Antes questionados, Fernando Miguel e Jean deixam Ba-Vi fortalecidos

Goleiros de Bahia e Vitória têm grande atuação em clássico deste domingo, evitam derrota de suas equipes e aproveitam para ganhar moral com as suas torcidas

Na fria análise do futebol, nenhum dos dois é titular. Pior: nenhum dos dois tinha total confiança e tranquilidade para um clássico. Mas o futebol não é feito somente de números e opiniões. Fernando Miguel e Jean, em lados opostos, trataram de deixar isso bem claro na tarde deste domingo. Eles não balançaram as redes, mas evitaram que isso pudesse acontecer e, bem ou mal, garantiram o empate no primeiro Ba-Vi do ano, válido pela 5ª rodada do Campeonato Baiano.

Fernando e Jean chegaram ao clássico sabendo que o status de titular é apenas passageiro. Fizeram grandes defesas, principalmente no segundo tempo, e foram um empecilho a mais para os adversários. Até mesmo quando Neto Baiano e Maxi Biancucchi balançaram as redes, eles arrumaram uma oportunidade para mostrar a agilidade no lance. E, assim como fazem na luta pela vaga no gol, buscaram até o último instante evitar que a bola entrasse.

Após um ano na Toca do Leão, Fernando Miguel só veste hoje a camisa número 1 do Vitória porque aqueles que estão à sua frente estavam no departamento médico. Com Wilson e Gatito Fernandez machucados, ele recebeu as luvas de titular para a estreia pelo Baianão.

Goleiro sabe que deve perder a posição para Wilson (Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Vitória)

Aos poucos, foi conquistando a torcida e mostrando que poderia ser mais do que aquele terceiro goleiro da Toca. A confiança já era plena, mas na última semana recebeu a notícia de que deve voltar para o banco de reservas em breve. Na crueldade dos números e opiniões do futebol, o técnico Ricardo Drubscky confirmou que Wilson deve voltar a seu posto. A Fernando Miguel resta a sensação de dever cumprido.

- Antes de mais nada, quero falar do orgulho que tenho por defender as cores do Vitória. Fiquei no Vitória por opção minha. Resolvi vir buscar meu espaço. Importante é que a gente deu uma levantada no campeonato, mudou um pouco o panorama das nossas participações na competição - comentou o jogador após o empate no Ba-Vi.

Do lado tricolor, Jean recebeu no colo a vaga de titular na última semana. Após substituir Omar em um jogo, o garoto de 19 anos se viu com a responsabilidade de defender o time do qual o pai se tornou ídolo. Isso por um mero acaso do destino. O técnico Sérgio Soares vinha fazendo um revezamento entre os goleiros reservas e, por sorte de Jean, era ele quem estava no banco quando Omar se machucou.

Pela inexperiência, foi cogitado durante a semana que Douglas Pires poderia vestir a camisa número 1 do Bahia no clássico. Mas não foi o que aconteceu. Jean foi mantido, fez grandes defesas, demonstrou personalidade, frieza e recebeu até um elogio de um rival.

- Grande defesa do Jean. A gente treina bastante essa cobrança de falta. O Jean foi feliz no lance e conseguiu chegar - disse Jorge Wagner em referência à falta que cobrou no ângulo no último minuto da partida (veja vídeo acima).

Ao final do jogo, o goleiro comemorou bastante sua atuação e, bem centrado, relatou que o técnico Sérgio Soares utilizou o Raio-X do GloboEsporte.com, onde os jogadores de Bahia e Vitória foram comparados entre si, como uma espécie de motivação.

- Na preleção, ele deu um papel para a gente, que tinha os jogadores do Bahia de um lado e os jogadores do Vitória do outro, com as opiniões de três jornalistas. Quando olhei no meu, os três tinham votado no Fernando Miguel, pela experiência, por ele ser mais velho. Isso, de uma forma, me motivou. Não tenho raiva deles, claro, porque eu sou novo mesmo. Mas que isso sirva para eles verem também que um menino que sobe da base agora pode dar uma resposta boa também - desabafou.

Goleiro diz que treinador utilizou raio-x do GloboEsporte.com para motivar (Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia)

Com as atuações deste domingo, Fernando Miguel e Jean podem até voltar para o banco de reservas, mas deixam a camisa 1 com a sensação de dever cumprido. Sentimento de realização deles e, nos torcedores e treinadores, a certeza de quem pode contar com grandes goleiros em caso de imprevistos.