Em dezembro do ano passado, Guilherme Bellintani foi eleito presidente do Bahia. Desde então, o mandatário já vivenciou momentos bons e ruins no cargo. Os torcedores que ficaram insatisfeitos com o início ruim do Bahia na temporada e pediram a saída do técnico Guto Ferreira, depois comemoraram o título do Campeonato Baiano com dois triunfos sobre o rival Vitória.

Em entrevista ao site Globo Esporte, Guilherme Bellintani fez um balanço do seus primeiros meses comandando o Bahia. Porém, para ele, o sucesso da gestão não se dá apenas dentro de campo. Para o mandatário, o sucesso de um clube é uma questão econômica.

Guilherme Bellintani explicou, na entrevista, como pretende botar em prática a "virada econômica", maior objetivo da sua gestão. Segundo o presidente, algumas ações já foram iniciadas: novo plano de sócios, marca própria de uniformes e a renegociação do contrato com a Arena Fonte Nova. Além disso, o presidente falou sobre contratações, Cidade Tricolor e se pensou em demitir Guto Ferreira.

Confira a entrevista completa

O Bahia tem a cara de Guilherme Bellintani?
O clube não precisa ter a minha cara. Terá a cara do projeto que a gente propôs e que foi eleito, que é um projeto, por um lado, de dar sequência ao posicionamento institucional que o clube vem tendo, de recuperação financeira, de organização, seriedade, cumprimento dos seus compromissos; mas, por outro lado, promover uma virada econômica. A gente começou o ano, mesmo sendo um ano em que o Bahia avança na sua organização financeira, o Bahia não tem avançado significativamente na redução de suas dívidas. Essa redução é uma coisa muito pontual para o tamanho da dívida que a gente tem, que é R$ 200 milhões. A gente começou o ano com uma expectativa de receita de R$ 100 milhões, e uma expectativa de despesa de R$ 119 milhões, portanto isso gera um déficit de R$ 19 milhões. Qualquer presidente que começa sua gestão com um déficit de R$ 19 milhões, a gente fica ansioso para saber o seguinte: de um lado, tem o déficit; do outro, a expectativa enorme da torcida por ter um clube mais forte, um time mais competitivo, a gente participar mais como sendo precursor dos torneios onde jogue, no topo de onde jogue. É um dilema que a gente vive, tira um pouco nosso sono, nos deixa um pouco angustiado, saber que a expectativa é enorme, mas a restrição econômica do clube também é enorme. Mas a gente não veio e propôs o projeto para ficar reclamando. A gente está aqui para superar esse desafio. E como eu sempre disse: o desafio é econômico. É o desafio de entender que o futebol brasileiro é fortemente dependente, o seu sucesso ou insucesso dentro de campo, com o que você faz fora, sob o ponto de vista econômico. E a gente tem o Bahia, que ainda é um clube com 200 milhões de dívida, com déficit de R$ 19 milhões para 2018 e com alta expectativa da torcida. Repito: eu não vim para reclamar. Vim para superar esse tipo de desafio.

Promessas de campanha

[caption id="attachment_38643" align="aligncenter" width="730"] Guilherme Bellintani comemora resultado da eleição (Foto: Divulgação/E.C. Bahia)[/caption]

Acho que a gente já conseguiu implantar algumas coisas que a gente colocou na campanha, como por exemplo o projeto de dignidade aos ídolos, o próprio anúncio de uma marca própria de uniformes, que tem uma conceituação econômica muito importante. A marca própria não traz apenas a sensação de independência e pertencimento. Isso é importante. Mas ela traz, principalmente, uma esperança de avanço econômico, de o clube ganhar mais com royalties. Outra coisa importante é a renegociação do contrato da Arena. A gente deve ter uma ampliação de resultado econômico a partir disso. Importante destacar também a alavancagem do plano de sócios. Hoje – a gente está no mês de abril – fecharemos com 30% de sócios a mais do que abril do ano passado. Com pequenas modificações, a gente consegue alavancar o número de sócios. A gente fez uma pequena mudança no site, deixando o formulário mais limpo, mais célere. Isso já fez com que a gente saísse de 20% via internet para quase 40%. A gente traz uma atratividade maior. E olhe que a gente nem começou ainda a efetivar o novo plano de sócios. A gente já tem um crescimento apenas com pequenas iniciativas. Então, isso tudo é o começo de um processo, de fazer com que, ao longo dos três anos, a gente reposicione o elemento econômico Esporte Clube Bahia. Fazer com que o Bahia consiga reduzir a distância econômica que tem hoje para os grandes clubes com os quais a gente disputa o campeonato. A gente tem o Bahia como grande clube historicamente, pelas suas conquistas, pelas suas memórias, mas o clube, do ponto de vista econômico, é um clube médio, porque a gente não tem condição de ter competitividade econômica com esses clubes. O que a gente tem que fazer é que a nossa grandeza histórica e de conquistas se equivalha e se reflita em grandeza econômica também.

Plano de sócios
Algumas coisas, a gente já começou a divulgar. A gente vai fazer um lançamento gradativo. Reposicionamento dos nomes, das posições dentro do estádio, reconfiguração dos preços, quase todos eles reduzindo o preço. Por exemplo, o plano que era R$ 40 passou a R$ 45, no plano contribuinte normal. Mas ele inclui agora uma camisa exclusiva. Então, na verdade, ele é um barateamento. Por cinco reais a mais, você compra uma camisa exclusiva, uma camisa de jogo, oficial, por ano, desde que complete as 12 primeiras parcelas. O plano que era R$ 88, que era o chamado Norte/Leste, que hoje a gente chama de cadeira, ele passou para R$ 90, acrescentou apenas R$ 2 por mês, que é menos do que o reajuste financeiro da inflação do período, mas ele também inclui uma camisa oficial gratuita. Pelo menos. O Oeste, que era R$135, passou para R$ 120 e agora é chamado de cadeira especial, também é um barateamento direto. O torcedor paga R$ 20 reais a menos nesse plano. Isso tudo, a gente vai configurando uma mudança significativa no plano, em nomenclatura, em preço e uma série de outros desdobramentos. Agora, vem muito mais por aí.

Marca própria
A gente está no destrato final com a Umbro. Estamos discutindo isso, sempre com muito respeito, porque é uma empresa que sempre tratou o Bahia muito bem, portanto a gente quer que esse processo de finalização também seja cuidadoso, respeitado. A gente ainda tem uma missão a cumprir com a Umbro. Assim que a gente conseguir cumprir essa missão, a gente implementa a marca própria de uniformes. Mas em pouco tempo a gente deve divulgar o prazo para essa implementação da marca própria.

Camisa em homenagem à Rússia
A gente tem muita segurança na qualidade do material da Umbro. Qualidade que eu falo no sentido de uso especifico do material, de processos de escolha, processos de design. A gente não tem motivos para reclamar da relação e dos resultados que tivemos com a Umbro nos últimos anos. A nossa escolha por uma marca própria é muito mais no sentido de viabilizar uma virada econômica do clube do que propriamente uma insatisfação com a Umbro. Em relação a essa camisa mais recente, eu acho uma camisa que honra e respeita as tradições do clube, é uma camisa que mostra a seriedade e qualidade que a Umbro tem. Da nossa parte, a gente entendeu como muito positiva. O que o torcedor deseja é mais do que isso, e daí a nossa busca por um uniforme com marca própria, porque o que ele deseja é participar mais do processo. O Bahia tem se configurado como um clube muito aberto na sua relação com o seu torcedor, democrático, e essa relação precisa se estender a processos como esse, de escolha, eleição do seu próprio uniforme. Foi uma proposta ousada e inusitada do Bahia, e que a gente espera que isso seja projetado para outros clubes, para que o futebol brasileiro fique cada vez mais participativo nesse aspecto. Acho que o que falta na relação com a Umbro é esse mergulho na cabeça do torcedor, no desejo que ele tem de participar das composições, dos atos mais relevantes do seu clube. É isso que a gente busca com a marca própria de uniformes.

Campeonato Baiano com o sub-23?
Isso é uma escolha que a gente vai fazer ao longo do tempo. Eu fiz muitas críticas ao Campeonato Baiano, especificamente depois daquele julgamento do Tribunal de Justiça Desportiva, que foi um julgamento muito ruim, que não deu uma qualidade técnica mínima para que a gente sequer olhasse com respeito para aquela decisão. O próprio TJD se recuperou, na nossa análise, em parte, quando reconheceu ali a existência daquele desejo objetivo e premeditado, intencional, melhor dizendo, de o Vitória sair de campo. Depois puniu, e o STJD confirmou as punições implementadas. O campeonato recuperou o seu ponto de seriedade mínima ao longo do processo, e entendo que terminou de pé, terminou sendo respeitado. Mas, no geral, a gente entende que o campeonato tem que mudar muito. Não só o Campeonato Baiano, como várias competições nacionais. A gente já começou esse processo, discutimos isso muito com a Federação Bahiana, fizemos uma escolha de fazer uma análise propositiva no sentido da transformação do campeonato. E ao longo de 2018, a gente vai discutir muita coisa do campeonato de 2019, e a depender dessas circunstâncias e da estratégia específica do clube para 2019, a gente vai escolher como a gente joga. Então, não há uma posição firmada em relação a isso. Não dá para dizer que vai jogar com o sub-23 por vingança, porque a gente discorda do campeonato. Nessas circunstâncias, é melhor buscar outra saída. Eu acho que o campeonato tem uma chance grande de se recuperar. E o Bahia, entre negar o campeonato e propor uma transformação, a gente escolhe o segundo caminho, que a gente acredita que é possível.

Copa do Nordeste

[caption id="attachment_41533" align="aligncenter" width="730"] Guilherme Bellintani concede entrevista coletiva (Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia)[/caption]

Primeiro, há um contentamento muito grande. A competição é muito bem referenciada, desejada por nós, tida, por mim, hoje, como uma das principais competições que a gente tem a disputar, um campeonato charmoso, que caiu no gosto da torcida. Mas o formato que ele está colocado hoje, ele está começando a se aproximar do que eu chamo de “estadualização” da Copa do Nordeste. Veja essa primeira fase da Copa do Nordeste, que nós jogamos seis partidas sem nenhuma atratividade de público, sem a vibração do torcedor, com partida de ida e volta com times que não têm uma tradição maior, e isso faz com que o torcedor se empolgue menos. A gente teve jogos com cinco mil pessoas na Fonte Nova, o que é ruim para a história do Bahia, e é atípico. Então, entre esperar que a coisa acabe, ou vá minguando, e propor uma intervenção antes dessa míngua, a gente prefere propor a intervenção. Então o Bahia provocou outros clubes, nos reunimos com seis, sete clubes mais relevantes do Nordeste, apresentamos o que achamos que era ideal, essa proposta foi bem aceita, foi contribuída, ou seja, o resultado é resultado de uma contribuição coletiva com todos esses clubes a partir dessa provocação inicial do Bahia. Apresentamos isso à Liga, e acho que, em breve, a gente vai ter a afirmação dessa nova fase da Copa do Nordeste, que é um campeonato mais competitivo, mais atraente para o torcedor desde o seu primeiro jogo, e não apenas que ele vire atraente nas semifinais e finais, por exemplo.

Novo formato para o Nordestão
A ideia que a gente apresentou foi a ideia de um campeonato de pontos corridos com até 12 clubes. Então, com 12 clubes, a gente tem 11 jogos na primeira fase. Não são jogos de ida e volta. Se você joga com um clube fora, você não joga com ele dentro [de casa]. São apenas onze datas. Do primeiro ao quarto, se classificam para a fase seguinte. O primeiro joga contra o quarto e o segundo contra o terceiro nas semifinais. Depois, as finais. A gente mantém o espírito do mata-mata, mas faz uma fase classificatória mais intensa. Para se ter uma ideia, a gente teve até agora seis rodadas da Copa do Nordeste e praticamente nenhum clássico em todos os grupos. O único clássico maior foi Bahia e Náutico. Todos os outros grupos passaram à margem de ter clássicos entre os sete maiores do Nordeste, que são Bahia e Vitória, Santa Cruz, Sport e Náutico e Ceará e Fortaleza. Nada contra os outros clubes, que têm uma participação importante e dão força à competição, mas é preciso entender que, se a gente abre demais a competição, a própria competição perde intensidade, perde força e perde interesse. Essa é a proposta. E também uma pré-copa, uma Série B, seja lá que nome se dê, de acesso, para fazer com que vários outros clubes tenham a chance de ascender a Série A. Dos 12, dois descendem, e dois que estão nessa Série B ascendem.

Chance de deixar o Nordestão?
Eu não gosto de discutir uma reconstrução de um torneio colocando como premissa que, se a nossa proposta não for aceita, a gente não vai jogar. Eu não acho que isso seja o espírito democrático. Eu não acho isso propositivo, sob o ponto de vista de construção coletiva. Agora, é preciso estar alerta, e o Bahia tem o dever de liderar esse alerta junto com outros clubes; no modelo que está hoje, a competição remunera muito mal. Quer dizer, os clubes recebem menos de 20% do que o Campeonato Carioca paga aos seus clubes. Quer dizer, será que a Copa do Nordeste vale um quinto do que vale o Campeonato Carioca? Essa é a reflexão que a gente quer fazer. Quer dizer, remunera mal, e por que que remunera mal? Porque tem um campeonato que o modelo é pouco competitivo, e os próprios clubes ainda não tomaram a devida importância daquele campeonato. Se o campeonato do jeito que está, não é só o Bahia que vai se desinteressar por ele. Se o campeonato continuar do jeito que está, haverá o desinteresse da torcida nordestina por ele. E é para isso que a gente está alertando. Veja que esse ano a gente vai fazer semifinais e finais ao longo da Copa do Mundo. O impacto negativo para a competição é enorme. Se tiver que botar o dedo na ferida, o Bahia vai botar. A gente não vai fugir disso. Agora, em vez de ficar dizendo “se não for assim, eu não jogo”, a gente precisa alertar que, se não for uma mudança radical no conceito da competição, a torcida não vai para o estádio. E se a torcida não vai para o estádio, não faz sentido os clubes participarem.

Desempenho do Bahia
Olha, primeiro que agrada, porque a gente ganhou um campeonato importante. Ganhamos um campeonato disputado com outra equipe de Série A, o nosso maior rival. Ganhamos com melhor pontuação, melhor ataque, melhor defesa. Conseguimos fazer um resultado que nos agradou. Naturalmente, falta ainda um time e uma postura em campo que faça o torcedor vibrar mais com o triunfo. Nós ganhamos o campeonato, mas não fizemos um campeonato alegre, que fazia o torcedor do Bahia sair dizendo: “Que bom vir ver o Bahia jogar”. Isso a gente continua buscando e vai encontrar. O foco é em trabalho. A gente precisa trabalhar intensamente com as nossas circunstâncias de inquietações, de desejos não atingidos, que aí eles vêm. Se a gente entender que apenas vale se lamentar porque não está conseguindo nada, ou simplesmente não conseguir e achar que está tudo bom, nenhum dos dois caminhos estão certos. Então, o trabalho vai fazer com que a gente atinja os nossos objetivos.

Guto Ferreira esteve ameaçado?

[caption id="attachment_41000" align="aligncenter" width="730"] Guto Ferreira concede entrevista coletiva (Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia)[/caption]

Não, a gente sempre acreditou no trabalho, sempre afirmou que os resultados, primeiro, às vezes eles demoram mais do que a gente imagina como necessário. Mas quem acompanha o Bahia no dia a dia via que o resultado ia chegar, que o time ia crescer, e de fato, o time conseguiu, a partir do jogo contra o Altos, a gente conseguiu embalar. E mesmo vaiado no intervalo... O time foi vaiado no intervalo e no final. O time ganhando de 5 a 2, é um fenômeno difícil de entender, mas, enfim, a gente tem que respeitar. Desde aquilo, a gente viu o time acelerando para ganhar a competição. E a gente que vê o dia a dia, acompanha treino, que acompanha a seriedade e o equilíbrio que o grupo tem hoje, a gente via que o resultado ia chegar. Agora, repito: o resultado não pode ser um elemento para a gente entender que está tudo bem, tudo ótimo e que agora a gente vai diminuir a intensidade do trabalho e vai continuar achando que as lacunas que estão aí serão colocadas para o lado e a gente não vai ajudar a superá-las, entendeu? Longe disso.

Contratações
O nosso DADE trabalha muito isso, o próprio Diego Cerri, diretor de futebol, a nossa comissão técnica, eu, presidente, Vitor Ferraz, vice-presidente, Pedro também. A gente sempre está alerta a isso. O que a gente tem muito claro é que a contratação não é a única forma de solução de lacunas de um time. O próprio time do Campeonato Baiano mostrou isso. A gente começou e terminou com o mesmo time praticamente. Com o mesmo elenco. Mas a gente começou de um jeito e terminou de outro jeito. Então, tem outras soluções para dentro de campo que vão além da contratação. A contratação é a solução mais imediata para satisfazer a torcida. É a solução mais fácil, entre aspas, para o dirigente, porque ele transfere a responsabilidade e não assume para si. Mas ela nem sempre é a solução mais adequada. A gente tem um elenco muito forte, que tem peças de reposições, com características diferentes e complementares. A gente precisa estar em busca de contratação, mas essa não é necessariamente a solução para todos os problemas que a gente identifique dentro de campo.

Os envolvidos na confusão do Ba-Vi foram punidos?

[caption id="attachment_40831" align="aligncenter" width="730"] Confusão ocorrida em Ba-Vi no Barradão (Foto: Margarida Neide/Ag. A Tarde/Futura Press)[/caption]

Não, a gente decidiu não punir, porque a gente esperou o posicionamento final do tribunal, e a punição que o Tribunal deu a Becão e a Edson, no nosso entendimento, já foram punições bem equilibradas e justas em relação ao que a gente poderia punir aqui dentro. A gente entendeu que alguns casos, como o do Lucas, foi uma punição exagerada, porque ele sequer deveria ter sido expulso; o nosso entendimento também é que o próprio Vinícius não poderia ter sido expulso, porque ele fez apenas a comemoração e podia no máximo tomar um cartão amarelo. Então a gente entende que o peso que teve sobre Becão e sobre Edson, que foi o afastamento da edição do Campeonato Baiano 2018, já foi suficiente. Conversamos muito com os atletas e estamos sempre provocando uma mudança de postura com o aprendizado que tivemos.

Meta na Série A
Eu acho que a gente tem buscado sempre ser mais competitivo em cada competição que a gente participa. Não estamos colocando meta de competição. O que a gente quer é um time competitivo, um elenco satisfeito, que vibre e honre a camisa do clube. Cada dia dando um novo passo, cada dia subindo um novo degrau.

Mudanças na base
Ah, já mudou muita coisa. Não só na transição do Marcelo Lima para o Marcelo Vilhena, mas uma das coisas que a gente mais colocou ao longo da campanha foi a crítica que fizemos às divisões de base nas gestões anteriores. Conversei muito com Marcelo [Sant’Ana, ex-presidente], com Pedro [Henriques, antigo vice-presidente]. E eu participei muito, como conselheiro, eu acompanhei muito a gestão, e a gente via que era uma lacuna, porque também é uma gestão que priorizou outros temas. Não conseguiu abraçar tudo. É natural isso. Mas a diferença que a gente vê hoje, do que a gente já consegue implementar hoje para o que via antes, já é muito significativa. A gente teve uma mudança de equipe, de postura de atletas, uma mudança muito intensa de metodologia de treinos. Quem acompanha o Bahia hoje, do que eram os seus trabalhos, de metodologia de treino, para o que é hoje, quem acompanha o dia a dia do clube já vê algo absolutamente diferente do que era feito há seis meses atrás. Estou falando de todas as categorias. A gente tem uma implantação de uma nova metodologia que já no médio prazo vai ter impacto dentro de campo. Então, quem acompanha o dia a dia do Bahia já vê que o que acontecia há seis meses atrás é bem diferente do que acontece hoje. E a gente está só no começo. A gente quer fazer na base uma aposta muito grande para o futuro.

Centros de captação no interior
Está bem, a gente está identificando pelo menos dois deles, que devem ser anunciados entre 60 e 90 dias, e esse é um processo gradativo até 2020. Não é simplesmente o ato de abrir um polo do Bahia no interior ou em outra cidade do Nordeste. É principalmente abrir um polo estratégico. É saber onde tem formação de atletas não contemplada por outros clubes. Atletas se perdem muitas vezes sem se profissionalizar, sem frequentar categorias de base, e que tem ali uma formação de talentos muito diferenciada. Para isso, a gente precisa ver estrutura, metodologia, capacidade de pessoas que vão gerenciar esse projeto em cada uma dessas cidades para fazer a melhor escolha possível. Esse processo está muito adiantado, pelo menos em dois desses sete polos, e a gente deve anunciar nesses próximos meses.

Reforços para o sub-23
Sim, a gente tem procurado constituir o sub-23 com atletas jovens, que possam honrar a camisa do clube nesse novo torneio e quem sabe até atletas que possam migrar para o profissional. Isso é muito importante, o campeonato começa no final de maio, em mais duas ou três semanas a gente já tem esse time formado, seja com atletas que vão chegar ou que nós já hoje.

Cidade Tricolor

[caption id="attachment_26172" align="aligncenter" width="730"] Cidade Tricolor (Foto: Divulgação)[/caption]

Tudo na Cidade Tricolor permanece como a gente previu, dentro do nosso planejamento estratégico, como um desejo de mudar em 2019, um desafio orçamentário para essa mudança de adequações e uma série de outras coisas que precisam ser feitas, e uma migração ao longo de 2019. Demos entrada nesse projeto pela Lei Nacional de Incentivo ao Esporte. Fizemos isso com uma crença que temos de que é uma forma que tem de captar recursos num volume maior e num tempo mais reduzido. E com essa possibilidade da lei nacional vamos fazer as reformas que precisamos.

Futuro do Fazendão
Aí o Conselho vai definir o futuro do Fazendão. O Conselho Deliberativo e a Assembleia de Sócios. Lógico que a Diretoria Executiva vai propor caminhos para o Fazendão, mas entendendo que essa uma decisão muito importante para que saia da cabeça do presidente ou do vice-presidente. A gente vai levar ao Conselho, a Assembleia, como prevê o estatuo, mas acima de tudo, na nossa crença de que é uma decisão importante e estratégica demais para a gente tomar sozinho. A gente tem que dividir, tem que compartilhar. A tendência, naturalmente, é de não aproveitamento do Fazendão e, consequentemente, de uma venda. Mas quem vai afirmar isso é o Conselho Deliberativo e a Assembleia Geral de Sócios.