Postado por - Heitor Montes

Apenas um gol, perda da Copa do Nordeste e pouca eficiência: o primeiro mês de Enderson Moreira

Enderson Moreira já tem um mês como técnico do Bahia. Porém, seu trabalho ainda não engrenou: com resultados e apresentações ruins, ele já é alvo da pressão da torcida. Na última segunda-feira (16), o Tricolor foi derrotado pelo Vasco por 2 a 0, em São Januário, e quase perdeu uma classificação que era vista como certa para as quartas de final da Copa do Brasil. A atuação nessa partida é um retrato do Tricolor no último mês: pouca produção ofensiva, jogadores em má fase como titulares e uma apresentação que causa desconfiança sobre o futuro no resto da temporada.

Desde que Enderson Moreira chegou ao Bahia no dia 16 de junho, o Tricolor disputou cinco jogos, com um triunfo, dois empates e duas derrotas. Em 450 minutos de jogo, a equipe fez apenas um gol - na primeira partida do treinador, contra o Ceará. Na grande final da Copa do Nordeste, contra o Sampaio Corrêa, mesmo jogando em casa para mais de 40 mil torcedores, o Bahia não conseguiu criar boas jogadas de ataque e apelou para os cruzamentos na área, o que foge das características dos jogadores do time. Com isso, o Tricolor apenas empatou em 0 a 0 e perdeu o título regional para a equipe maranhense.

O jornalista Thiago Pereira, do site Globo Esporte, conseguiu elencar alguns problemas que vêm ocorrendo nos jogos do Bahia desde a chegada do Enderson Moreira e que causa essa baixa efetividade.

Em entrevistas coletivas após os jogos, Enderson Moreira lembrou das lesões em jogadores importantes, o que atrapalhou a produção ofensiva. Ao chegar no Bahia, o treinador tinha apenas Kayke (que vinha em má fase sendo pouco utilizado) e Geovane Itinga (sem experiência no time profissional) como atacantes de referência à disposição, já que Edigar Junio e Júnior Brumado estavam machucados. Já recuperados, os dois ainda procuram a melhor forma física. Contratado perto da pausa para a Copa do Mundo, o atacante Gilberto ainda não foi regularizado e não pôde estrear.

Porém, o problema do ataque tricolor vai além das lesões. Enderson Moreira ainda não conseguiu fazer com que a equipe tenha facilidade para triangular e chegar com qualidade ao último terço do campo. Uma das principais características do Bahia, a transição rápida, não é feita com a mesma qualidade. As jogadas não evoluem rapidamente, principalmente quando dependem dos zagueiros ou volantes, que mostram dificuldades para conseguir passes que furem a marcação adversária. Os meias e atacantes, quando não ficam sobrecarregados e são obrigados a voltar para buscar jogo, ficam encaixotados na marcação rival. Com isso, os laterais são a única alternativa para avançar e isso faz com que a equipe apenas cruze a bola para área para “ver o que acontece”.

Isso aconteceu contra o Sampaio Corrêa. No jogo contra o Vasco, o Bahia nem tentou atacar. Nas poucas vezes que conseguiu encaixar um contra-ataque, a bola ficou com Elton, que não teve velocidade para passar pelos zagueiros e chegar para concluir.

Desde a chegada de Enderson Moreira, o Bahia não vem aproveitando o que era o ponto forte da equipe: o fator casa. Nas duas partidas na Arena Fonte Nova, o Tricolor não conseguiu ser bem sucedido na marcação sob pressão para roubar a bola ainda no campo de ataque. O problema, anteriormente, era não conseguir aproveitar as muitas chances que a equipe criava em casa. Atualmente, o Tricolor não consegue nem chegar ao campo rival facilmente. A coisa piora quando se percebe que a equipe também continua mal como visitante.

Neste primeiro mês, o Bahia de Enderson Moreira variou entre os esquemas 4-2-3-1 e 4-1-4-1, sem conseguir repetir o time titular. Mena, que é lateral-esquerdo, vem atuando como meia, jogando desta forma em quatro das cinco partidas comandadas pelo técnico. Outra questão é a dúvida entre Vinícius e Régis entre os titulares. Vinícius foi titular contra o Vasco, mas Régis começou jogando nos quatro primeiros jogos do treinador.

O Bahia de Enderson Moreira, que não consegue empolgar com a bola rolando, tenta utilizar a bola parada para criar perigo. Na partida contra o Vasco, Vinícius, quando iria cobrar escanteios, sempre sinalizava com os braços a movimentação que a equipe deveria ter na grande área. Porém, nenhum dos três escanteios ensaiados teve efeito. Por outro lado, nos últimos cinco jogos, a equipe sofreu três gols de bola parada.

O Bahia agora terá uma maratona de jogos e Enderson Moreira não terá tempo para aprimorar a equipe nos treinos. A equipe precisa evoluir durante os jogos e isto precisa ser urgente, já que a equipe está na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Nesta quinta-feira (19), às 19h30, o Tricolor enfrenta a Chapecoense, na Arena Condá. Já no domingo (22), acontece o clássico Ba-Vi, que pode embalar a equipe ou criar uma crise ainda maior.