De volta ao Baianão, Júnior projeta revitalização da carreira na Juazeirense

O centroavante Júnior, conhecido como Diabo Loiro, vai voltar a disputar o Campeonato Baiano, dessa vez com a camisa da Juazeirense. Após passar cerca de seis meses parado, por motivos pessoais, o veterano de 37 anos disputou o Campeonato Cearense com a camisa do Tiradentes antes de voltar para a Bahia, e afirma que pretende disputar o Campeonato Brasileiro: "Para voltar a jogar, às vezes a gente tem que começar de baixo pra depois subir de novo", afirmou. Júnior ainda comentou sobre o carinho que tem com Bahia e Vitória, e falou sobre a possibilidade de voltar a defender o tricolor como um acordo para quitar as pendências que o clube tem com ele.

BN: Como é voltar a disputar o Campeonato Baiano depois de passagens por Bahia e Vitória?

Júnior: Eu vim mais pelo desafio, pela vontade de voltar a jogar. Eu passei os últimos seis meses sem jogar por escolha minha, por problemas particulares, mas nunca deixei de treinar. Em dezembro, deu a vontade de jogar futebol novamente. É claro que quando você passa muito tempo parado, poucos clubes abrem as portas, então no meu caso tive cinco jogos pelo campeonato cearense, e agora estou indo fazer dois jogos pelo Juazeirense, podendo jogar a semifinal e a final também. Então pra mim é mais por jogar, por voltar à forma, à ativa, ter aquela rotina de novo de treinamento com o grupo. Passei muito tempo treinando sozinho, mas hoje a cabeça do Junior é outra. Para voltar a jogar, às vezes a gente tem que começar de baixo pra depois subir de novo. Eu estou com 37 anos e voltar a jogar agora me desperta muita coisa, faz com que eu pense até em uma carreira novamente. Já descansei o que tive que descansar, tenho 18 anos de profissão, tava cansado de viajar depois de 12 anos na Europa, vim para a Bahia, precisava estar um pouco perto da minha família, com as minhas filhas. Mas agora que eu recarreguei a bateria estou cheio de vontade de jogar, e quem sabe quando terminar o Campeonato Baiano e minha participação com a Juazeirense, eu possa ir para outra equipe para disputar o Campeonato Brasileiro.

BN: Como está a sua condição física no momento?

J: Quando jogava no Bahia estava com 92 kg, e hoje estou com 86 kg. Eu perdi seis kg lá em Fortaleza treinando, e todos os meus amigos perguntavam pra mim “por que você não volta a jogar?”. Então eu vi que ainda tinha condição de voltar. Lá no Campeonato Cearense fiz cinco jogos, fiz gol contra o Fortaleza e contra a Ferroviária, jogando os 90 minutos em todas as partidas e me senti muito bem.

BN: Por que sair do Tiradentes e vir para a Juazeirense?

J: Porque terminou o campeonato, o time não classificou. Eu cheguei pra jogar só cinco jogos a convite do presidente. Terminou e o time não classificou para a próxima fase. Joguei, tenho portas abertas lá, gostei de ter voltado e de ser bem recebido, e agora eu estou bem pra jogar no Juazeirense. Acertei com o presidente, o deputado Roberto Carlos, que me indicou pra ele. Ele me ligou, disse “Diabo Loiro, venha pra cá e a gente aqui na cidade vai te dar todas as condições pra que você ajude a gente, e a gente te ajude”. Então, eu vim a convite do deputado, estou bastante feliz, fui bem recebido.

BN: Você conhecia alguém no clube?

J: Não conhecia ninguém, só o Silvestre, porque já tinha jogado contra.

BN: Você vai voltar a disputar o Campeonato Baiano depois de dois anos, com uma fórmula nova. Ela é favorável?

J: Eu acho que houve um benefício. É claro que o Bahia e Vitória estão em outras competições, estavam na Copa do Nordeste e hoje em dia ficaria muito puxado se eles começassem o Campeonato Baiano. Aconteceu a mesma coisa no Campeonato Cearense, e eu acho que é justo. Pra falar a verdade eu não tenho muito que falar, mas pelo número de jogos que Bahia e Vitória jogam, se acrescentassem mais 15 ou 20 jogos do estadual, ficaria muito pesado. Então eu acho que beneficia os clubes grandes e o que importa é a reta final mesmo.

BN: Como vai ser jogar contra Vitória, onde você foi ídolo?

J: É verdade. Tenho um carinho muito grande pelo Vitória, e ao mesmo tempo tenho um carinho pelo Bahia também. Joguei nas duas equipes, mas é claro que o que aconteceu comigo no Vitória foi inesquecível. Marquei 30 gols e foi um ano muito abençoado pra mim. E voltar ao Barradão e jogar contra o Vitória vai bater nostalgia, mas a gente é profissional e tem que defender as cores do nosso time. Vai ser uma tarde especial pra mim, estar de volta ao Campeonato Baiano, estar de volta ao Barradão, eu até pensei que nunca mais fosse pisar nesse gramado e agora estou tendo a oportunidade de voltar aqui.

BN: O jogo vai ser em Pituaçu, onde você fez muitos gols também. Qual foi o que te marcou mais?

J: Foi o gol do título do Campeonato Baiano de 2010, contra o Bahia, aquele foi inesquecível.

BN: Você estava no elenco do Bahia quando foram campeões. Qual a sensação de estar do outro lado da festa?

J: Para mim foi bastante especial, porque já tinha sido campeão no Vitória e o Bahia estava há 10 anos sem um título. Tínhamos a cobrança de vencer, como time de série A, e ao mesmo tempo foi um alívio. Terminei como vice-artilheiro do Bahia, atrás do Souza, e para mim foi bastante marcante. É claro que em Pituaçu um gol marcante que eu fiz pelo Bahia foi um contra o Atlético-PR. Eu tinha sonhado com esse gol no dia do aniversário do meu pai, ganhamos de 1x0 com esse gol meu de cobertura. Pituaçu é onde eu me sinto em casa também.

BN: Você ainda tem contato com alguém do Bahia ou do Vitória depois de tanto tempo?

J: Tenho mais contato com o pessoal do Bahia, entendeu? Tenho mais, acho que já saiu a maioria do pessoal da diretoria, mas ainda tenho amigos lá como o Marcelo Lomba, o Fahel, o Titi, Madson, então eles estão aí ainda. O Talisca também. Lá no Vitória eu acho que só a rouparia que eu conheço agora (risos).

BN: Você disse que veio para a Juazeirense como uma oportunidade para voltar a disputar o Campeonato Brasileiro. O Bahia estava procurando um camisa nove recentemente. Você acha que tem alguma possibilidade de você voltar para o Bahia?

J: Eu não vim pra cá com esse intuito. Eu ainda tenho umas pendências com o Bahia, poderíamos sentar e negociar essas pendências com o Júnior voltando para o clube. Muitos jogadores fazem isso, seria uma chance para o Bahia dar uma chance para mim e também diminuir a dívida. Cheguei até a conversar com eles, mas eu não vim com esse propósito, vim aqui para apresentar o meu futebol. Se pintar o interesse, a gente pode sentar e conversar. Tenho amigos ali, gosto de Salvador, conheço muita gente e eles pedem para que eu volte para o Bahia. Conheço o time e não iria ter dificuldade de adaptação, mas tem que ser analisadas as condições físicas e técnicas pra saber.


Fonte: Luiz Fernando Teixeira – Bahia Notícias

Fotos: Reprodução