Postado por - Newton Duarte

Operação abafa: Contrato desmente a CBF, FBF e o Vice

Caso Victor Ramos: contrato diz que acordo 'tem caráter internacional' e contradiz CBF

Carta Monterrey

Victor Ramos ainda segue registrado ao Palmeiras no sistema da FIFA - ECV

A novela Victor Ramos tem novo capítulo: o contrato de empréstimo do atleta do Monterrey para o Vitória afirma que o acordo "tem caráter internacional" e reconhece a Fifa como o "único organismo de disputa" em caso de possíveis controvérsias. O documento assinado pelos respectivos presidentes dos clubes foi obtido pelo ESPN.com.br e põe em dúvida a situação do atleta.

Na última sexta-feira, após mandado de garantia encaminhado pelo Bahia, o presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), Caio Cesar Rocha, afirmou, em decisão, que havia "indícios de burla ou ao menos inobservância de normas expressas e diretas da Fifa".

Mesmo com os seus direitos federativos presos ao Monterrey, a CBF insiste que se trata de uma transferência nacional.

Em defesa enviada ao STJD na última sexta-feira, também conseguida pela reportagem, o diretor de registros da entidade, Reynaldo Buzzoni, que teve o seu papel no caso contestado pelo Bahia, diz que "o que impressiona e chama a atenção é a total improcedência da pretensão do clube requerente".

Ele recorre aos advogados Álvaro Melo Filho, membro do Comitê de Reformas da CBF, e Luiz Felipe Santoro, representante do Corinthians, para respaldar a sua posição de que não foi feita uma transferência internacional em decorrência do fato de o ITC (certificado internacional de transferência) de Victor Ramos não ter deixado o Brasil ao fim de seu empréstimo ao Palmeiras, em 2015.

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Contrato de empréstimo de Victor Ramos do Monterrey para o Vitória - ESPN /Reprodução

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A cláusula oitava do acordo ratifica a transferência como internacional - ESPN /Reprodução

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Os clubes escolheram a FIfa para resolver qualquer eventual controvérsia - ESPN /Reprodução

Ao contrário do que pregava a entidade, o negócio foi feito do Monterrey para o Vitória e não envolveu o Palmeiras, que, em contato anterior com a reportagem, disse desconhecer o assunto e ter sido surpreendido com o detalhe do zagueiro ainda se encontrar vinculado ao clube no TMS (sistema de transferências da Fifa).

Na prática, sem o envio das informações do novo contrato para a entidade máxima do futebol, o acordo é considerado nulo, conforme o seu regulamento de transferências.

Em contato por telefone com o ESPN.com.br nesta segunda-feira, o departamento de comunicação da Fifa disse ainda estar investigando a situação e respondeu que não poderia se pronunciar.

Detentor dos direitos federativos de Victor Ramos, o Monterrey chegou a mencionar, em ofício para a federação mexicana, que havia solicitado uma autorização especial à Fifa para que o jogador "pudesse ser habilitado a ser transferido".

Em sua defesa, o diretor de registros da CBF, Reynaldo Buzzoni, não apresentou o documento. Procurado, o Monterrey preferiu não se manifestar. Enquanto que o Vitória, por sua vez, no período que antecedeu ao registro do defensor, disse que precisava da autorização, mas, com o imbróglio, voltou atrás posteriormente em seu discurso e passou a afirmar que não era mais necessário.

Carta Monterrey

Carta enviada pelo Monterrey à federação mexicana - ESPN /Reprodução

No documento de empréstimo, em sua cláusula oitava, fica estabelecido que "este contrato tem caráter internacional".

Para sustentar a sua argumentação, o Bahia recorreu, inclusive, ao advogado espanhol Juan de Dios Crespo, que fez a defesa de Luis Suárez pelo Barcelona no episódio da mordida no italiano Chielini na Copa-2014, para atuar no caso. Ele emitiu parecer que atesta a transferência de Victor Ramos como sendo internacional.

O atleta de 26 anos voltou a entrar em campo com a camiseta rubro-negra no fim de semana, no confronto de ida das semifinais do estadual entre Vitória e Juazeirense. Ele está relacionado para a estreia do clube na Copa do Brasil nesta semana.

O Flamengo de Guanambi, eliminado pelo time do Barradão nas quartas de final, teve o seu caso arquivado no TJD-BA, mas levou o assunto para a Fifa.

A CBF não respondeu, até o momento, as perguntas enviadas pela reportagem.