Dunga nega, mas documentos provam ligação de técnico como agente

De acordo com informações do site da ESPN, Dunga chegou a negar que participou da venda do meia Ederson, no ano de 2004

Dunga conseguiu manter um segredo por muitos anos. O atual treinador da Seleção Brasileira intermediou transações em direitos econômicos de jogadores de futebol. Embora negue o envolvimento, documentos comprovam o envolvimento do ex-jogador com o negócio do mundo da bola.

De acordo com informações do site da ESPN, Dunga chegou a negar que participou da venda do meia Ederson, no ano de 2004, do RS Futebol Clube para o grupo Image Promotion Company (IPC). Em entrevista ao site esportivo, ele disse através da assessoria de imprensa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que "não teve nenhuma participação na venda dos direitos sobre o vínculo do jogador".

O problema é que três documentos comprovam que Dunga tem sim, envolvimento na negociação. Uma nota fiscal da "Dunga Empreendimentos, Promoções e Marketing ltda", mostra que a empresa recebeu R$ 407.384,08. Além disso, há um recibo assinado pelo próprio Dunga (Carlos Caetano Bledorn Verri) e um comprovante de transferência bancária do clube para a empresa do treinador, no mesmo valor que consta na nota.

A reportagem mostra ainda que no mesmo ano, o RS Futebol Clube negociou 75% dos direitos de Ederson, (Internacional, Juventude, Nice, Lyon e atualmente Lazio) com o grupo IPC. O valor da negociação foi de U$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil dólares). Na negociação, o IPC foi representado pelo italiano Antônio Caliendo, que é empresário. A comissão de Dunga como intermediário foi paga pelo clube gaúcho. A nota emitida pela "Dunga Empreendimentos, Promoções e Marketing ltda" mostra que o "faturamento de honorários profissionais pelos serviços prestados de assessoramento, acompanhamento e indicação de investidor na aquisição de direitos federativos e econômicos de atleta". Os direitos, como solicitado ao IPC, foram repassados para o francês Nice, onde Ederson jogou por três anos.

No ano de 2006, os investidores do IPC voltaram a negociar e fecharam um negócio em que venderam os outros 25% de direitos do atleta, que pertenciam ao RS Futebol Clube, na quantia de U$ 575.000,00 (quinhentos e setenta e cinco mil dólares). Nesta transação, Dunga não aparece mais como intermediário, mas como autor do depósito dos U$ 575.000,00, provenientes da agência do Credit Suisse em Mônaco, sede também do IPC e transferidos para os responsáveis pelo clube gaúcho.

Em processo judicial aberto no Rio Grande do Sul, o técnico da Seleção Brasileira nega que tenha qualquer tipo de sociedade na IPC e informou que o depósito feito por ele foi apenas "um empréstimo para o IPC".

Dunga chegou a ser procurado pela ESPN para esclarecer o seu real vínculo com a empresa, mas ele disse "não ter vínculo com a empresa em questão e que esta empresa o representou quando ele era jogador". Apesar do discurso do ex-jogador, mesmo sem "ter vínculo com a empresa em questão", Dunga assumiu um cargo no conselho de gestão do clube.

Dunga não falou mais sobre o caso.


Fonte: Correio

Fotos: Reprodução/Correio e Reprodução/ESPN