Sí, se puede: Equador bate Honduras e assume segundo lugar no Grupo E

Com muito apoio de sua torcida, La Tri vence Catrachos por 2 a 1 de virada, com dois gols de Enner Valencia, e aumenta suas chances de classificação

Nos últimos dois dias, Curitiba foi tomada por apenas um grito. Equatorianos, em maior escala, e hondurenhos gritavam a todos os lados que “sí, se puede”. Se a canção das duas torcidas era parecida, assim como a esperança delas, apenas um time poderia sair da Arena da Baixada nesta sexta-feira com possibilidades reais de seguir na Copa do Mundo. E, com o grande apoio de seus compatriotas, o Equador foi o sobrevivente: venceu Honduras por 2 a 1 e melhorou sua situação no Grupo E.

Com três pontos, os equatorianos assumiram a segunda posição da chave, empatado com a Suíça, mas com vantagem no saldo de gols. Já Honduras, sem pontuar, está quase eliminada da Copa: precisa vencer a Suíça na última rodada, na próxima quarta-feira, no Maracanã, torcer pela derrota do Equador para a França, que jogam no mesmo dia na Arena da Amazônia, e ainda tirar uma diferença de quatro gols de saldo. A torcida catracha ainda pode cantar que é possível, mas a situação ficou muito complicada.

O herói da partida foi o atacante Enner Valencia, autor dos dois gols na virada equatoriana. O jogador chegou a três gols no Mundial. Por outro lado, outro destaque foi a torcida, que dominou o estádio e não parou de manifestar sua crença de que era possível vencer e manter o sonho de avançar no torneio.

Anfitrião”, Equador domina primeiro tempo

O Equador parecia jogar em casa. Com superioridade nas arquibancadas, logo assumiu a postura de anfitrião, tocando a bola no campo de ataque. Honduras, por sua vez, aceitou de bom grado o papel de visitante: se recolheu na defesa e passou a esperar um erro do rival.

Enner Valencia puxa a fila para comemorar um dos gols do Equador na partida

Para superar a defesa catracha, o Equador se apoiou numa linha ofensiva com quatro nomes. Teoricamente meias, Antonio Valencia e Montero iam à frente e faziam companhia a Enner Valencia e Caicedo. Este último era o mais acionado, fazendo o pivô e distribuindo as jogadas. Mas faltava mais toque de bola. Tanto que no primeiro lance de perigo ocorreu num lançamento longo de Erazo para Enner, que saiu nas costas da zaga hondurenha, mas chutou por cima do gol.

Honduras não se desesperou. Manteve a estratégia, e foi recompensada aos 30 minutos. Num chutão da zaga catracha, Guagua não conseguiu cortar e deixou a bola para Costly. O atacante hondurenho avançou livre, invadiu a área e chutou forte, sem chance para Domínguez, encerrando um jejum de sua seleção, que não marcava gols em Copas desde 1982.

Ainda no primeiro tempo, Costly marcou o gol de Honduras, evitando um recorde negativo para sua seleção

O lance abalou momentaneamente o Equador, mas a reação foi rápida, para alívio e delírio da torcida. Aos 33 minutos, Paredes fez boa jogada pela direita e chutou cruzado. A bola passou por todo mundo e chegou a Enner Valencia, que, desta vez, não desperdiçou e deixou tudo igual.

Apesar de não conseguir trocar passes, Honduras até ameaçou nos minutos finais da primeira etapa, mas em lances fortuitos. Primeiro, Bernárdez bateu falta com força, mas Domínguez espalmou. Depois, Costly cabeceou na trave, e Bengston completou para as redes, mas o árbitro anulou o lance - a conclusão foi feita com o braço.

“Sí, se puede”

Cientes de que um empate complicaria bastante a classificação, as duas seleções voltaram mais abertas para o segundo tempo. Não que isso, no início, significasse chances de gol: a partida ficou embolada, com muitos erros no meio de campo.

Jogo foi muito pegado do início ao fim na Arena da Baixada

Aos poucos, a partida melhorou. Mais ofensiva, Honduras ameaçou em chutes de Bengston e Beckeles de fora da área, bem defendidos por Domínguez. O Equador, ainda confuso na construção de jogadas, tinha espaços, mas errava demais.

Mas, para a torcida equatoriana, tudo é possível. Num momento em que La Tri cambaleava e via o rival mais perigoso, veio a virada, aos gritos tradicionais de “Sí, se puede”. Aos 19 minutos, Ayoví cobrou falta na cabeça de Enner Valencia, que testou no canto esquerdo de Valladares, marcando seu terceiro gol na Copa.

A vantagem fez o Equador recuar, e Honduras se lançou de vez em busca do empate. Entretanto, os catrachos esbarravam nas próprias limitações técnicas e não conseguiam criar muitos lances de perigo, apesar do nervosismo equatoriano proporcionar muitos lances de bola parada. Além do mais, os centro-americanos pareciam jogar com um a menos, já que o apoio das arquibancadas era majoritariamente para La Tri.

Assim, não foi possível superar a defesa do Equador, reforçada animicamente por seus torcedores. No duelo da esperança, La Tri tem bem mais motivos para continuar cantando que é possível avançar na Copa do Mundo.


Honduras 1 x 2 Equador

Copa do Mundo - Grupo E


Local: Arena da Baixada, em Curitiba (PR)

Data: 20 de junho de 2014, sexta-feira

Horário: 19 horas (de Brasília)

Árbitro: Benjamin Willians (Austrália)

Assistentes: Matthew Cream e Hakan Anaz (ambos da Áustralia)

Cartões Amarelos: Bernárdez, Bengston (Honduras), Antonio Valencia, jefferson Montero e Enner Valencia (Equador)

Gols: Honduras: Costly  31’ 1º T; Equador: Enner Valencia 34’ 1º T, 20’ 2º T

Honduras: Valladares; Beckeles, Bernárdez, Figueroa e Izaguirre (Juan Carlos Garcia); Garrido (Martinez), Claros, Garcia (Chavez) e Espinoza; Bengston e Costly

Técnico: Luis Fernando Suárez

Equador: Dominguez; Ayoví; Erazo, Guagua e Paredes; Noboa, Minda (Gruezo), Antonio Valencia e Jefferson Montero (Achilier); Enner Valencia e Caicedo (Edson Mendez)

Técnico: Reinaldo Rueda

O CARA

Parece que só Enner Valencia pode fazer gol pelo Equador. Não que tenha faltado oportunidades de outros marcarem, mas quem decidiu mesmo foi o jogador do Pachuca. Quase sempre bem posicionado, o atacante conhece os atalhos do setor ofensivo e sabe onde estar para balançar a rede. Empatou a partida aparecendo na segunda trave para completar um chute e fez mais um de cabeça, depois de ter feito gol quase idêntico contra a Suíça.

OS GOLS

31’/1T: GOL DE HONDURAS!

Chutão de Beckeles para a frente encontra Costly. O atacante domina, se livra de Guagua e bate forte, baixo, para abrir o placar.

34’/1T: GOL DO EQUADOR!

Paredes ajeita a bola na direita, tenta o chute, mas a finalização vira assistência para Enner Valencia, que aparece na segunda trave para completar para o gol.

20’/2T: GOL DO EQUADOR!

Em cobrança de falta da esquerda, Ayoví levantou a bola na cabeça de Valencia, que, na segunda trave, subiu mais alto que a zaga hondurenha para virar o jogo para os equatorianos.

A TÁTICA

Escalações de Honduras e Equador

Ambas as equipes foram para o jogo com um 4-4-2 em linha e com propostas claras de ataques pelas pontas. Costly era o mais próximo do gol no ataque hondurenho, enquanto Enner Valencia tinha esse papel no Equador. Os laterais equatorianos apoiavam mais que os de Honduras, e os meio-campistas centrais da Tri conseguiram controlar mais o setor, influenciando significativamente na posse de bola.

A ESTATÍSTICA

7

Enner Valencia fez sete gols em seus últimos seis jogos com a seleção equatoriana. Na Copa do Mundo, só ele balançou a rede com a camisa da Tri.

Atuações: Enner Valencia decide em "dia elegante" de Frickson Erazo

Atacante faz dois gols e poderia ter terminado com três caso aproveitasse perfeito lançamento do flamenguista, que ainda não teve culpa alguma no gol hondurenho

VALLADARES - GOLEIRO

Nada pôde fazer em nenhum dos gols equatorianos, mas também não fez nenhuma defesa fora do normal.

Nota: 5,0

BECKELES - LATERAL-DIREITO

Falhou no primeiro gol de Enner Valencia, permitindo ao camisa 13, que estava em suas costas, tomar-lhe a frente e empatar. No segundo tempo, deu um bom chute, mas Dida Martínez o parou.

Nota: 4,0

BERNARDEZ - ZAGUEIRO

Começou muito nervoso, levando cartão logo aos sete minutos, mas esteve um pouco acima de seu companheiro. Quase fez o segundo gol de seu time numa bomba de pé esquerdo.

Nota: 4,5

FIGUEROA - ZAGUEIRO

Visto pelos hondurenhos como o principal jogador da seleção, não fez nada de interessante e ainda cobrou falta bizarra.

Nota: 4,0

IZAGUIRRE - LATERAL-ESQUERDO

Sofreu com os avanços de Paredes e ofensivamente não apresentou nada de intertessante.

Nota: 5,0

GARCIA - LATERAL-ESQUERDO

Tão tímido quanto o titular da posição.

Nota: 5,0

JORGE CLAROS - VOLANTE

Não conseguiu substituir Wilson Palacios à altura. Ineficaz no combate, menos participativo ainda na criação.

Nota:4,5

GARRIDO - VOLANTE

Não foi muito bem, porém também não teve muito trabalho com Antonio Valencia.

Nota: 5,0

MARTINEZ - MEIA

Entrou para aumentar o poder de criação de Honduras, mas não teve sucesso.

Nota: 5,0

ESPINOZA - MEIA

O mais sóbrio do time hondurenho. Participativo, bom no combate e ótimo na criação. Tentou o gol a todo instante.

Nota: 6,5

BONIEK GARCÍA - MEIA

Muita correria e pouca efetividade. Seu xará mais famoso, o polonês, deve ter se decepcionado.

Nota: 4,5

CHAVEZ - MEIA

No mesmo nível de quem substituiu.

Nota: 4,5

BENGSTON - ATACANTE

Um bom chute e um gol de mão. Muito pouco.

Nota: 5,5

COSTLY - ATACANTE

Finalizou perfeitamente na única chance que teve e quebrou jejum de 32 anos sem gols de Honduras em Copas.

Nota: 6,0

DOMÍNGUEZ - GOLEIRO

Defesaça em falta cobrada por Bernardez e uma boa intervenção em arremate de Bengston

Nota: 6,5

PAREDES - LATERAL-DIREITO

Foi dele o chute que resultou no primeiro gol de Enner Valencia. Com fôlego de leão, esteve em todos os cantos do campo. Um dos melhores.

Nota: 6,5

GUAGUA - ZAGUEIRO

Falha feia no gol de Costly e muitos chutões

Nota: 4,0

ERAZO - ZAGUEIRO

Justificou o apelido de Elegante com um belo drible e um ainda melhor lançamento para Enner Valencia, que perdeu boa chance. Muito bem

Nota: 7,0

AYOVÍ - LATERAL-ESQUERDO

Participativo e autor da assistência para o segundo gol. Outro que foi bem.

Nota: 6,5

MINDA - VOLANTE

Atuação regular, sem maiores problemas com Boniek.

Nota: 5,5

GRUEZO - VOLANTE

Teve pouco tempo para apresentar qualquer coisa diferente, mas não comprometeu

Nota: 5,0

NOBOA - VOLANTE

Muitos erros de passes em lances que poderiam originar grandes jogadas para seu time.

Nota: 4,5

MONTERO - MEIA

Muito veloz, mas pecou sempre na hora de decidir. Poderia ter feito mais.

Nota: 5,5

ACHILIER - VOLANTE

Entrou nos acréscimos.

Sem nota

ANTONIO VALENCIA - MEIA

Abaixo do que se espera dele. Só apareceu nas bolas paradas.

Nota: 5,0

ENNER VALENCIA - ATACANTE

Um grande chance perdida, mas dois gols, muita transpiração. Já tem três gols em dois jogos. Decisivo.

Nota: 7,5

CAICEDO - ATACANTE

Mostrou muito talento, mas não foi incisivo. Pode fazer mais neste Mundial.

Nota: 6,0

ÉDISON MENDEZ - MEIA

Entrou para cadenciar o jogo no fim e fez bem seu papel.

Nota: 6,0


Fonte: Felipe Schmidt/GE.COM - Leonardo de Escudeiro/Trivela

Foto: Reuters e Getty Images