Estádio de R$ 50 milhões é usado por 120 dias. Depois vira elefante branco

Divulgação/Site oficial do Bahia

Relegado a segundo plano após a inauguração da Arena Fonte Nova,  o estádio metropolitano de Pituaçu tem ganhado espaço neste início do Campeonato Baiano.

Até aqui, com quatro mandantes diferentes, 25% dos jogos do torneio estadual foram realizados em seus domínios.

A marca, que pretensamente garante viabilidade ao equipamento, é comemorada pelo governo da Bahia, que é o responsável pela administração do estádio.

O governador recém empossado Rui Costa (PT) faz parte do mesmo grupo político que comanda o estado nos últimos oito anos -- e que tomou a decisão, em 2009, de reformar Pituaçu ao preço final de R$ 50 milhões.

A reforma à época foi para garantir um mando de campo para o Bahia em Salvador enquanto a Arena Fonte Nova estava em construção para a Copa do Mundo. Quando a Arena ficou pronta, em 2013, o principal inquilino, o Bahia, foi forçado a migrar de praça deixando Pituaçu como segunda opção.

Segundo informações contidas no Diário Oficial da Bahia, o aluguel diário de Pituaçu atualmente é de R$ 40 mil. Só a manutenção do placar eletrônico sai por R$ 20 mil ao mês.

Dos seis jogos realizados em Pituaçu pelo estadual, até aqui, em apenas dois a renda gerada pela venda de ingressos conseguiu superar o preço do aluguel do estádio. Em todos os demais houve sonoros prejuízos.

Ainda vai piorar

A situação deve ficar ainda pior no segundo semestre de 2015.

Quando o estadual terminar, em maio, Pituaçu ficará a mercê de um calendário fortuito de eventos. Para o segundo semestre estão previstos apenas jogos da segunda divisão do Baiano -- que historicamente geram baixo público -- e dois campeonatos de futebol de base: a Copa Dois de Julho e a Copa Metropolitana.

A Sudesb, autarquia que administra o estádio, ainda tenta fechar um calendário esportivo que impeça Pituaçu de ficar sob o rótulo de 'elefante branco'.

"Estamos buscando parcerias com diversas empresas interessadas em investir. Mas vale ressaltar também que um  governo não existe apenas para dar lucros. Ele existe para fazer investimentos que estimulem o desporto, a cultura e outras atividades em prol do cidadão", justifica Elias Dourado, superintendente da autarquia

Ainda segundo Dourado, o governo tem se esforçado para reduzir outros custos do estádio e cita a energia solar gerada por placas fotovoltaicas como um caminho para minimizar gastos.

"A energia de Pituaçu é hoje toda gerada por ele mesmo e ainda sobra. Ou seja, esse custo nós já não temos. Se fizermos uma gestão inteligente em outras áreas podemos, ao menos, equilibrar as receitas e não ter prejuízos", diz.

O governo ainda fala em outros investimentos em Pituaçu (ou seja, mais gastos) para ajustá-lo a receber novos eventos. Está na lista de prioridades a construção de uma pista de corridas com dimensões oficiais, ao redor do campo de futebol, para provas de atletismo. O projeto, porém, ainda está na fase de estudos.

Fora os R$ 50 milhões da reforma, ainda foi construído, em 2012, uma passarela de R$ 15 milhões no entorno do estádio para facilitar o acesso do público. Doce ironia. É exatamente ele -- o público -- que mais tem se ausentado dos jogos em Pituaçu.