, porque se não fossem, não teriam resultado. Porém, o trabalho de construção começa num estágio e vai galgando etapas até chegar ao estágio final. Deus queira que todos eles tenham trabalhos vencedores.

O fato de não ter jogado não me atrapalha em nada. Não joguei profissionalmente, mas também fui atleta. Tenho do meu lado dois profissionais que têm bagagem de ex-jogadores e que me dão credibilidade para trilhar o caminho correto. O que define a carreira de um treinador não é de onde ele veio, mas sim o nível de conhecimento, experiência, liderança, e do quanto ele é capacitado para conduzir um trabalho do início ao fim.

O que se debate muitas vezes na mídia é algo muito superficial. Se foi jogador, é capacitado; se não foi jogador, não é capaz. Se estuda, é capacitado; se não estuda, não é. Não é só isso. O trabalho de um treinador tem tantas nuances que na maioria das vezes as pessoas avaliam apenas o resultado final. Cada um segue o seu caminho, mas eu prefiro seguir o caminho do estudo. Não vou entrar em zona de conforto nunca, e assim vou estar sempre buscando algo diferente para me manter no topo.

Fonte: Metro1