Torcedor "de berço", Ricardo relembra época como goleiro da base do Bahia

Campeão em Atenas 2004 diz que perdeu interesse em ser jogador de futebol, mas relembra momentos de fã do Tricolor baiano, como a semifinal do Brasileirão de 1988

Ricardo quando criança com o uniforme do Bahia (Foto: Arquivo pessoal)

Medalhista olímpico de ouro em Atenas 2004 e bronze em Pequim 2008 ao lado de Emanuel, seu atual parceiro, e prata em Sydney 2000 com Zé Marco, o veterano Ricardo, de 40 anos, é tido como referência nas areias. Mas isso poderia ter sido bem diferente. Afinal, sua praia já foi outra: o futebol. Motivado pela paixão "de berço" pelo Bahia, aos 13 anos, ele se aventurou na carreira nos gramados. A tentativa, contudo, durou pouco. O gigante de 2m foi goleiro nas categorias de base do Tricolor baiano, mas preferiu não prosseguir como jogador de futebol. Melhor para o vôlei de praia.

- Fiz os testes, comecei a jogar um pouco depois que o Bahia foi campeão brasileiro (em 1988, sobre o Internacional). Fui indicado e joguei como goleiro. Se eu tivesse sido um grande jogador, tivesse o resultado do vôlei de praia no futebol, estaria muito bem de vida hoje (risos). Perdi o interesse em ser jogador de futebol e desisti. O vôlei de praia foi porque eu tinha um primo que jogava, o Paulão (que fazia dupla com Paulo Emílio). Ele me chamou para ajudar nos treinos e praticar. Acabou que tomei gosto e segui a carreira - relatou o baiano de Salvador, que mora em João Pessoa, na Paraíba, há mais de 15 anos.

Antes de se aventurar nas categorias de base do Bahia, Ricardo passou por sua maior emoção como torcedor do Tricolor baiano. Seu pai o levou para ver a semifinal do Brasileirão de 1988, disputada em fevereiro do ano seguinte, quando o time derrotou o Fluminense por 2 a 1 e se garantiu na decisão. A Fonte Nova, segundo o atleta, "veio abaixo". O público de 110.438 é até hoje o maior do estádio e não pode ser batido na nova arena, construída para a Copa do Mundo de 2014, porque sua capacidade é para pouco mais de 50 mil torcedores.

- Foi o dia que tive mais medo na minha vida. Tinha gente até em cima da cobertura. O Fluminense fez o gol e todo mundo ficou quietinho. Quando o Bahia fez, aquela multidão, todo mundo pulando e gritando, e eu via a arquibancada mexer, fiquei travado - lembrou.

Ricardo (à direita) ao lado do jogador Moisés, que já foi seu parceiro e hoje está no Azerbaijão (Foto: Helena Rebello)

O tempo foi passando, e o amor de Ricardo pelo Bahia não diminuiu. Até hoje sua família possui uma casa a 500m do estádio do Tricolor baiano. Durante sua adolescência, sem ingresso, tinha o costume de esperar até o segundo tempo, quando o portão era aberto ao público, para sair correndo de sua residência e adentrar a Fonte Nova sem precisar pagar.

- E olha, vou te falar, já vi tanta coisa no finzinho desses jogos (risos) - brincou.

Atualmente, Ricardo se divide entre João Pessoa, onde mora sua esposa Luciana e os filhos Pedro, Giulia e Nicolas, e o Rio de Janeiro, local de treinamentos com o parceiro Emanuel e a técnica Leticia Pessoa. O tempo para visitar Salvador é bastante restrito. Mas ele sonha acompanhar um jogo do Bahia na nova arena. Enquanto isso não é possível, vê tudo pela internet e ouve pelo rádio.

Ricardo é torcedor do Bahia desde pequeno (Foto: Lucas Barros / Globoesporte.com/pb)

Ricardo, aliás, está em Salvador, mas não terá tempo para assistir ao Bahia, que joga no sábado contra o Campinense-PB, pela Copa do Nordeste, às 16h (de Brasília). A partir desta sexta-feira até domingo, ele ficará dedicado à última etapa do Circuito Brasileiro de vôlei de praia. Ao lado de Emanuel, o veterano tem grandes chances de título podendo, inclusive, ser campeão antecipado se chegar nas quartas. Bruno e Hevaldo também são postulantes ao caneco.

No feminino, Larissa e Talita já são as campeãs da temporada 2014/2015, mas vão brigar pelo troféu da etapa. Cada dupla campeã de etapa leva 400 pontos, além do prêmio de R$ 45 mil reais.