Marcelo Santana fala sobre o atraso nas contratações para a próxima temporada, compara elencos de 2016 e 2015 e comenta avanços administrativos no clube

[caption id="attachment_30264" align="alignleft" width="350"] Marcelo Sant'Ana falou sobre os planos para 2017 (Foto: Felipe Oliveira / divulgação / EC Bahia)[/caption]

O Bahia alcançou em 2016 o principal objetivo definido para a temporada. Com 63 pontos conquistados, o Tricolor confirmou o acesso para a Série A após dois anos na Segunda Divisão nacional. O caminho até a promoção, contudo, foi turbulento. Fracassos no Campeonato Baiano e Copa do Nordeste, troca de técnico e remontagem de elenco foram alguns dos episódios que marcaram o ano da equipe baiana. Nesta quarta-feira, o presidente Marcelo Sant’Ana concedeu entrevista ao Programa do Esquadrão, programa de rádio oficial do clube, e avaliou os principais eventos ocorridos nos últimos meses.

Durante a entrevista, o cartola tricolor fez uma comparação do elenco 2016 com o de 2015, que não conseguiu cumprir a missão do acesso. Para Marcelo Sant’Ana, a responsabilidade do grupo em assumir a missão e cumprir os objetivos foi o grande diferencial entre os jogadores das duas temporadas.

- Jogamos o segundo turno inteiro com a faca no pescoço. O grupo atual tem mais tesão pra subir. Assumiu a responsabilidade enquanto jogadores. Na linguagem do jogador, foram para dentro, para resolver. Deixaram as vaidades de lado, as diferenças. Em um grupo de 30 homens, de alto rendimento, que só jogam 11 e só três reservas entram por jogo, claro que tem rusga, tem insatisfação. Tem colega que fica estressado com o chefe, com o colega de trabalho. Mas o grupo, na hora decisiva, colocou a vaidade de lado, as diferenças, se uniu para resolver o problema. Ano passado fizemos campanha de G-4 por 26 rodadas. Saímos do G-4 na rodada 34. Esse grupo foi diferente. Foi se construindo, se solidificando, e deu o que o torcedor queria – avaliou o presidente do Bahia.

Para 2017, no ano de retorno à elite do futebol brasileiro, Marcelo Sant’Ana espera que o Bahia faça uma temporada segura. O cartola avalia que voltar para a Série A não representa o fim dos problemas do clube, mas fazer um bom campeonato pode ser essencial para o crescimento tricolor.

- Estar na Série A não resolve todos os problemas do Bahia. O Bahia hoje é um clube atrativo. Jogadores que a gente tentou trazer no início deste ano, empresários ligaram para oferecer agora. Claro que a competição é acirrada. O Bahia tem o 14º, ou 15º maior orçamento da Série A. A briga financeira tem um longo caminho a percorrer. A gente comprou alguns jogadores em 2016: Jackson, Lucas, Juninho, Cajá, Hernane. Todos trouxemos em definitivo com contrato mínimo de dois anos. Pretendemos contratar mais atletas em 2017 para ter sempre uma espinha dorsal com qualidade. O Bahia pretende montar o melhor time possível o quanto antes. O objetivo é esta em janeiro com grupo quase todo pronto. Claro que podemos perder um jogador em janeiro, o jogador não atuar bem pelo seu clube no estadual ou Libertadores, e trazermos ele em maio. O entrosamento é maior. Temos a responsabilidade de fazer boas campanhas no Baiano e no Nordeste. Precisamos de elenco e qualidade.

Confira outras declarações de Marcelo Sant’Ana no Programa do Esquadrão:

FINAL DA COPA DO BRASIL SUB-20

- Expectativa é grande para esse jogo. A gente enfrentou o São Paulo duas vezes esse ano, perdemos as duas. Temos expectativa de ter um bom público, portões abertos, horário acessível. Para que a gente consiga reverter [o Bahia perdeu por 3 a 1 para o São Paulo no jogo de ida]. Não tem o critério do gol fora de casa, qualquer triunfo do Bahia por dois gols leva a decisão para os pênaltis. Por três gols é campeão de maneira direta. Pode ser o maior título da divisão de base do Bahia, primeira vez que o Bahia define uma competição com chancela da CBF desde que foram criados o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil sub-20. Temos expectativa positiva. Claro que o mais importante é formar atleta para o elenco profissional, mas o título valoriza ainda mais o campeonato e dará um 2016 de muitas alegrias. O Bahia foi campeão estadual sub-15, sub-17, sub-20.

CRESCIMENTO PESSOAL

- Na Série A serei o presidente mais novo. Acredito que o mais novo hoje é o Daniel Nepomuceno, perto dos 38 anos. Tenho 35. Sou um pouco mais novo. Frustração do ano passado já passou. Os erros e fracassos servem para aprender, corrigir, assim como não podemos ficar deslumbrados nos bons momentos. Importante é que o Bahia cresça ano a ano na parte administrativa, social e esportiva, que é o que o torcedor mais deseja. Se fizermos as contas ano a ano, de 2014 teve o rebaixamento, nosso grupo foi eleito, 2015 foi um ano de crescimento enquanto clube, o resultado em campo não veio. Em 2016 fizemos apenas uma final, veio o acesso. A parte extracampo continua avançando. Captação de receita, plano de sócios, material esportivo, a instituição Bahia tem crescido e dentro de campo conseguimos esse crescimento com o acesso. Claro que se manter é importante mas não pode trabalhar pensando exclusivamente em se manter. Tem que fazer uma Primeira Divisão segura, que dignifique o clube, ser competitivo sem temer ninguém e conquistar um título no ano.

TÍTULOS

- O Bahia não pode passar um ano em branco. Não pode terminar ano sem troféu novo na prateleira e faixa no peito. O acesso não é título, é meta alcançada. Agradeço ao torcedor pela participação, pela sintonia com o time dentro de campo. Em 2017 tem que avançar, tentar uma conquista de título e avançar enquanto clube e instituição. Solidificar, conquistar e avançar. Planos de sócios tem que crescer. Torcedor tem que deixar de ser apenas torcedor. Ajudar a diretoria e o conselho deliberativo a crescer o Bahia.

CONTRATAÇÕES

- Contratações podem acontecer a qualquer momento. Temos conversado com alguns clubes. O adiamento da rodada segurou algumas questões. Os clube estão envolvidos na última rodada. Deu uma segurada nisso. Estamos tocando, tanto com jogadores da Série A quanto da Série B. A prioridade é para jogador que dê rendimento. Os jogadores que na minha opinião foram os melhores do Bahia ao longo do ano foram Juninho e Hernane. O Juninho foi rebaixado com o Macaé para a Série C. Chegou sem nome e desempenhou um grande papel. Se conciliar rendimento com retorno de marketing, excelente. É o caso do Hernane. Chamou a atenção a vinda para o Bahia, estava no Sport, começou o ano bem, teve uma queda e terminou o ano bem novamente. Toda vez que o Bahia ganha uma partida, o torcedor escolhe Hernane ou Juninho como os melhores em campo

AMISTOSO

- Não tem amistoso marcado, tem negociações. Estamos discutindo com a comissão técnica. O cenário do ano que vem, o Campeonato Baiano a Copa do Nordeste ficaram apertados. A preocupação que a gente tem é que ano que vem a final da Copa do Nordeste entre na Série A. Joga em paralelo. Até esse ano, a Copa do Nordeste acabava antes do começo do Brasileiro. Copa do Brasil tem possibilidade de jogo em fevereiro. Ano que vem a primeira partida do Bahia é 26 de janeiro. A reapresentação será no dia 3. São 23 dias de pré-temporada até o primeiro jogo. Depois o Bahia vai jogar quarta e domingo até meados de maio. Tem apenas uma pausa no carnaval.

FORMAÇÃO DO ELENCO

- Vamos ter um elenco mais forte e participação de alguns garotos no primeiro ano de profissional ou no júnior. Queremos 23 atletas mais rodados e cerca de dez jogadores com essas características de primeiro ano de profissional ou no júnior. Eventualmente no Baiano e na Copa do Nordeste poderemos fazer um rodízio. A gente quer ganhar o Baiano e o Nordeste. Mas para chegar bem teremos que poupar o time principal em alguns momentos. Jogar com reservas e garotos para chegar com combustível cheio, com jogadores com ritmo de competição pra decidir a partida.

FAZENDÃO E CIDADE TRICOLOR

- Paciência é sempre importante. Aprendi bastante sobre isso no Bahia. Teremos boas novidades. O ano de 2017 pode ser um março na história do Bahia.

MAIOR TRIUNFO ADMINISTRATIVO

- Acredito que a consolidação de um trabalho responsável. O Bahia termina o ano novamente com superávit. Vai ser uma finalização com folga durante o ano de 2016. (...) Solidificar esse trabalho de responsabilidade, valorização do corpo de colaboradores, responsabilidade financeira. O Bahia vai bater o recorde de arrecadação anual. Teve diretor que disse no passado que o Bahia era massa falida, tentaram denegrir a imagem do Bahia e respondemos com trabalho. Apesar de ser o segundo ano na Série B, a gente tem a chance de dobrar a receita comparada com o ano que a gente entrou. Se conseguirmos, o torcedor vai saber. Mostra que o Bahia é viável. Antes não era tratado com transparência, profissionalismo. O sucesso do Bahia incomoda algumas pessoas. Têm pessoas que não aceitam ver o Bahia com orgulho, sendo recuperado. A gente lamenta. O Bahia é a grande mola do esporte baiano, do futebol nordestino. Aos poucos, com humildade estamos crescendo novamente. Não está no patamar que o torcedor merece, mas estamos chegando.

JOGADORES ESTRANGEIROS

- Bahia não tem nada contra. O Bahia foca no rendimento técnico do jogador. Raça, religião, biotipo, tudo é secundário. Jogador é contratado pelo que pode produzir dentro de campo. Quando se discute salário com jogador sul-americano, é atrativo, somos competitivos. Mas para contratar tem que comprar do clube. Como as operações são em dólar, fica caro. Os times sul-americanos vendem direto para a Europa. Fica caro. Têm aspectos que influenciam na adaptação. E o brasileiro não tem muita paciência. Aqui no Brasil um jogador fica metade da semana sem contato com a família. As viagens são com um ou dois dias de antecedência. Isso é traço que influencia na adaptação. Muitos jogadores sofrem com a adaptação. Temos cuidados com essas contratações, mas não é descartado.

MOISÉS

- Geralmente não gosto de citar questões individuais de jogadores. Termina despertando questões de concorrentes. O Corinthians só se decidirá sobre o elenco quando tiver confirmado se vai para a Libertadores. Só depois de domingo para decidir. O adiamento da rodada, pela tragédia que matou o futebol brasileiro inteiro, modificou o planejamento de algumas equipes. Têm jogadores que temos interesse e os clubes estão em situação semelhante. Mercado do momento. Citei de 5 a 7 renovações, o torcedor sabe quem são. Pode errar um ou outro, mas acerta de 5 a 6.

RELAÇÃO COM A FONTE NOVA

- Tomara que seja. Tomara que melhore. Tem evoluído. Tem melhorado. Um pouco mais a gente sempre quer. Não adianta só casar, tem que ter amor, afeto, carinho, relacionamento. Assim que um casamento fica vivo. De vez em quando tem que fazer a presença dentro de casa, ou a patroa reclama.

PREMIAÇÃO

- Valor subiu durante a competição. Fiz um desafio com os jogadores. O Feijão me provocou, aceitei e felizmente atingimos nosso objetivo. Pagamos o 13º, o salário do mês de novembro. Na sexta pagaremos o que falta da premiação de acesso. Os prêmios já foram pagos. Tem o prêmio maior agora. Foi merecido pelo que o grupo fez. Em 2017 terá uma novidade, mas tem que ser solidificado internamente. Para os funcionários também participarem das metas.

GUTO FERREIRA

- Minha memória pode até falhar, mas o Guto tem 13 triunfos, seis empates e sete derrotas. Chegou com objetivo claro e definido, e atingiu o objetivo. Foi contratado para subir e subiu. Queríamos resultado melhor fora de casa, mas dentro de casa quando o torcedor viu o Bahia ganhar tanto? Se impôs dentro de casa em todas as competições. Fomos muito bem dentro de casa. Se não foi tão bem fora de casa, temos que corrigir para o próximo ano. Todas as pessoas são passíveis de críticas. Não podemos nos acomodar, aceitar as fragilidades, buscar sempre corrigir, ver o que as pessoas estão falando. Pra melhorar, evoluir. Acredito que o Bahia pode, se os resultados vierem, entrar em período de maior estabilidade. O Guto é bastante transparente. Ele acreditou no Bahia. Podia ter ficado na Chapecoense, na zona de conforto. Ele acreditou que o Bahia poderia dar mais visibilidade para a carreira e maiores condições que a Chapecoense naquele período, respeitando a dor da Chapecoense, que o Bahia poderia leva-lo a um patamar diferente. O primeiro objetivo era o acesso, ele cumpriu. Remontou o elenco durante a competição. Acho que temos que valorizar o mérito das pessoas. Muitas vezes a gente cobra e aponta as deficiências, mas não abraça quem faz um trabalho legal.

CHEGADA DE GRANDES JOGADORES?

- Possível é. Mas ser possível não é uma promessa. São duas coisas diferentes. Depende das negociações. Em 2016 o Bahia trouxe jogadores disputados no mercado, como Hernane, Thiago Ribeiro, Cajá. Às vezes o jogador não corresponde, e isso deixa o custo caro para o clube. Às vezes é mais importante se desapegar ao status e olhar o rendimento. O Eduardo foi muito bem. O Tiago quase ninguém conhecia e está sendo valorizado. O Renê júnior assumiu a titularidade na reta final. (...) Se for possível, o Bahia fará esse esforço. Mas temos que olhar o rendimento, mais que o marketing. O marketing de um jogador de renome dura na chegada, se o campo não resolve, esqueça.

COPA DO BRASIL

- Acredito que a Copa do Brasil é muito mais viável que o Campeonato Brasileiro. É mata-mata. A imprevisibilidade aumenta. Mas para fazer a Copa do Brasil, temos que estar seguros no Brasileiro. Temos que começar bem, fazer valer o mando de campo, para quem sabe, na hora que afunilar, imaginando um cenário positivo, a gente poder privilegiar essa competição. Planejamento que se imagina.

VENDA DE MATEUS

- Tem possibilidade. Atleta emprestado, teve oportunidades no profissional com Sérgio e Doriva. Mas não terminou vingando como gostaríamos no profissional. Está emprestado no Japão. Possível que aconteça uma negociação.

Fonte: Ge.com