Postado por - Newton Duarte

Robson 'reabre as portas' para zagueiros formados na Base

Robson quebra período sem pratas da casa na zaga tricolor

Robson aponta para a torcida ao comemorar seu único gol - Fernando Amorim | Ag. A Tarde

O próprio Robson tem dificuldade para lembrar qual foi o último zagueiro revelado pelas categorias de base que, assim como ele, teve uma sequência como titular no Bahia. "Rapaz, alguém que jogou por um tempo assim é difícil... Lembro não", confessa.

Se até para o torcedor mais fanático tal lembrança também é algo difícil, imagine para o atleta de 21 anos, que está há apenas seis no Fazendão. "Realmente, acho que não teve ninguém. Pelo menos desde que eu estou no Bahia, né?", continua.

Para, enfim, matar a curiosidade dele e do torcedor: o último prata da casa a jogar na zaga foi Dudu, em 2012. Ele, porém, fez apenas um jogo. Para buscar alguém com uma sequência como titular, é preciso voltar oito anos: foi Eduardo Neto, que atuou durante quase toda a campanha da Série C de 2007.

Naquela época, Robson ainda morava em Itaguaçu, no Espírito Santo, e jogava pelos campinhos da cidade. Tinha 13 anos. Dois anos mais tarde, foi observado por um agente e trazido para teste no Fazendão, em que foi aprovado pelo técnico da base Édson Fabiano. Sua primeira e única peneira na vida. "Foi meu primeiro clube, a primeira vez que viajei para fora da minha cidade... Tudo de 'primeiro' pra mim aconteceu aqui", conta.

É por essa relação que Robson se considera mais um torcedor. Ele também diz nem se incomodar quando pensam que é baiano, e não capixaba. Segundo ele, a 'baianidade' já foi incorporada há muito tempo. "No acarajé, eu me viciei. Esse 'oxe' que o baiano fala toda hora também, eu falo sem nem sentir mais. Quando volto pra minha cidade, o pessoal fica dizendo que eu virei baiano de vez", brinca.

Nessa semana, a relação entre Robson, Salvador e o Bahia foi renovada por mais um ano e meio. O clube estendeu o contrato do zagueiro, que ia até o final deste mês, para o final do ano que vem. "Veio num bom momento. Tenho jogado, estou feliz, e agora terei mais tempo e condições de desenvolver meu trabalho", comemora. Nesta temporada, ele participou de 14 jogos, todos como titular, e marcou um gol: o primeiro da goleada de 6 a 0 sobre o Conquista, na final do Estadual.

Capitão de 'tudo'

Além de quebrar o jejum na defesa, Robson também é 'espécime rara' em outra área: com facilidade de se expressar e ar de xerife, foi capitão em todos os times da base. Só parou no profissional porque o dono do posto é ninguém menos que seu companheiro de zaga, Titi.

"Fabiano me deu a faixa logo que cheguei ao infantil, com 15 anos. Não perdi mais. Até no profissional já usei (no primeiro duelo com o Luverdense pela Copa do Brasil, com time misto)", lembra Robson. "Depois daquilo, o pessoal ficou me zoando, dizendo que fui capitão de tudo. Mas foi por um dia. O dono dela é Titi, ninguém esquece isso".

Quando fala do colega de zaga, Robson apresenta um misto entre amizade e admiração: "Titi brinca comigo, dizendo que posso ser o capitão 'dos meninos'. Diz que, quando tiver algum problema com eles, vai me chamar pra resolver", diz, se divertindo. "Ele brinca também que fico na cola dele. Mas é para aprender. Procuro me espelhar nele. Fico observando, vendo como ele conversa, como age em campo. É um grande líder".