Demorou, mas a novela “Treinador do Bahia” teve fim. A efetivação de Preto Casagrande veio após capítulos com reuniões de elenco, campanha dos jogadores e silêncio da diretoria. O ex-auxiliar comandou o primeiro treino no novo cargo nesta quinta-feira e depois concedeu entrevista coletiva no Fazendão.

Com um semblante bem tranquilo, diferente daquele Preto que o torcedor se acostumou a ver como jogador, o novo treinador do Bahia chegou na sala de imprensa e falou sobre a reviravolta do último mês. Casagrande falou sobre a pressão do novo cargo e contou como foi o processo que o levou de auxiliar técnico a treinador do Tricolor.

- Minha vontade estava a mesma do dia que o Diego me ligou quando eu ainda era auxiliar e fui informado que o Jorginho não viajaria. Minha vontade desde aquele momento sempre foi a mesma. Eu encarei esse desafio desde lá, como interino, da mesma forma e com a mesma disposição que eu estou agora. (...) A cobrança interna e externa não chega aos pés da cobrança que eu tenho comigo mesmo. Eu sempre tive dificuldade de aceitar a derrota. Essa cobrança precisa ser bem assimilada, tenho uma autocritica, faço minha autoanálise a cada treino. Tenho as minhas virtudes e me apego a isso para crescer diariamente. O futebol é muito dinâmico, na semana da Chapecoense o Jorginho tinha me tirado da viagem, no outro dia eu virei interino, aí passou quase um mês e eu sou efetivado. Então eu vivo muito o dia a dia, o que vai acontecer lá na frente eu deixo para o futuro.

Desde que assumiu como interino, Preto recebeu apoio do elenco Tricolor. A cada entrevista coletiva, a cena se repetia: o jogador era perguntado sobre o interino, falava em confiança e pedia pela efetivação de Casagrande. Enfim efetivado, o ex-auxiliar técnico falou sobre o apoio que recebeu dos atletas.

- Se eu disser que não fico feliz vou ser hipócrita, se disser que isso não muda meu comportamento também. Mas não quero só que eles gostem de mim, quero que eles me admirem como treinador e me respeitem. O respeito é fundamental, não só comigo, mas entre eles também. A maneira como eles se manifestaram me deixa feliz. Como eu falei para eles, eu sou o mesmo cara, mas agora tenho que tomar decisões com as minhas convicções. O mais importante é que o ambiente fique bom. O ambiente bom não é garantia de resultado, mas é um facilitador.

Quando foi questionado sobre a parte tática, Preto resumiu rapidamente o trabalho feito ainda como interino e falou em buscar um equilíbrio entre jogar com e sem a bola. Para isso, o agora treinador do Bahia pretende explorar o período de pausa do Campeonato Brasileiro, que só volta a ter jogos no dia 9 de setembro, por causa da data Fifa.

- Busco um equilíbrio, tentei mexer pouco nos primeiros jogos, depois implantar uma questão defensiva. Agora busco esse equilíbrio de não só contra-atacar, mas ter a posse de bola, ter um esquema definido. Vamos aproveitar essa semana para pegar bastante na parte tática e buscar esse equilíbrio que é fundamental. (...) Acho que contra o Botafogo a gente fez poucas vezes essa linha alta, a gente queria que o time saísse um pouco mais, mas a isso é questão de trabalho, vamos ter a próxima semana toda voltada para esses detalhes. Vamos ter dois jogos fora agora, então espero uma equipe com mais sincronia para o time não fica espaçado.

Como o elenco do Bahia folga sábado e domingo, Preto terá mais sete dias de treino para preparar a equipe para a partida contra o Altético-GO, marcada para dia 11 de setembro, às 20h (de Brasília), no Estádio Olímpico, em Goiânia. O Tricolor é atualmente o 14º colocado, com 26 pontos, um a mais que a Chapecoense, primeira equipe do Z-4.

Confira outros trechos da entrevista de Preto Casagrande:

Reunião de terça-feira foi decisiva?
- Acredito que não, estou há um Mês aqui então acho que fui avaliado a cada dia. Temos os profissionais do futebol aqui, que me avaliaram a cada treino, a cada papo, então não acredito que aquela conversa tenha sido determinante.

Reforços
- A gente conversa diariamente sobre possibilidades, até o dia 8 não dá para cravar nada. O Diego está atento, a gente troca ideias de jogadores. Então temos até dia 8 para bater o martelo e resolver se chega alguém ou não.

Referência como treinador
- Assim, eu comentei na semana passada que uma referência de vida para mim era o Caio Jr. Meu primo, que eu tinha muita admiração, que eu aprendia muito nas conversas quando ele frequentava minha casa, dos treinamentos. É um cara que eu guardo com muito carinho, de tudo aquilo que ele me passou. É um dos caras que eu gosto de referenciar, porque é um anjo que a família tem. Sempre foi um cara exemplo.

Preto jogador x Preto treinador
- O cara tem que evoluir né. Eu não tinha inteligência emocional, quando eu jogava descontava tudo em alguém lá dentro. Hoje sou um cara mais maduro, tenho dois filhos para quem eu tenho que dar exemplo. Então cabe a mim ter essa inteligência emocional na beira do campo. Saber que meu exemplo vai ser seguido pelos atletas e por quem me admira.

Fonte: Globo Esporte