Admasu vence e faz dobradinha para a Etiópia na São Silvestre

A Etiópia fez dobradinha na 90ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre, prova de rua mais tradicional da América Latina. Na prova masculina, Dawit Admasu venceu com o tempo de 45min04s, garantindo o lugar mais alto do pódio a seu País, que também levou no feminino com Ymer Wude Ayalew.

A segunda posição foi do queniano Stanley Koech, terceiro colocado no ano passado. Ele cruzou a linha de chegada na Avenida Paulista seguido pelo tanzaniano Fabiano Naasi. Mark Korir, duas vezes vice-campeão, ficou em quarto.

O melhor brasileiro uma vez mais foi Giovani dos Santos, da equipe Pé de Vento, que ficou em quinto. Quarto colocado nas duas últimas edições, ele perdeu um posto em relação aos anos anteriores, mas ainda assim garantiu um lugar no pódio.

A edição de 2014 da São Silvestre foi considerada uma das mais fortes da história, com a presença de atletas renomados como Tariku Bekele, medalhista nos Jogos Olímpicos de Londres 2012,e Mark Korir, vice-campeão do evento duas vezes.

Dawit Admasu venceu a prova masculina e garantiu a dobradinha da Etiópia na São Silvestre - Djalma Vassão/Gazeta Press

A primeira fuga da prova nesta quarta-feira ocorreu com um terço da prova concluída. O queniano Edwin Kiprop tentou, sem muito sucesso, se desgarrar do pelotão de frente, a esta altura composto praticamente de corredores africanos. Giovani dos Santos era o único atleta nacional acompanhando o ritmo imposto pelos rivais estrangeiros até então.

Outros dois atletas africanos, o etíope Dawit Admasu e o queniano Cybrian Kimurgor Kotut, tentaram se distanciar dos concorrentes quando a prova passava pelo Centro de São Paulo, onde o percurso tem o formato de um coração. Os rivais, no entanto conseguiram alcançá-los antes da chegada à Avenida Brigadeiro Luis Antônio, formando um novo pelotão de cinco corredores.

A uma pequena distância, Giovani dos Santos tentava acompanhar o ritmo dos africanos para poder brigar por posições melhores nos metros finais. Na tradicional subida da Brigadeiro, ele apertou o ritmo e conseguiu subir da sexta para a quinta posição.

Próximo da entrada da Avenida Paulista, Dawit Admasu voltou a correr em ritmo mais forte do que seus rivais e conseguiu pequena vantagem na prova. A 500 metros do fim, o etíope já tinha frente segura sobre os concorrentes e ainda acelerou para garantir a dobradinha na São Silvestre para seu país.

Em 5º lugar, melhor brasileiro dedica "vitória" a sobrinho falecido

Em 2014, Giovani dos Santos foi pela terceira vez consecutiva o melhor brasileiro da São Silvestre. A quinta colocação, mesmo sendo uma abaixo da quarta posição que ele atingiu em 2010, 2012 e 2013, foi uma vitória para o corredor, que chorou ao atravessar a linha de chegada, recordando seu maior incentivo: a lembrança do sobrinho Alisson, falecido na sexta-feira.

“Ainda não pude falar com minha família. Mas foi emocionante porque perdi um sobrinho na sexta-feira e essa quinta colocação dedico a ele. Fiquei muito emocionado. Não pude ir ao velório dele, mas falei que dedicaria a ele. Graças a Deus, consegui dedicar essa colocação a ele. Para mim, é uma vitória”, disse Giovani à Gazeta Esportiva.

A lembrança de Alisson aumentou a concentração do melhor brasileiro na 90ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre. “Pensei nele durante a corrida. Em todo momento, pensei que ia chegar e dedicar o resultado, fiquei pedindo para ele me dar força. Consegui. Essa é para você, Alisson”, disse, buscando retomar fôlego entre lágrimas.

Giovani dos Santos foi o melhor brasileiro da São Silvestre pelo terceiro ano consecutivo - Sergio Barzaghi/Gazeta Press

O incentivo da torcida também serviu para ajudar Giovani, que, logo depois de receber sua medalha, viu muitos corredores, amadores e profissionais, lhe pedirem fotos. Pegou celulares dos cadeirantes campeões neste ano para registrar sua imagem ao lado deles. O brasileiro tem um dia de celebridade.

“Isso é importante. Não corro só por mim, corro pela torcida também. Foi uma emoção muito grande, o pessoal gritando e pude fazer o meu melhor. Foi uma chegada emocionante, a mais importante do ano. Senti um pouco, mas consegui ser o quinto colocado”, vibrou Giovani, que simulou o movimento de um avião ao terminar a prova sob os gritos da torcida que o esperava na avenida Paulista.

Etíope conquista o bicampeonato e mantém hegemonia africana na SS

Assim como tem ocorrido desde 2007, uma atleta africana venceu a prova feminina da 90ª edição da São Silvestre. O título ficou com a etíope Ymer Wude Ayalew, que já havia sido campeã da mais tradicional corrida de rua do Brasil em 2008 e completou os 15km em 50min43s, seguida por sua compatriota Netsanet Gudeta Kebede e por Priscah Jeptoo, queniana que levou a melhor em 2011. A brasileira mais bem colocada foi Joziane da Silva Cardoso, na oitava posição.

O Brasil não conquista um título feminino na São Silvestre desde 2006, quando Lucélia Peres concluiu o percurso de 15 km pelas ruas de São Paulo em 51min24s – o País fez dobradinha naquela edição, já que Franck Caldeira levou o título entre os homens. A partir de então, o domínio das atletas africanas foi absoluto na prova.

Pelo Quênia, Alice Timbilili (em 2007 e em 2010), Pasalia Chepkorir (2009), Priscah Jeptoo (2011) Maurine Kipchumba (2012) e Nancy Kipron (2013) foram as campeãs após a conquista de Lucélia Peres. Já a etíope Yimer Ayalew ganhou a corrida em 2008 e agora novamente no último dia de 2014.

Desta vez, Nancy Kipron e Priscah Jeptoo dominaram os primeiros minutos de prova, destacando-se entre o pelotão africano que se formou à frente da elite feminina. As brasileiras tinham a estratégia de não perder contato visual com as líderes e esboçar um ataque na subida da Avenida Brigadeiro Luís Antônio.

Ymer Wude Ayalew cruzou a linha de chegada seguida de perto por sua compatriota - Djalma Vassão/Gazeta Press

Foi Sueli Pereira quem mais se aproximou das quenianas no princípio da prova. A atleta do Cruzeiro aumentou as suas passadas para seguir o mesmo ritmo das favoritas, porém acabou se distanciando.

No centro da cidade de São Paulo, onde o percurso da São Silvestre ganhou formato de coração em 2014, três atletas se desgarraram das demais – Netsanet Gudeta Kebede, da Etiópia, e as ex-campeãs Priscah Jeptoo, do Quênia, e Ymer Wude Ayalew.

Na temida subida da Brigadeiro Luís Antônio, Priscah Jeptoo ficou para trás. Netsanet Gudeta Kebede e Ymer Wude Ayalew passaram a se alternar na ponta, contando com o apoio do público brasileiro na disputa local entre etíopes.

A experiência de Ymer Wude Ayalew fez a diferença na reta final, com uma arrancada para conquistar a prova segundos antes de Netsanet Gudeta Kebede. A partir de então, restou à torcida brasileira aguardar a chegada de Joziane dos Santos Cardoso, campeã da Volta da Pampulha e agora a melhor atleta local na São Silvestre.

Heitor desbanca pentacampeão dos Cadeirantes e fatura título inédito

A categoria Cadeirantes da Corrida Internacional de São Silvestre tem um novo campeão. Após o tricampeonato consecutivo de Jaciel Antonio Paulino, Heitor Mariano dos Santos venceu a prova da 90ª edição da mais tradicional Corrida de Rua da América Latina, nesta quarta-feira, na capital de São Paulo, conquistando o título inédito com o tempo de 49min53s. O segundo colocado foi justamente Jaciel (51min31s), que perdeu a chance de se tornar o único com seis conquistas.

Emocionado com a conquista, Mariano comemorou a vitória sobre o favorito Jaciel e ressaltou que não teve tempo hábil para se preparar como gostaria para a corrida do último dia do ano por conta do apertado calendário de 2014. Neste ano, o paratleta de Praia Grande (SP) disputou a Meia Maratona de Oita, no Japão, onde foi o melhor latino-americano, com o 15º lugar.

“É uma glória ganhar do Jaciel, que é um grande atleta, já tem experiência nessa prova”, disse Heitor, terceiro colocado em 2011. “Esta é minha segunda competição (na São Silvestre). Estou muito feliz, treinei bastante para esta prova. Na verdade eu não treinei o tempo hábil que eu gostaria, porque eu estava no Japão”, completou o paratleta, que superou as subidas do percurso de 15 quilômetros para ser o primeiro a passar pela faixa de chegada na Avenida Paulista.

Heitor Mariano marcou 49min53s e bateu o favorito Jaciel Paulino na categoria Cadeirantes da SS - Marcelo Ferrelli/Gazeta Press

“A parte onde eu mais senti dificuldade foi nas curvas, que têm subidas. Na subida, eu não tenho tanto tronco para fazer uma força, então ali a cadeira trava e você perde velocidade e ali o Jaciel poderia encostar, mas graças a Deus eu treinei e deu turdo certo”, destacou Heitor.

O campeão ainda aconselhou aqueles que têm a mesma deficiência a praticar esportes a fim de melhorar a saúde.

“A mensagem que eu passo é que independente da atividade física que você faça, vá procurar um esporte, uma atividade, uma cadeira de corrida de roda e saia de casa. Faça uma atividade porque faz bem para a saúde”, encerrou.

Heitor Mariano (de azul) e Aline Rocha (à esquerda) foram os ganhadores da categoria Cadeirantes da SS - Djalma Vassão/Gazeta Press

Tricampeã

Entre as mulheres, a melhor foi Aline dos Santos Rocha, com a marca de 51min46s. Com a vitória desta quarta-feira, a paratleta conquistou o tricampeonato consecutivo da São Silvestre. Ela só fica atrás de Angelina Nascimento da Silva, que é detentora de quatro troféus (2007, 2009, 2010 e 2011).

“É a terceira vez que eu participo e a terceira vez que eu ganho”, celebrou Aline. “Eu sofri um acidente aos 15 anos e não fazia nada. Há quatro anos eu conheci o esporte e logo no segundo ano eu participei da São Silvestre e desde a primeira participação foi paixão à primeira vista”, contou a paratleta de 23 anos.

“Não importa a sua condição física, sempre é possível fazer alguma coisa”, avisou Aline.

Entre as mulheres, Aline Rocha sagrou-se tricampeã da São Silvestre - Marcelo Ferrelli/Gazeta Press

Veja os resultados da 90ª edição da São Silvestre:

Masculino

1: Dawit Admasu (Etiópia) - 45min04s

2: Stanley Koech (Quênia) - 45min05s

3: Fabiano Naasi (Tanzânia) - 45min10s

4: Mark Korir (Quênia) - 45min19s

5: Giovani dos Santos (Brasil) - 45min22s

6: Cybrian Kimurgor Kotut (Quênia) – 45min27s

7: Damião Ancelmo de Souza (Brasil) – 46min10s

8: Joseph Tiophil Panga (Tanzânia) – 46min27s

9: Tariku Bekele (Etiópia) – 46min30s

10: Ederson Vilela Pereira (Brasil) – 46min37s

Feminino

1: Ymer Wude Ayalew (Etiópia) - 50min43s

2: Netsanet Gudeta Kebede (Etiópia) - 50min46s

3: Priscah Jeptoo (Quênia) - 51min29s

4: Feyse Tadese Boru (Etiópia) - 52min31s

5: Delvine Relin Meringor (Quênia) - 52min34s

6: Nancy Jepkosgei Kipron (Quênia) - 52min50s

7: Failuna Abdi Matanga (Tanzânia) - 53min15s

8: Joziane da Silva Cardoso (Brasil) - 53min18s

9: Sueli Pereira da Silva (Brasil) - 53min36s

10: Layesh Tsige Abebaw (Etiópia) - 54min07s