O treinador Paulo Cézar Carpegiani deu entrevista coletiva após a derrota do Bahia em casa para a Chapecoense neste domingo (26). No último jogo em casa do Tricolor em 2017, mesmo com o público de mais de 37 mil pessoas, a equipe não jogou bem, perdeu e praticamente não tem mais chances de se classificar para a Libertadores.

Carpegiani lamentou a derrota, mas pediu que o elenco não fique de cabeça baixa. O treinador destacou o empenho dos jogadores, mas admitiu que as coisas não deram certo na partida:

Hoje convivemos com o outro lado da medalha. O outro lado da medalha é a tristeza, não conseguir o objetivo melhor, que era a vitória. Não fizemos um bom primeiro tempo, afunilamos demais. No segundo tempo, melhoramos bastante. Tivemos momentos pontuais que poderíamos ter empatado e teríamos grandes possibilidades de virar. Jogadores que decidiram jogos importantes, as coisas não correram como queríamos. Temos o direito de errar, lamentamos. Falei para eles que não queria ninguém de cabeça baixa. Pedimos desculpas à torcida. Nós jogamos mal contra o Sport, jogo totalmente atípico. E hoje não. Com o apoio da torcida, fizemos um bom segundo tempo, criamos oportunidades; na hora pontual de fazer os gols, tivemos dificuldades. Isso talvez não justifique. O time brigou, lutou, teve dificuldades, enfrentamos uma equipe bem armada, fechada. A partir de determinado momento, o próprio treinador, que trabalhou comigo, disse que teve que fechar a casinha. Fechou. Tentamos. A equipe [Chape] é definida dessa forma, vem conseguindo belos resultados, uma grande campanha em função disso. Perdemos hoje com uma equipe bem montada. Temos que lamentar pela torcida, pelo último jogo em casa. Lastimamos e tivemos apoio até o fim do jogo, com dificuldades normais que tivemos no segundo tempo, expulsão, etc. Mas a equipe lutou. Hoje as coisas não deram certo.

Com a derrota, o Bahia não tem mais chances de entrar no G-7. Para conquistar uma vaga na Libertadores, o Bahia precisa sonhar com os títulos de Grêmio na Libertadores deste ano e do Flamengo na Copa Sul-Americana. Para Carpegiani, o Bahia deve continuar trabalhando por isso. Quando perguntado se ter feito a melhor campanha da história do Bahia nos pontos corridos lhe consolava, o treinador disse que não pensa desta forma.

Consolo, nossa campanha? Não gostaria desse consolo. Gostaria de aspirar até a última rodada com mais oportunidades, dependendo das nossas forças. Não dependemos mais [somente das próprias forças] para chegar ao G-9, se Grêmio e Flamengo vencerem. Em função disso, temos a obrigação de ter continuidade. Vamos treinar nesta semana visando à partida contra o São Paulo. Depois a gente vê o que acontecer - decretou.

O Bahia encerra a participação no Campeonato Brasileiro enfrentando o São Paulo, no próximo domingo (3), às 16h, no Morumbi.

Confira o que Carpegiani falou em entrevista coletiva

Vinícius entre os titulares
- Quando você enfrenta uma equipe como essa, bem definida, bem postada atrás, propicia o contra-ataque. Você planeja ter a bola, com jogadores mais técnicos, que teriam possiblidade de manejar a bola, trabalhar com serenidade para poder chegar ao gol. Optei por um meia mais agudo, mas as coisas não fluíram. Tivemos dificuldade. Acho normal. Não quero entrar em detalhes para não falar de coisas internas que vou discutir com eles [jogadores]. Não quero falar abertamente o que aconteceu. A opção era pelo mais técnico, criativo, talentoso, em detrimento do volante. Não deu. No segundo tempos, fizemos forte no meio. A chape tentou se fechar mais, e tomamos conta do jogo. Posse de bola não é suficiente. Fico satisfeito porque a equipe tentou, tivemos posse, criamos, mas não fizemos. Estaria lamentando se não tivéssemos posse, se não tivéssemos criado. Criamos. Tivemos dificuldades normais, contra uma equipe fechada, dificuldades demais. Faltou um pouco isso hoje, arriscar mais. Essa foi a opção da minha escolha. Mas realmente, nos primeiros tempos dos jogos, sempre tivemos mais dificuldades no primeiro tempo. Prefiro terminar o jogo jogando melhor do que escolher o primeiro tempo bom e um segundo ruim. Prefiro terminar jogos bem, isso dá motivação e tranquilidade ao grupo.

Queda de rendimento após se garantir na Série A
- Eu teria que dizer algo um pouco forte... O que cobro muito deles é que quero que pensem grande, porque o Bahia é grande. Quero que pensem de acordo com a grandeza do Bahia. Não podemos nos contentar. Temos a Sul-Americana. Mas a meta é sempre maior. Não é porque conseguiu fugir daquilo que todos os clubes, no início, fogem... Qualquer grande agremiação pensa em somar o maior número de pontos, quer iniciar bem, para não ficar atrás e ter que correr atrás. Nós, quando atingimos isso... Ao responder nos dois jogos, que perdemos, depois de ter já atingido 46 pontos, tivemos oportunidades de ganhar. Era coincidência. Tenho obrigação de pensar grande devido à grandeza do Bahia.

Dever cumprido por ter feito a melhor campanha dos pontos corridos?
- Dever cumprido, não. Foi obrigação nossa a campanha que fizemos. Tivemos, na minha estada, esses jogos todos, não fizemos mais nada do que obrigação. Pode estar seguro disso. A gente lamenta, vamos lamber as feridas, levantar a cabeça e ir ao último jogo. Alguns jogadores importantes saíram. Vamos tratar de remontar o grupo, fazer o último jogo, e vamos pensar em vitória. Se tem G-9 e estamos em 11º, não jogamos a toalha. Não estamos satisfeitos com nossas apresentações, as duas últimas. A gente sente isso, transmite à torcida, mas a campanha é obrigação nossa, devido à grandeza do Bahia.

Substituições
- Você chega em um momento... O Edson entrou no lugar do Vinícius, colquei dois atacantes, trouxe o Mendoza para frente, o Allione de um lado e o Zé do outro. Fizemos um 4-4-2. Tentando compactar, não deixando que houvesse distância entre os dois atacantes e o meio. Tivemos uma disposição boa no segundo tempo, arrancamos com três oportunidades claras de gol, mas não fizemos. A torcida veio junto, nos levou, e, logo de início, tínhamos três ou quatro oportunidades claríssimas de gol. Não fizemos. Se fizéssemos, tínhamos a possibilidade de virar. Não fizemos. Depois é natural, pela exigência, cansaço, correr atrás de uma equipe que teve pouco a bola, se comportou de uma maneira composta, definida, propícia ao contra-ataque. Sabíamos do risco que corríamos. As substituições foram devido ao cansaço. Coloquei um centroavante a mais, questão de opção. No segundo tempo, estava redondo, bem. No primeiro tempo, erramos passes primários. No segundo tempo, as subsituições foram mais por cansaço, buscar uma coisa diferente no jogo, que estava pedindo. Não foi questão por estar mal.