Sai Gustavo, entra Rodrigão, e o Bahia volta a apostar em um centroavante de ofício para a disputa da temporada. Desejo antigo da diretoria tricolor, quando foi procurado no mês de janeiro, Rodrigão treina no clube desde a última quinta-feira e foi oficializado como reforço na última sexta. No Bahia, o jogador chega em um momento de queda de rendimento do ataque, que marcou apenas três gols nos últimos sete jogos do Campeonato Brasileiro. Justamente a principal característica do centroavante.
Rodrigão tem 23 anos e chegou ao Santos em 2016 com status de artilheiro. À época, ele atuava pelo Campinense e era o maior goleador do Brasil, com 18 gols marcados. Não à toa, custou R$ 1,5 milhão ao Santose assinou um contrato de cinco anos. Na equipe paulista, Rodrigão marcou mais quatro vezes na temporada passada e terminou o ano com 22 gols em 34 jogos, sétimo lugar entre os artilheiros do ano.
A média de gols caiu em 2017. Embora tenha feito uma boa pré-temporada com o Santos, o atacante perdeu espaço com a chegada de Kayke e foi utilizado em apenas oito dos 34 jogos realizados pelo Peixe em 2017, com três gols marcados. No Brasileirão, foram apenas duas partidas, ambas entrando no decorrer dos jogos. Pouco utilizado, Rodrigão foi cobiçado por clubes brasileiros no início do ano, mas, a pedido do então técnico Dorival Júnior, decidiu permanecer na Vila Belmiro em busca de mais oportunidades. Setorista do GloboEsporte.com no Santos, Lucas Musetti analisou a passagem do jogador pelo clube.
- Ele teve dois bons momentos, quando chegou e acabou chamado de "Rodrigol", e no começo desse ano, quando fez três gols em dois jogos na ausência do Ricardo Oliveira, com caxumba. De resto, ele oscilou. Virou a terceira opção para a camisa 9, e muitas vezes nem foi relacionado.
Na apresentação do jogador, o técnico Jorginho se mostrou satisfeito com a contratação. O treinador destacou que, apesar da estatura, Rodrigão tem boa velocidade, além de personalidade forte e espírito de liderança.
- Estava muito feliz pela vinda dele, é um jogador que já tem história no Nordeste, vinha jogando normalmente há até duas últimas semanas no Santos, teve uma pequena virose e não participou dos últimos dois jogos do Santos, e também os treinamentos foram bem separados. Não adianta hoje criar uma expectativa. A gente está muito feliz pela vinda dele aqui, tenho certeza que vai agregar muito. É um jogador de área, tem presença forte na área, faz um excelente papel de pivô e, ao mesmo tempo, tem uma velocidade. Apesar de ser grande, é um jogador que tem uma boa velocidade. É um jogador que, apesar de jovem, tem uma boa liderança, tem personalidade forte - disse Jorginho, na última sexta-feira.
Mobilidade
A chegada de Rodrigão também coloca em questão a manutenção do “ataque móvel” do Bahia. Centroavante clássico, o novo reforço se caracteriza mais pelo posicionamento e movimentação dentro da área. Ele não tem como perfil a mesma mobilidade e participação ofensiva de Edigar Junio, utilizado frequentemente por Jorginho como referência no ataque tricolor, nem de Mendoza, também testado na posição. Apesar de ser o homem mais avançado do time, Edigar se movimenta regularmente e também troca de posição com Allione e Zé Rafael.
Na chegada ao Santos, Rodrigão comentou as suas características e explicou que, apesar de ser um camisa 9, também sai para o jogo e não costuma ficar parado. Na última partida pelo Santos, contra o Botafogo, ele chegou a atuar com outro centroavante, neste caso Kayke [veja o mapa de calor dele na foto abaixo].
– Podem esperar tudo de mim. Dentro de campo, se precisar sair sangrando para o Santos sair com a vitória, eu estarei pronto. Pressão vai existir. Eu sou um cara que saio para jogar, não fico parado, saio para o jogo – disse Rodrigão à época.
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Embora tenha comentado que busca o jogo, não dá para acreditar e cobrar que Rodrigão, com 1,86m, dê ao Tricolor a mesma mobilidade e velocidade de Edigar. Com Rodrigão, o Bahia não deve ter o mesmo dinamismo, mas volta a ganhar com presença de área e também na bola aérea. Muitos dos gols marcados por Rodrigão pelo Campinense surgiram em jogadas próximas ao gol e também pelo alto. Muito provavelmente, o time passa, então, a adotar o mesmo sistema usado quando contava com Hernane.
- Ele é centroavante "raiz". Se mexe pouco, é mais finalizador. Chuta com as duas pernas. Quando sai da área, complica. Não é rápido, mas até que tem um bom último pique. Dorival [Júnior, ex-técnico do Santos] sempre pedia mais dinâmica para ele, queria que participasse mais do jogo. Na verdade, ele não combinava muito com o estilo do time, de posse de bola, poucos cruzamentos, etc – avalia Lucas Musetti.
Em tempos de poucos gols para o ataque tricolor, Rodrigão aparece como esperança de bolas na rede e também como jogador com condição de possibilitar ao técnico mudar a forma do time titular, seja no início das partidas ou ao longo delas, da maneira que achar mais conveniente. Algo que, na teoria, coube a Gustavo na curta passagem pelo clube, mas que as atuações de pouco brilho não ajudaram.
Emprestado ao Bahia até o final do ano, Rodrigão inicia a sua segunda passagem por um clube da Série A. Além do Tricolor, Santos e Campinense, o atacante também passou por Democrata-MG e Boa Esporte-MG.
Fonte: Globo Esporte