Nesta quinta-feira (12), o jogo entre Bahia e Palmeiras pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro irá marcar a estreia de Paulo César Carpegiani no comando do Bahia. Em entrevista coletiva na manhã desta terça (10), o novo treinador tricolor declarou que o Esquadrão irá jogar de uma forma totalmente diferente do que vinha jogando. Se antes o Bahia tentava se fechar para jogar no contra-ataque, Carpegiani declarou que a equipe agora tentará impor o jogo.

Na coletiva, o treinador não confirmou a equipe titular, mas declarou que Renê Júnior deverá voltar a equipe principal. Porém, por conta da lesão que o volante sofreu, Carpegiani disse se preocupar com seu aspecto físico e isso poderá causar uma mudança no ataque do Bahia. Por conta da dinâmica do jogo, o técnico falou que não sabe se Rodrigão será titular na frente.

No futebol, uma semana, quando você tem cinco ou seis dias, eu acho um tempo muito bom, quando você tem um conhecimento no transcurso do seu trabalho, quando você quer lapidar, aperfeiçoar o que você tem. Nós encontramos um pouco de dificuldade sim, até mesmo pelas dificuldades que nós temos de muitos jogadores que não podem atuar, ficamos um pouco restritos. Minha maior preocupação está baseada em um jogador que está voltando agora, que é o Renê Júnior, no aspecto físico dele. É um jogador de muita vontade, determinação, conversei com ele, e ele quer jogar, e eu quero que ele jogue, então essa é uma preocupação que eu vou ter, em como manejar pra jogar com ele, como vai ser o seu ritmo, porque ele ficou quase um mês fora, uma lesão difícil e, em consequência, num setor importante que é o setor de meia. Essa é a minha maior preocupação, com a dinâmica, a marcação, isso exige muito, então tenho uma dúvida sim, que eu não quero expressar, mas pode até dizer pra vocês, que é a colocação de um ponta de lança ou o Rodrigão. Fiquei em dúvida porque os treinamentos me deixaram assim. Não me transmitiram aquela segurança que eu deveria ter. É bem aceito por mim. Tenho que aceitar porque foram poucos os treinamentos que nós fizemos, estou chegando agora, não tive a condição precisa da característica de jogadores, mas acredito que vamos escalar o que temos de melhor nesse momento. Para o próximo jogo talvez tenhamos mais facilidade, com o retorno de alguns jogadores. Já vamos ter um problema que vamos ter com a direção, que é o Mendoza. Hoje vai ser um treino fechado justamente porque vou fazer a bola parada, escanteio, não vou modificar muito, vou ver como eles fazem, é uma opção que os times de futebol têm e que muitas vezes decidem um jogo e é uma preocupação que eu tenho também

Porém, mesmo com estas dúvidas para deifinir o 11 inicial, Carpegiani declarou que irá implantar seu estilo de jogo e vai fazer com que o Bahia se imponha nas partidas.

Acredito que o torcedor menos se interessa pela minha promessa, pelo que vou dizer aqui, mas em termos de segurança, gosto de equipes seguras defensivamente, competitivas no meio, que tenha opções na frente. Um time que jogue futebol. Penso que o futebol é uma imposição de uma maneira de jogar sobre a outra. Essa imposição requer toda uma parte teórica, prática para que sua equipe consiga se impor ao adversário. Muitas vezes, por mais qualidade que o adversário tenha do outro lado, ele nos impõe um ritmo, e você consegue ganhar no contra-ataque. Eu não gosto disso. Eu prefiro tentar impor o jogo. Mas eu tenho que verificar, estou chegando agora. Vamos tentar impor com opções, com alternativas. Não podemos nunca abrir mão da possibilidade de ganhar o jogo. Não gosto de ouvir aquele termo “jogar por uma bola”, “fechar a casinha”, não sei fazer isso. Eu acho que equipes realmente têm que se impor, têm que jogar futebol e com opções que elas têm, aliado à capacidade técnica de cada um, tentar ganhar o jogo. Essa é a nossa proposta. Vou tentar fazê-la contra o Palmeiras. Tentar jogar futebol, do mesmo que tentaria jogar em casa. Essa é a ideia. O que muda o jogo é a motivação do adversário, a torcida que vai estar inflando seu time. Isso tem que ser parado com uma boa consistência, um time bem plantado em campo, bem organizado em campo para poder recuperar a bola e nós jogarmos futebol.

Confira o que Paulo César Carpegiani falou em sua entrevista coletiva:

Jogar com a defesa alta

- No final do jogo vocês vão me perguntar, fazer essa pergunta lá, independente do resultado, exatamente sobre isso. Isso é uma sequência de trabalho. Treinamento é uma coisa, e jogo é outra. Muitas vezes o jogador se sente um pouco inibido, não se sente confiante para executar, estou passando toda essa confiança, estou exigindo nesse aspecto, para que a gente aprenda rapidamente porque o campeonato está se esvaindo. Então, a nossa ideia é que eles assimilem rapidamente que é importante ser uma equipe organizada porque sem organização você não recupera a bola.

Mudança muito radical?

- Algum tempo atrás... As Copas do Mundo são sempre feitos estudos e, lá atrás, foi escrito isso que a maioria dos jogos são feitos em contra-ataques em Copa do Mundo. São decididos na base da velocidade. Nós temos velocidade. Não vou abrir mão nunca disso. O que não existe no futebol é marcar pressão por 90 minutos. Isso é impossível. Nós temos que saber marcar pressão, meia pressão e saber se o adversário está nos empurrando para trás, não abrir mão do contra-ataque. Isso é algo que eu insisto com ele, esclareço na teoria e na prática a gente mostra como é. Agora, se vai levar um pouco de tempo ou não, eu dependo daquilo que os jogadores, também, dentro de campo, vão responder.

Palmeiras

- É uma equipe difícil de se jogar contra porque tenta marcar pressão, tenta afogar o adversário, e nós temos que sair disso. Se nós não conseguimos jogar, por que eles vão tentar jogar? Parto desse princípio. A diferença do jogo fora ou não é a torcida, é a motivação do adversário. Nós também temos que ter igualdade nisso. Partindo disso, nós temos que nos impor, ter personalidade para jogar, administrar a bola quando tem que ser administrada, ter velocidade, enfim. Dentro dessa complexidade toda, dentro dessas exigências todas, nós vamos ter progresso. E a gente espera que nesse jogo a gente já possa, e temos a obrigação de apresentar alguma coisa para buscar o resultado, que é o que nos interessa.

Preocupação com o físico de Rodrigão?

- Não (incomoda). Aí são características. Eu não vou mudar nunca a característica do Rodrigão. É um jogador que tem se saber, respeitar. É um jogador de uma característica que tem de saber o momento de usar. Isso não tem como mudar. Eu não posso mudar a característica do Mendoza, que é a velocidade. Tenho que tirar proveito dessa velocidade dele. Tenho a velocidade do Edigar, tenho que tirar proveito, tenho que usar essa característica dele em proveito da parte coletiva da equipe. Isso eu não mudo. A preocupação com o Renê Junior é diferente da com Rodrigão, que já vem, fisicamente acho que está bem. Fisicamente eu não vou ajudar nunca eles. Eu dependo dessa parte física. Ninguém vai ajudar. São eles próprios. Já falei isso para eles. Cada um tem que se ajudar. Agora, tenho a sensação que o Rodrigão vai melhorar, tem condições de jogar. A preocupação om Renê e de ficar um tempo fora, bastante tempo, num jogo que tenho que colocá-lo porque as opções são poucas no setor de meio e pela importância que ele representa para o grupo.