Na noite desta terça-feira (2), Guto Ferreira foi apresentado como treinador do Bahia para a temporada de 2018. Sete meses após deixar o clube para treinar o Internacional, o técnico oficializou o seu retorno ao Tricolor em entrevista coletiva ao lado do presidente Guilherme Bellintani e do diretor de futebol Diego Cerri.

O novo presidente tricolor deu as boas-vindas ao treinador:

Agradeço o convite aceito [pelo Guto] para voltar pela porta da frente, pelo desejo de fazer um trabalho de resultado, qualidade técnica. Guto, seja bem-vindo

A entrevista foi realizada em uma churrascaria na capital baiana, já que o evento também oficializou a renovação do contrato de patrocínio do Bahia com a Canaã Alimentos por mais duas temporadas.

Guto Ferreira declarou, na sua fala de abertura, que sonha em levar o Tricolor à Copa Libertadores da América:

Oportunidade de buscar um novo trabalho, que fizemos de forma positiva em 2016 e 2017, e que hoje, em 2018, se abre com uma expectativa promissora. Esperamos, com muito trabalho, correr na frente e terminar o ano de forma positiva. Tenho um sonho de classificar uma equipe para uma Libertadores. Não vou cravar que vamos conseguir, mas não faltará esforço. Não podemos carregar a obrigação, porque ela é pesada, mas podemos carregar o sonho, porque o sonho é leve. Assim que vim buscar esse sonho com o Bahia. 2018, digo, é um ano bastante promissor, e a gente está cheio de energia para poder fazer da melhor maneira possível

O treinador falou sobre a desconfiança da torcida nele, afinal, ele deixou o Bahia para treinar o Internacional no meio da temporada passada, com o Campeonato Brasileiro em andamento. Para superar esta desconfiança, Guto Ferreira pregou trabalho e união "para que as coisas possam andar".

Questão de correção, acho que tem situações que são atitudes, de tomadas de decisão que a vida te coloca, e você tem que tomar. Era uma questão pessoal, momentânea. E ela foi tomada. Não adianta ficar olhando para trás. O torcedor tem todo direito de ter a desconfiança, mas à medida que ele veja todo o esforço, todo o trabalho, ele tende a entender. Todo mundo quer sempre resultados positivos. Quando ele vem, as coisas fluem. A relação do Bahia não é com o treinador; é com sua equipe. Mais do que ficar com picuinha com treinador, o Bahia é mais importante que tudo. Para que as coisas possam andar, a gente precisa de união. No primeiro momento, vai haver essa desconfiança

Entre 2016 e 2017, Guto Ferreira comandou o Bahia em 57 jogos, conquistando 31 triunfos, 15 empates e 11 derrotas, um aproveitamento de 63,1%. Em 2016, ele conquistou o acesso para a Série A e, em 2017, o título da Copa do Nordeste.

Confira o que Guto Ferreira falou em entrevista coletiva

Saída do Bahia

A questão foi extremamente pessoal, de quem vivenciou praticamente 13 anos no Internacional. Foram 13 anos intensos, em vários setores do clube. Naquele momento de maior dificuldade do clube, você ser chamado. Tenta se colocar nessa situação, de que maneira você receberia esse convite? Foi uma situação que mexeu. Isso que contou, que foi mais forte. Naquele momento, deixando a competição, o Bahia vinha em um bom momento, a gente acreditava que teria um treinador que conseguiria tocar da melhor maneira o projeto.

Calendário extenso

Devido a um calendário extenso, vamos ter que ser inteligentes na utilização dos jogadores, para ter eles de tanque cheio, buscar os que estão melhores para aquele momento da partida. O todo, a essência, o Bahia não pode perder. Essa inteligência, esse trabalho da fisiologia do clube, da estrutura que o clube oferece, para fazer a melhor leitura.

É o calendário brasileiro. Saiu uma pesquisa dizendo que as equipes europeias que mais jogaram, jogaram em torno de 60 vezes. O Bahia, se atingir todas as finais, vai atingir 83 partidas. PE impossível. Voc.\e tem que ter um plantel forte para brigar de igual para igual. Sport, ano passado, esteve em quatro competições ao mesmo momento e não aguentou.

Elenco

Em torno de 25, 26 jogadores. Com cinco, você tem que ter um pouco mais, e valorizar todos eles, poder utilizar da melhor maneira. Tudo vem pelo número de competições que você está jogando, e a importância de cada uma delas. E, para o Bahia, todas elas são importantes.

Perseguir os sonhos

Mais do que pensar, a gente sonha. Sonhar é o primeiro caminho. Montar uma equipe mais forte possível e poder seguir forte a cada jogo, buscando estar o mais alto possível em termos de resultado. Quanto mais longe a gente chegar, melhor. O mais importante é não criar uma situação de correr por obrigação. Essa obrigação gera um peso muito grande. A gente tem que correr pelo sonho. É difícil, mas você pode.

Rodízio

Se você pegar o que fizemos em 2017, foi isso. No primeiro momento, utilizamos o máximo de jogadores que tivemos à disposição. Os que deram resposta de forma direta, foram utilizados no grupo. Rodrigo Becão e Capixaba, que deram resposta positiva, foram efetivados e tiveram oportunidades no Brasileiro, tanto que Juninho foi destaque no Brasileiro. Você tem que seguir lapidando e buscando o melhor momento. O planejamento para Juninho era esse ano, e ele acabou se antecipando. Você não tem o time exato, mas você espera o momento porque você acredita, e isso será feito. Desse perfil de trabalho depende o Bahia para poder qualificar o seu plantel.

Humanamente impossível. Você precisa recondicionar o jogador, passar modelo de jogo, situações de como marca, como são as transições, como marca pressão alta, pressão média, as jogadas ensaiadas, as bolas paradas. Como você vai fazer isso em 12 dias? Com os jogadores tendo que recuperar seu ritmo, e com ele jogando a cada três dias. De que maneira fazemos isso? Não tem outra maneira que não seja o rodízio. Vai depender muito do que temos em mão para formular o rodízio. Tudo isso é um processo, e esse processo vem sendo planejado, mas na medida que se divulgue questões de elenco, aí você pode analisar melhor.

Manutenção da base

Você não parte do zero. Isso é um ponto extremamente importante. São jogadores que vêm de uma campanha de qualidade, vêm com confiança alta e vão auxiliar os que chegam com uma mentalidade vencedora. Isso é de suma importância, esse foco, essa postura, essa maneira de pensar o vestiário. Isso contagia quem está chegando. Essa base tende a dar uma estrutura inicial. Não é a base que de repente vai ser a base final. Mas estrutura um início de trabalho.