Campeão da NBA, Splitter elogia Popovich e espera que “parem de encher o saco” por causa de toco de 2013
Em 2013, bateu na trave. Neste ano, não. Deu tudo certo para o pivô Tiago Splitter, que comemorou o título da NBA com o San Antonio Spurs e entrou para a história como o primeiro brasileiro a se sagrar campeão da principal liga de basquete do mundo.
Em uma conversa rápida com o blog por telefone, Splitter falou sobre a conquista, concretizada após uma vitória sobre o Miami Heat na série decisiva por quatro jogos a um. Tomado por uma alegria muito grande pelo feito atingido no domingo, o pivô admitiu que o sentimento do elenco do Spurs com o título foi o de redenção, sobretudo pela maneira como se deu a derrota no último ano.
Junto com o gosto amargo da derrota de 2013, Splitter espera deixar para trás um episódio sobre o qual se viu obrigado a relembrar bastante desde a decisão do último ano: o toco que levou de LeBron James naquela série.
No encontro deste ano, o brasileiro não só conseguiu retribuir o lance sobre o craque do Miami Heat como ainda deu um outro em Dwyane Wade no jogo de domingo, que definiu o campeonato. “Talvez agora parem de me encher o saco e perguntar sobre aquele toco”, brincou Splitter.
Veja o papo abaixo:
Tiago Splitter, primeiro brasileiro campeão da NBA
BLOG: Como é ser o primeiro brasileiro campeão da NBA? Já caiu a ficha?
Tiago Splitter: É muito bom, chega até a ser difícil conseguir botar em palavras a sensação. Eu me sinto realmente feliz por representar o Brasil nesta situação e dar essa alegria a todo mundo.
BLOG: Após a derrota no segundo jogo da série, o Spurs ganhou os três seguintes de maneira tranquila. Especialmente os dois fora de casa. Qual tipo de ajuste Gregg Popovich fez no time naquele momento?
Tiago Splitter: Não acho que tenha sido tranquilo. Nós jogamos bem. Fizemos partidas muito boas, o Kawhi Leonard apareceu bem demais e atuamos mais como equipe. Passamos bem a bola e conseguimos resultado. Naquele jogo que nós perdemos, tivemos muitas bolas perdidas, nos complicamos ao fazer passes e acabamos insistindo em muitas bolas individuais. O que fizemos depois disso foi usar menos a individualidade e acionar mais o jogo nos companheiros ao lado.
BLOG: Que lugar você imagina que esse time do Spurs tem entre os campeões da NBA?
Tiago Splitter: Não sei. Foi uma conquista especial, após termos perdido daquela maneira no ano passado. Isso torna o título marcante para quem esteve no time naquela oportunidade.
BLOG: O sentimento em San Antonio após a conquista foi o de redenção?
Tiago Splitter: Acho que sim. A derrota na final do ano passado muito dura. Não foi uma situação fácil para a gente. Tivemos um momento de tristeza, mas soubemos conviver com isso e passar por cima. Demonstramos tudo isso ao longo deste ano.
BLOG: Com o toco em cima de Dwyane Wade, você imagina que finalmente as pessoas falarão menos daquele que você levou de LeBron James em 2013?
Tiago Splitter: Talvez agora parem de me encher o saco e perguntar sobre aquele toco (risos). Foi um lance bacana na hora, que deu um gás para nosso ataque continuar emplacando uma corrida muito boa. É claro que vai ficar na historia aquele toco que levei do LeBron e talvez esse que dei no Wade. Mas é muito mais um negócio para vocês levarem em conta do que para mim.
BLOG: Qual o tamanho da importância do Gregg Popovich no seu desenvolvimento e no de outras peças do elenco que também cresceram de produção nos últimos anos?
Tiago Splitter: Ele coloca o trabalho e a forma de jogar que quer e a gente segue as ordens. Ele tem muita confiança naquilo que entende que a gente pode fazer em quadra e nos coloca dentro de um sistema de jogo. Isso é ótimo para mim e para todos os jogadores do elenco. O Popovich faz parte da evolução de todos do time, tem um peso enorme nesse sentido. Tive muitos técnicos na vida, mas ele realmente é especial. Até pelo nível que alcançou na carreira no que diz respeito a títulos e ao fato de passar anos seguidos fazendo bons trabalhos.
BLOG: Um dos jogadores que mais evoluíram foi justamente Kawhi Leonard, MVP das finais aos 22 anos e logo na terceira temporada da carreira. Até onde você imagina que ele pode chegar?
Tiago Splitter: É difícil ter uma resposta para isso, mas o Leonard é um cara que trabalha todos os dias para melhorar. É possível que tenha gente que não dê nada por ele por se tratar de alguém que não é midiático, que é muito tímido. Mas é realmente bacana ver o trabalho diário dele. Por isso e pela idade, ele tem tudo para continuar crescendo nos próximos anos.
Fonte: Luis Araújo – Triple-Double - IG
Foto: Getty Images