Retrato fiel: entre glórias e quedas, Titi chega a 250 jogos pelo Bahia

No clube desde 2011, defensor alcança marca histórica com três títulos estaduais e um rebaixamento. Meta inicial é devolver Tricolor para a Primeira Divisão do Brasileiro

No Bahia desde 2011, capitão Titi ganha camisa comemorativa à marca alcançada (Foto: Divulgação/EC Bahia)

Dezembro de 2010. Poucos dias após conseguir o sonhado acesso à Série A, o Bahia começa a anunciar reforços para a temporada seguinte, a de retorno à Primeira Divisão. Um dos primeiros a chegar foi Christian Chagas Tarouco, o Titi. Contratado sob desconfiança da torcida, logo ele se tornou capitão da equipe. Após quatro temporadas e meia no clube, Titi é uma referência em um grupo que renasce dentro e fora de campo.

Ídolo das crianças, sinônimo de segurança para a torcida, respeitado por onde passa, retrato fiel do Bahia. Desde o final do ano passado, o jogador é o atleta do elenco com mais partidas pelo clube. Gaúcho de nascimento, baiano de alma, Titi completou no último sábado, no empate de 1 a 1 entre Bahia e América-MG, a marca de 250 jogos com a camisa tricolor. Homenageado nesta terça-feira, no Fazendão, o zagueiro falou sobre a marca. Para ele, alcançar tais números em um clube como o Bahia é a realização de um sonho.  

- (Fazer 250 jogos) é motivo de muita alegria. É um sonho realizado você poder chegar a um grande clube e fazer tantos jogos vestindo essa camisa. Hoje eu realizo um sonho, um desejo de garoto. Lá atrás eu sonhava em vestir a camisa de um grande clube, entrar talvez para a história. Hoje estou fazendo 250 jogos. Para mim, é uma realização mesmo – disse.  

Com a camisa do Bahia, Titi conquistou três campeonatos estaduais, após mais de dez anos de jejum, além de ajudado o clube a voltar a uma competição internacional, após mais de 20 anos de ausência. No entanto, ele também lutou por seguidos anos contra o rebaixamento, até a queda em 2014. Presente em tantos momentos da história recente do clube, o zagueiro prefere escolher sempre o próximo jogo como o mais importante da carreira.  

Já vivi muitos momentos felizes e tenho certeza de que sempre o próximo jogo será mais importante. Então sempre coloco isso na minha cabeça: que o próximo jogo sempre vai ser o mais importante, que eu tenho que dar o meu melhor.

Titi,

Zagueiro do Bahia

- Hoje em dia, no futebol, é difícil você encontrar pessoas quem vistam tanto tempo a camisa de um clube. E eu estou fazendo parte desse grupo. Cada dia é um desejo, um sonho diferente, uma felicidade diferente. Poder dirigir até o clube, treinar, fazer mais uma partida... Se fosse para escolher um momento, não teria um momento assim. Porque, em todo jogo, eu curto dentro de campo. Já vivi muitos momentos felizes e tenho certeza de que sempre o próximo jogo será mais importante. Então sempre coloco isso na minha cabeça: que o próximo jogo sempre vai ser o mais importante, que eu tenho que dar o meu melhor, tenho que fazer com que o torcedor novamente me aplauda e que eu sinta esse carinho, que sinto todos os dias dos torcedores do Esquadrão – disse.  

Líder de um grupo de jogadores experientes, Titi se manteve capitão durante quase todo o tempo em que vestiu a camisa do Bahia, com exceção do período em que perdeu a braçadeira para o então ídolo da torcida Marcelo Lomba. Ainda assim, na ocasião, Lomba, ciente da importância do “capitão”, dividiu com Titi a responsabilidade de levantar a taça de campeão baiano em 2014. Com espírito parecido com o do amigo e ex-companheiro, Titi prefere dividir o mérito de capitanear um clube bicampeão brasileiro.  

- A gente aprende a todo momento. Procura sempre escutar o mais experiente. Apesar de usar hoje a braçadeira de capitão, eu sempre estou aprendendo, estou sempre procurando ouvir dos mais experientes. Tenho ainda pouca idade, mas uma vivência boa no futebol, que me dá credibilidade para ser o capitão da equipe hoje. É mérito de um trabalho, dedicação, e do grupo todo, que entende facilmente aquilo que a gente pede, que a gente quer. E não é só o Titi que é o capitão. É o Kieza, o Maxi, o Chicão, o Léo Gamalho. É todo o grupo, que tem, por sua característica, de ser líder de equipe – disse.  

Para o futuro, o capitão prevê diversas metas, a primeira delas é devolver o Bahia à Série A. Em seguida, o tricampeão baiano sonha com mais títulos e uma entrada ainda mais significativa na história do clube, com a conquista de uma terceira estrela.  

- São tantas metas. A curto prazo, colocar o Bahia no seu devido lugar, conquistar grandes títulos, poder botar mais uma estrela no peito, mais uma faixa de campeão. Temos tudo para ser. O grupo que se formou esse ano foi um grupo maravilhoso de trabalho. Professor Sérgio resgatou, não só a autoestima de alguns jogadores, mas a autoestima do clube em si, do torcedor. Hoje a gente vê a Fonte Nova lotada, vê o torcedor comparecendo lá em Minas, fazendo uma bela festa. Sem dúvida nenhuma, acho que tinha mais torcedor do Esquadrão do que do próprio América-MG. E isso é gratificante. Você poder jogar sempre com o torcedor do seu lado, poder fazer sempre grandes jogos. Então isso, sim, é um motivo de alegria – disse o zagueiro.  

Se as metas e sonhos do zagueiro de voz de rouca e liderança que intimida os rivais vão se tornar realidade, somente o futuro dirá. De resto, ficam as marcas, as lembranças de grandes momentos e a expectativa pelos próximos 250 jogos. A única certeza paira sobre o dono da faixa de capitão.