Para preservar seus jovens jogadores, Standard Liège resolveu fechar portas do clube aos agentes

Robert-Louis-Dreyfus-Liege

Com a facilidade de se identificar novos talentos, possibilitada, entre outros motivos, pelas novas tecnologias, os maiores clubes do mundo têm contratado cada vez mais cedo suas estrelas. O caso de Martin Odegaard, o norueguês de 16 anos que, em um intervalo de alguns meses, chamou a atenção do mundo, rodou por centros de treinamento de grande parte dos gigantes europeus e acabou contratado pelo Real Madrid, é o mais emblemático desta nova cultura. E é procurando se defender dela que o Standard Liège fechará suas categorias de base para agentes.

Em seu site oficial, o clube belga divulgou um comunicado em que anunciava algumas mudanças na Academia Robert Louis-Dreyfus, seu centro de treinamento para jovens talentos. Chamando a atenção para o seu caráter formador, de destaque sobretudo na Bélgica, o time de Liège informou que o espaço passaria de semiaberto a exclusivo para apenas membros das comissões técnicas e da equipe que trabalha no local, educadores e, claro os jovens atletas.

Com exceção de alguns eventos abertos, como o torneio Kidibul, apenas esses profissionais serão aceitos no local. Uma estratégia para proteger melhor seus maiores talentos e mantê-los por mais tempo. Nos últimos anos, alguns dos destaques que saíram das categorias de base do clube foram Fellaini, Mirallas, Witsel e Benteke, embora este último tenha feito sua estreia como profissional pelo Genk.

Segundo estudo publicado em fevereiro deste ano pelo observatório de futebol Cies, o Standard Liège é  o 31º clube a ter mais jogadores de sua categoria de base atuando em equipes das cinco principais ligas europeias (Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França), com 32, mesmo número que o Bayern de Munique, por exemplo. Na Bélgica, que se notabilizou ultimamente como um celeiro de potenciais craques, lidera o quesito, com o Anderlecht, segundo colocado, tendo produzido 29 atletas que hoje jogam nestes campeonatos principais.

Com tanta vocação para formar atletas, é natural que o Standard Liège queira mantê-los o maior tempo possível, se fortalecendo para as disputas de campeonato que tem, mas também para valorizar seus passes e negociá-los por valores que permitam a manutenção do centro de treinamento como um local de excelência na formação de jovens jogadores. É verdade que a medida de se fechar aos agentes podem também fechar algumas portas para uns desses destaques, mas se tiverem capacidade mesmo, o talento se sobressai, e a oportunidade aparece. Sem falar que a própria sobrevivência desses clubes que servem de fornecedores para os gigantes é importante.