Nesta quarta-feira (13), o Bahia venceu o Corinthians por 1 a 0, na Arena Fonte Nova, pelo Campeonato Brasileiro. Em entrevista coletiva após a partida, o técnico interino Cláudio Prates avaliou o desempenho da equipe na partida e destacou a importância do triunfo. O Tricolor foi superior ao Corinthians em todo o jogo, mas desperdiçou chances e só conseguiu marcar o gol do triunfo aos 45 minutos do segundo tempo:

Às vezes, só ficam as palavras. Não tem atitude. A gente vinha batalhando. Vocês viram, contra o Botafogo, as chances de gol. Hoje foram 10 chutes nossos e um do Corinthians. São coisas a serem levadas que... Um, dois três gols entram. Vocês sabem a força do Bahia aqui. Os jogadores se desgastam para fazer aquela pressão alta, a marcação forte e já sair em transição. Eles estão cumprindo. Mas uma hora é difícil e a bola não entra. Quando você tem essa positividade e a coisa dá certo, Mena entra bem, Allione entra bem... Eu já ia fazer a substituição do Elton, que vem muito desgastado, vem há três jogos até no sacrifício pela parte física. Quando eu ia botar o Vinícius para dar maior qualidade de passe, ser um segundo volante, veio o Douglas. São coisas que a gente programa na semana, estuda o adversário, vê o que é melhor, e tem hora que funciona. Por isso a felicidade e a gratidão a todos os atletas por estarem comprometidos. Sem o comprometimento deles em treino, em jogo, as coisas não andam. Olha a dificuldade para ter uma vitória. Passamos duas dificuldades grandes. Hoje saiu. Merecimento. Uma hora entra. Entrou. E as coisas vão caminhar de uma maneira mais tranquila e como o Bahia merece.

O gol do triunfo do Tricolor foi o lateral-esquerdo Mena, que entrou no intervalo da partida atuando como um extremo, em uma posição diferente da habitual. Cláudio Prates elogiou a atuação do chileno, destacando que vem utilizando o jogador desta forma nos treinos:

O Mena tem trabalhado muito. Hoje a minha preleção foi em cima dos jogadores que estavam fora do grupo. O Mena é um caso que a gente sempre exalta pelo profissionalismo dele. Elton, Nilton, Allione, jogadores que estavam fora, Vinícius... Todos em condições de titularidade. Eles ajudam muito no dia a dia. O chute dele [de Mena] não foi de graça. A gente, às vezes, coloca o lateral precisando ganhar, e todo mundo questiona. O Mena treina comigo há três semanas na linha de frente. Às vezes, vocês não percebem, porque a gente fecha o treino, mas ele tem feito a função para equilibrar melhor o Léo, que tem uma passada, para fazer o fechamento de linha, que ele tem essa experiência para fazer e para chegar. Ele teve três chances antes de fazer o gol. Não foi por acaso. A gente faz e procura fazer o melhor. Vocês têm que cobrar quando dá certo e quando não dá. O mérito é todo dele, do trabalho dele. A gente conseguiu essa vitória pelo grupo. Muito feliz por ele e pelo grupo.

Cláudio Prates também avaliou o seu período como treinador interino da equipe. Sob o seu comando, o Tricolor disputou três partidas, com um triunfo, um empate e uma derrota:

Na mesma situação que eu comentei no primeiro jogo. A minha função no clube é dar o melhor sempre, fazer a transição ou a permanência da forma mais tranquila. Nesses três jogos, a gente conseguiu, na maioria, ser superior. Não vou aqui citar números, porque alguns colegas de vocês questionaram. Mas a gente teve maior finalização, chegou mais, tentou agredir o adversário. Infelizmente, a bola não estava entrando. Hoje a nuvem saiu e o Mena acertou um belo chute. A gente fica feliz. Seja para passar para o novo comandante ou continuar com esse grupo de trabalho, na mesma função... Sempre sendo o mais honesto possível com os atletas, que têm se dedicado e a gente tem reconhecido. Fico extremamente feliz de ver o torcedor ir embora com a mística. A gente conseguir os três pontos, um final de jogo suado, desgastante. Os jogadores se doaram, mas, pelo menos, o torcedor está feliz. A gente sabe que a situação [do Bahia no Campeonato Brasileiro] não é a que a gente quer. Estamos galgando, mas já estamos melhor, principalmente animicamente. O psicológico, já se via outro semblante. É descansar e trabalhar.

Confira o que Cláudio Prates falou em entrevista coletiva

Comemoração após triunfo
- Eu vim agradecer e estar junto com o pessoal da base. Eles me ajudam muito, os roupeiros... Sabem o dia a dia, o trabalho. Hoje estou sendo vitrine, mas geralmente eu atuo na retaguarda. E essa retaguarda eu sempre fiz com muita ética e profissionalismo. O Bahia me botou na posição para exercer ou a transição ou dar sequência. Eles sabem do dia a dia, o sofrimento que a gente tem, eles, a nossa família... Quero agradecer às pessoas que me ajudam muito a estar sustentando esse tempo todo e a fazer com dignidade. O mérito é todo do pessoal da retaguarda e dos atletas, que conseguiram essa alavancada agora. Se Deus quiser, vamos conseguir ter mais regularidade no Campeonato Brasileiro, que é muito difícil.

Possibilidade de efetivação
- Estou tranquilo. Eu não vim hoje. Estou há um tempo lutando, tenho 30 anos como atleta profissional, estou há mais tempo. As coisas acontecem naturalmente. Eu me sinto bem no que faço e tenho essa função valorizada, graças a Deus. Estive em grandes clubes e estou em mais um hoje. Tenho essa felicidade de fazer a transição e ajudar o grupo com vitórias, um clube que foi campeão no ano passado, bem montado, bem organizado, e a gente conseguir esse triunfo para mim é gratificante. Saio dessa função ou continuo na outra muito honrado e feliz com o que os jogadores têm feito em campo.

Pausa para a Copa
- Demorei muito por essa discussão. Muito difícil. Hoje, honestamente, os jogadores precisam descansar. Não só eles. Estou há duas semanas, há 12 dias à frente. E é pesado. Muito pesado. Trabalhando, ajudando o sub-23, lutando muito para que as coisas andassem, porque a gente sabe que esses jogadores mereciam isso, que a diretoria está fazendo o seu possível e impossível para dar uma estrutura boa... Então isso é fundamental. A gente vai dar folga para eles, mas sabe que tem uma semifinal importante. A Copa do Nordeste, para a gente, é fundamental, lutar para chegar à final de novo, fazer como fizemos no ano passado. O momento é de equilíbrio. É sempre bom ganhar. Foram três jogos que produzimos e não vencemos. Isso fica um peso grande. Hoje os jogadores produziram e venceram. Trabalhar em cima de vitória é muito mais fácil. Em casa, chegar com o porteiro do meu prédio dizendo “Bota o meu Bahia para frente!”. É mais fácil agora. A gente vai trabalhar com tranquilidade e saber o que está errado, porque tem muito a corrigir. Isso não encobre nada do que tem de evoluir, eles já foram cobrados. Mas também não pode encobrir o bom que tem sido feito, a valorização dos jogadores, que estavam tendo a infelicidade de uma finalização errada, uma tomada de decisão errada... Isso ajuda no crescimento psicológico da equipe. Eu espero que ande naturalmente.

Rodriguinho
- O Rodriguinho, dirigi ele dois anos. É um grande jogador, um grande amigo. Então obviamente que o Gregore teve um alerta maior, porque, se deixar jogador com essa qualidade pensar e jogar, ele vai desempenhar um bom futebol. Gregore e Elton tiveram uma função mais defensiva hoje, suportaram mais essa linha, porque o Corinthians é um time que joga muito com passes entre linhas, tanto com Maicon como com Rodriguinho. Então felizmente isso foi bom, também porque o Lucas e o Tiago empurraram essa linha lá de trás. No final do jogo, a gente teve alguns problemas pelo cansaço de todos. E as coisas começaram a ficar um pouco mais difíceis pela qualidade do Corinthians. Mas, novamente, eles se superaram e, acima de tudo, cumpriram, tiveram uma disciplina tática muito boa. Só por isso foi possível ter essa vitória.

Evolução do Bahia
- Por dois motivos. A maneira que o Bahia joga na Fonte, e não pode deixar de jogar. Que é pressionando o adversário desde o começo. Todo mundo que vem aqui já sabe disso. Então, às vezes, quando essa pressão é a saída para o adversário, complica um pouco e dá esse espaçamento. Então isso é normal. A gente começou com pressão alta, teve a chance de gol e depois desceu a linha. Nessa descida de linha, a gente conseguiu ficar um pouco mais compactado. Mas isso exige treinamento, tempo de treinamento. O que mais dificulta, a nível físico, para treinar é a parte defensiva, pelos balanços, pelos encaixes individuais, pelos encaixes coletivos. Então isso dificulta muito e exige que o atleta esteja muito bem recuperado para treinar. E a gente não tem tempo. A gente está treinando em vídeo do adversário e treinando praticamente o regenerativo tático, que os jogadores ficam parados, andando em campo, para a gente conseguir posicioná-los. Melhorou. Mas tem muita coisa a melhorar ainda, que é só nos treinos, no dia a dia. Hoje as coberturas, principalmente dos extremos para dentro, foram muito boas. Elber e Zé ficaram sacrificados. O que eu tentei dar de liberdade para eles nos outros jogos, para eles terem essa profundidade, hoje eu pedi, pela qualidade do jogo do Corinthians, que eles recuperassem um pouco mais, ajudassem um pouco ais o bloco defensivo, e isso foi feito. A gente fica feliz que teve essa evolução. E a gente sabe que vai evoluir mais. É só ter um pouquinho mais de calma, um pouquinho mais de tempo de treinamento, e o entendimento deles vai ser bem mais fácil.