O dia era 18 de março de 2017. O Bahia recebia o Galícia pelo Campeonato Baiano, e Hernane se dirigia para marca da cal para cobrança de penalidade. Embora o placar acusasse empate sem gols, o Brocador resolveu usar o recurso da cavadinha. Executou mal, no entanto. Parou nas mãos do goleiro e passou vergonha. Das arquibancadas, vaias. Muitas vaias. Quando foi substituído, já no segundo tempo, ouviu mais vaias. E aplausos também, é verdade. Era o ápice, ali, da insatisfação da torcida tricolor com o seu principal atacante.

Insatisfação porque o desempenho do Bracador despencou do ano passado para cá. E com ele a média de gols. Tomemos como exemplo o início da temporada passada, quando o camisa 9 não demorou a cair nas graças da torcida, marcando gols na Copa do Nordeste e no Campeonato Baiano. Foram dez nos primeiros dez jogos dele com a camisa tricolor, uma média de um por partida. O período da temporada coincide com a atual: o décimo jogo de Hernane foi no dia 17 de abril.

Depois disso, o atacante se machucou e só voltou aos gramados no mês seguinte. Comparemos agora com o desempenho atual: Hernane disputou, até aqui, 15 partidas. Balançou as redes em seis oportunidades, uma média de 0,4 gols por jogo, menos da metade do que fazia em 2016.

Agora, um rápido Raio-X dos gols do Brocador. Em 2016, foram quatro pelo Campeonato Baiano e seis pela Copa do Nordeste. Na atual temporada, foram cinco pelo Nordestão e um pelo Baiano. Pode estar aí uma das explicações para a queda da média: como Guto Ferreira adotou o esquema de rodízio e escalou a equipe reserva no estadual, Hernane praticamente não atuou na competição de nível técnico mais baixo que o clube enfrenta no primeiro semestre.

Talvez por isso o próprio Brocador tenha reclamado do rodízio, alegando que precisava jogar para adquirir ritmo de jogo. Único concorrente pela camisa 9, Gustavo marcou cinco gols em 13 partidas, todas pelo Campeonato Baiano. Foram poucas as chances do atacante que veio do Corinthians de atuar na Copa do Nordeste e Copa do Brasil.

Embora a fase não seja boa, a relação com a torcida não seja das melhores, Hernane tem a confiança total do técnico Guto Ferreira. Das 15 vezes que entrou em campo, em apenas duas ele começou no banco – ambas pelo Campeonato Baiano. E das 13 em que começou jogando, o Brocador só foi substituído em duas: no episódio da cavadinha frustrada, contra o Galícia, e no último fim de semana, contra o Fluminense de Feira, aos 43 da segunda etapa, com o jogo já decidido.

Neste sábado, Hernane deve ser novamente contra o Fluminense de Feira, quando o Bahia decide a vaga na final do Baianão. Como venceu o jogo de ida por 3 a 0, o Tricolor pode perder por até três gols de diferença. A partida está marcada para 16h (horário de Brasília), na Arena Fonte Nova.

Fonte: Globo Esporte