O histórico de Ba-Vi's no Campeonato Brasileiro é marcado pelo equilíbrio. Em 26 clássicos disputados, o Vitória venceu nove; o Bahia, sete; e dez partidas terminaram empatadas. Neste domingo, às 16h (de Brasília), no Barradão, a dupla voltará a se enfrentar pela principal competição do país. Será o primeiro encontro na Série A desde 2014, quando os dois times amargaram a queda para a Segunda Divisão.
O rebaixamento, aliás, é novamente uma ameaça. Com dez pontos, o Bahia está na 17ª posição, logo acima do Vitória, que tem oito pontos e aparece em 18º, também na zona de degola. Para bater o rival, subir na tabela e respirar com mais tranquilidade, o Tricolor pode se inspirar no clássico de 1978, quando venceu o Ba-Vi válido pela 3ª fase do Campeonato Brasileiro por 4 a 0, maior goleada na história do clássico na Série A.
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O Bahia era treinado por Zezé Moreira e tinha uma dupla extremamente perigosa no setor ofensivo. Douglas e Beijoca eram as referências do time, que enfrentou o Vitória no dia 9 de julho com uma formação que contava com Luiz Antônio; Toninho, Zé Augusto, Sapatão e Edmílson; Washington, Baiaco e Altimar; Douglas, Jésum e Beijoca. O Rubro-Negro, comandado por Pinguela, entrou em campo com Gélson; Valdir, Edson, Darci Menezes e Jurandir; Joel Zanata, Mario e Sena; Joãozinho, Coquinho e Sivaldo.
Os quatro gols do Bahia foram marcados no primeiro tempo. Logo aos sete minutos, Edmílson cobrou falta na área, Gélson afastou mal e a bola acabou nos pés de Altimar, que arriscou uma cavadinha e encobriu o goleiro rubro-negro. O segundo gol veio dos pés de Beijoca. O atacante tabelou com Douglas aos 35 e chutou forte para estufar as redes da Fonte Nova. Três minutos depois, Altimar ampliou, ao aproveitar sobra de bola quase na pequena área. O lance gerou protestos por parte do Vitória, e Joãozinho acabou expulso por reclamação. No fim da primeira etapa, Toninho acertou belo chute de fora da área e encerrou a goelada.
- É difícil dizer que foi o gol mais bonito. Altimar, que marcou o primeiro, deixou os 56 mil e 683 torcedores presentes ao estádio boquiabertos com a beleza do “lençol” sobre o goleiro Gélson. Depois foi o gol de Beijoca, após tabelar com Douglas. Altimar marcou o terceiro, pegando um rebote na pequena área, e Toninho fez o quarto, chutando de maneira inapelável da entrada da área – diz o jornal A Tarde da época.
No segundo tempo, o Bahia apenas administrou o placar. Zezé Moreira aproveitou a vantagem para poupar os principais atacantes do time. Beijoca e Douglas deixaram o campo, substituídos respectivamente por Freitas e Getúlio.
- No segundo tempo houve pouca coisa. Zezé Moreira orientou o time para garantir os 4 a 0, substituindo Beijoca por Freitas e Douglas, que levou terceiro cartão amarelo, por Getúlio. O Vitória, desestimulado, pouco fez, lutado apenas com dignidade, o que soube fazer durante os 90 minutos e nada mais - relata o jornal do dia 10 de julho.
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Beijoca lembra bem da partida. A parceria com Douglas desperta o sentimento de nostalgia no ex-atacante, autor de 106 gols com a camisa tricolor.
- Lembro bem daquela partida. Estádio cheio, só alegria. Jogo bem disputado, mas se tornou fácil, ganhar do Vitória naquela época não era difícil. (...) Acho que poucos jogadores de futebol conseguem fazer uma tabela como foi feita naquele dia, naquele campo. Conseguimos fazer aquela tabela, com cabeça. Só quem tem muita qualidade consegue um lance daquele tipo - conta.
O jornal da época pontuou a dificuldade em escolher o gol mais bonito da goleada de 1978, mas Beijoca não tem sombra de dúvida. Para o ex-jogador, Toninho foi o autor da pintura do clássico.
- Na minha opinião o gol do Toninho foi o mais bonito. Todos os gols daquela partida foram bonitos, mas pelo chute, como pegou, o do Toninho foi o mais bonito daquele Ba-Vi.
Em 1978, o Campeonato Brasileiro contou com 74 clubes. Na época, uma vitória podia valer dois ou três pontos, dependendo do placar (goleadas valiam mais). As três primeiras fases tinham as equipes divididas em grupos. Para avançar até a etapa mata-mata, o Tricolor precisou disputar 26 partidas. O time treinado por Zezé Moreira se despediu da competição nas quartas de final, eliminado pelo Palmeiras. O Guarani, que contava com Zenon e Careca, foi o campeão da edição.
Fonte: Globo Esporte