Postado por - Newton Duarte

Clubes do Brasileirão só têm patrocínio de estatal ou por 'amor'

No Brasileirão, clubes só têm patrocínio de estatal ou por 'amor'

A Caixa Econômica Federal domina o mercado brasileiro atualmente

A dificuldade de encontrar um patrocinador tem se tornado um dos maiores desafios dos departamentos de marketing dos clubes. Faltando dois meses para acabar o ano, na reta final do Brasileiro, pelo menos sete dos 20 times da primeira divisão estão sem contratos. Entre os demais, o apoio tem origem em estatais ou torcedores apaixonados, na linha de frente de grandes empresas.

A Caixa Econômica Federal, por exemplo, está em seis clubes da Série A - Vitória, Corinthians, Atlético-PR, Coritiba, Figueirense, Flamengo, enquanto o Banrisul, também estatal, estampa a sua marca em outros dois, Grêmio e Internacional.

A Unimed Rio caminha no outro sentido, com o seu presidente e espécie de 'mecenas' Celso Barros por trás do investimentos do Fluminense, seu clube de coração. Em menor escala, a mesma relação é mantida pelo empresário Neville Proa, dono das marcas Guaraviton e Guaravita, com o Botafogo. O banco BMG, de Ricardo Guimarães, e o Atlético-MG também contam com o fator afetivo no patrocínio.

Um estudo do banco Itaú, divulgado nesta semana, escancara o tamanho da crise no setor. Em 2009, considerando os 20 da Série A, mais Vasco, Ponte Preta e Portuguesa, eram 18 as empresas que se interessavam em fazer parte do futebol na propriedade mais valorizada do uniforme. Agora, são apenas oito, menos da metade, portanto.

Os times paulistas são os que mais estão sofrendo com o problema. São Paulo, Santos e Palmeiras não contam hoje com patrocinadores masters, embora estejam no mercado, mas sem encontrar propostas interessantes. O ex-clube de Neymar enfrenta um drama, amargando praticamente dois anos sem parceiros. Enquanto isso, o trio vive de acordos pontuais, fechando com uma empresa diferente a cada rodada.

Eles próprios admitem que a atual estratégia tende apenas a desvalorizar ainda mais os espaços mais privilegiados de suas camisas.

Não raramente, entre equipes mais modestas, virou cena recorrente acompanhar o peito de suas camisetas ocupado por empresas menores em troca, na maioria das vezes, de permutas que incluem desde produtos para suas categorias de base a descontos para seus sócios-torcedores.

Uma das explicações para a situação dramática é a concentração de investimentos na Copa do Mundo. As grandes marcas que tinham dinheiro para se associarem ao futebol, destinaram todo o recurso para o Mundial, pelo fato de a edição ter sido realizada no Brasil. Na visão do Itaú, ainda segundo a pesquisa, o futebol vende muito, mas a questão da violência e da ausência de internacionalização acaba inibindo grandes aportes.

Apesar do momento ruim, ainda de acordo com o banco, que avaliou os balanços dos 23 clubes brasileiros, como citado acima, as receitas seguem aumentando. Em 2013, o valor foi de R$ 471 milhões, 14% a mais do que em 2012, quando foi de R$ 414 milhões.

As perspectivas são positivas para 2015, com a possibilidade de entrada de um novo personagem, o Banco do Nordeste, que, segundo apurado pelo ESPN, desenvolveu um estudo nesse sentido - a sua assessoria de imprensa nega. Enquanto isso, a busca é pelas certidões negativas para tentar se aproximar da Caixa.