Postado por - Newton Duarte

Consultores defendem planos técnico e financeiro no futebol

Consultores defendem planos técnico e financeiro no futebol

Eleição para novo presidente está marcada para 13 de dezembro

A profissionalização do futebol e o equilíbrio financeiro é discurso uníssono dos candidatos à presidência do Bahia. Tendo isso como ponto de partida, A TARDE procurou especialistas na área esportiva para apontar o passo a passo para melhorar os resultados do clube.

Gestores e consultores apontam que não existe modelo de gestão infalível, seja associativo, empresa ou misto. No entanto, eles afirmam que o equilíbrio entre arrecadação e despesas é indispensável para o funcionamento do clube, assim como a criação de planejamento técnico e financeiro.

O executivo de gestão esportiva da BDO, Pedro Daniel, alerta que a pressa por resultados não deve ditar o planejamento das agremiações. "O futebol é muito momentâneo, todo mundo tem pressa por resultados positivos. E, por conta disso, às vezes o clube contrata um jogador estrela, que pode não render o esperado e não levar o time pra frente. Daí o clube estoura o orçamento, tem que reestruturar o elenco, não tem rendimento, as marcas se afastam... É um ciclo vicioso".

Para ele, a primeira "lição de casa" é equacionar o caixa, fazer contratações que estejam dentro do orçamento do clube e criar ações de marketing voltadas para a torcida. "As ações de relacionamento servem para aproximar o torcedor do clube, mas, para que tenham sucesso, os dirigentes devem conhecer bem o seu público. Não adianta vender produto premium se seu torcedor-consumidor é de classe D e E", ponderou.

Sucesso cíclico

Daniel diz que é complicado falar em sucesso a longo prazo, mas cita os casos do Corinthians e São Paulo como modelos de gestão competentes. "Existem ciclos vitoriosos, porque as gestões têm mandatos curtos, de três anos, e às vezes a equipe não se reelege. O Corinthians teve um bom ciclo de 2008 a 2012, quando passou por uma maré de vitórias e cresceu em receita. O São Paulo é um bom exemplo de um clube administrado como empresa", disse.

O relatório da Pluri Consultoria Esportiva, publicado em agosto deste ano, corrobora a tese do sucesso cíclico. "Às vezes os clubes têm sorte de contar com dirigentes não remunerados competentes, mas cedo ou tarde eles vão embora (só os ruins ficam tempo demais), e aí o problema volta a aparecer".

O documento ainda caracteriza o futebol brasileiro como amador, porque, diferente do europeu, mistura o esporte com política, que transforma em secundárias as reais necessidades dos clubes.

Para o presidente da ABEX e ex-diretor de futebol do Bahia, Ocimar Bolicenho, a solução só vem com profissionalização da gestão, tal qual uma empresa.

"A condição que o clube dá para o atleta e o departamento de futebol reflete diretamente no resultado em campo. É necessário ter eficiência nas contratações, seja de atletas até a comissão técnica e o departamento de futebol", disse. Ainda assim, ele não desmerece o "elemento sorte" para o sucesso.

Para Bolicenho, além do Corinthians, o campeão brasileiro Cruzeiro, o Internacional e o Flamengo são referências positivas de boas gestões. "O Flamengo está há três anos adotando uma política correta e deve colher os frutos daqui a pouco", previu.

Projetos dos candidatos para o time

Antônio Tillemont

Tenho um plano de gestão com propostas simples. Primeiramente, uma reforma geral, valorização da divisão de base, profissionalização da gestão, recuperação das finanças do clube, criação dos novos planos de sócios com mais de sete categorias, que iriam de R$ 10 a R$ 40 para favorecer o povo, recuperar imagem do clube no marketing e captar recursos, criação da fundação Esporte Clube Bahia, criação do programa Bahia Itinerante, criação do departamento de esportes olímpicos. O Bahia é grande e precisa pensar assim

Binha de S.Caetano

Vamos, primeiro, formar uma grande equipe no futebol brasileiro, e de imediato, retornar à Série A. A equipe que está por trás da nossa candidatura não permitiu divulgar nomes. Mas, quando isso acontecer, todos vão se surpreender. A Bahia vai parar. São pessoas que têm poder muito grande na vida profissional e financeira. Primeiro ponto é correr atrás de empresas para serem parceiras do Bahia, como bancos, fabricantes de refrigerante e outros que tem por aí. Precisamos profissionalizar o Bahia

Marcelo Sant’Ana

O Bahia não pode ser balcão de negócios. Tem que ser um clube gerido com profissionalismo. Temos a proposta de ter um diretor administrativo-financeiro, que cuidará da parte de patrimônio, finanças, controladoria. Um diretor de mercado responsável por marketing, comunicação, comercial e sócios. É preciso uma gerência exclusiva para sócios e embaixadas. E, claro, o diretor de futebol tem de ser responsável por essa nova mentalidade que valorize o planejamento, cumprimento de metas e respeite a base

Marco Costa

Para atingir seus objetivos e cumprir os anseios da sua imensa torcida, o Bahia deve adotar um modelo de gestão profissional e planejado, objetivando implantar uma filosofia de gestão típica para o clube. O Bahia tem que seguir uma linha virtuosa de investimento do Brand Value (valor da marca) e planejamento, com foco na marca, infraestrutura, consumidores e parceiros. Tal seguimento gerará novas receitas e controle orçamentário de custos, além de ampliação das receitas para formação da equipe

Nelsival Menezes

Temos o intuito de  colocar em curtíssimo prazo o futebol como prioridade, valorizar profissionais, modernizar estrutura, internacionalizar o curso e fazer parcerias com instituições universitárias. Teremos que melhorar o status da marca Bahia, que está muito desvalorizada, e depois fazer captação de recursos por meio de instituições credenciadas e órgãos do governo estadual. É necessário também, em curtíssimo, prazo montar uma equipe competitiva, buscar atletas que melhorem a qualidade técnica do time

Olavo Fonseca

Passar a entender o Bahia como uma instituição. E, sendo assim, uma empresa que precisa dar lucros. Qualquer empresa que tem um gestor com nova mentalidade é auditada em todos os processos. Vamos verificar a situação financeira, já trabalhar com captação de receitas, aplicar o nosso planejamento, que já está definido, e cumpri-lo. O Bahia terá uma gestão participativa, com comitês de notáveis em todas as áreas. Primordialmente em três setores: no futebol, jurídico e administração