Vez do futebol? Bahia tem avanços administrativos e pecados em campo

Bahia chega ao fim da temporada sem titulares inquestionáveis nas laterais, com elenco desequilibrado e sem chances de acesso. Gestão tem trunfos administrativos

Em novembro de 2014, Marcelo Sant’Ana se lançou candidato à presidência do Bahia com uma chapa nomeada “A vez do futebol”. A promessa de campanha era reformular o principal departamento do clube, tarefa que a administração tampão encabeçada por Fernando Schmidt não havia conseguido realizar entre 2013 e 2014 (Confira o vídeo acima com as promessas de campanha de Marcelo Sant'Ana). Um ano se passou desde que Sant’Ana se colocou como pretendente a gerir o Tricolor. Neste período, ele foi eleito pela maioria dos sócios, promoveu mudanças administrativas significativas, mas pecou no principal compromisso. O Bahia chega ao fim de 2015 sem conquistar o acesso para a Série A. Foi-se a vez do futebol. Agora só em 2016.

O FUTEBOL

Alexandro deixou o Bahia dois meses após ser contratado (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia/Divulgação)

O Bahia teve um primeiro semestre de êxitos. Apesar das carências no elenco, o Tricolor sagrou-se campeão baiano e chegou à final da Copa do Nordeste – perdeu o título para o Ceará. Sérgio Soares havia cumprido algumas das principais exigências de Marcelo Sant’Ana, como tornar o time ofensivo e aproveitar garotos revelados pelas categorias de base. O conto de fadas começou a virar uma história de horror a partir do segundo semestre, quando as contratações realizadas não surtiram efeito, algumas peças saíram e o grupo perdeu o rumo do sucesso.

No total, o Bahia efetuou 23 contratações nesta temporada, número pouco inferior ao do ano passado, quando foram anunciados 26 novos jogadores. A média de idade dos reforços em 2015 foi de aproximadamente 27 anos. Hayner, contratado para as categorias de base e logo promovido ao time profissional, foi o mais novo, com 19 anos. Chicão, que chegou no início do ano e deixou o Fazendão em junho, foi o mais velho, com 34. 

Apesar do elevado número de contratações, o departamento de futebol tricolor não conseguiu acertar nas laterais. Tony, Marlon, Adriano, Cicinho e João Paulo chegaram para tentar solucionar os problemas pelos lados do campo, mas não conseguiram dominar o setor. Carlos, Patric, Railan, Vitor, Juninho e Ávine também ganharam chances, assim como Yuri e Bruno Paulista, improvisados. Nenhum deles convenceu de que poderia assumir a titularidade de forma inquestionável.

As apostas também falharam em outros setores. Dos jogadores que chegaram após o início da Série B, Eduardo e Roger foram os que tiveram melhor rendimento e assumiram a titularidade. Alexandro foi contratado como esperança de gols, mas não conseguiu render e deixou o clube menos de dois meses após ser apresentado. Por desequilíbrio nas escolhas, o elenco tricolor chega ao fim de 2015 tendo o questionado João Paulo Penha como uma das poucas alternativas de velocidade para o meio de campo.

Sérgio Soares -  Bahia (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)

Além das contratações equivocadas, a negociação de Titi para o futebol turco prejudicou o sistema defensivo do Bahia. Até a saída do zagueiro, o Tricolor tinha uma das melhores defesas da Série B, com dez gols sofridos. Ao lado do experiente defensor, Robson havia subido de produção e se tornado titular inquestionável. Sem Titi, o time passou a ter sérios problemas com a bola aérea. Robson não conseguiu repetir as boas atuações, e foi para o banco de reservas. O Bahia chega na 37ª rodada da Segunda Divisão com 40 gols sofridos.

A demissão de Sérgio Soares é outro ponto mal conduzido. No início da gestão, Marcelo Sant'Ana defendia a continuidade de um planejamento elaborado para a temporada, o que incluía a manutenção do técnico independente de pressões externas. O plano foi seguido apesar das atuações ruins na Série B. Após a derrota no clássico para o Vitória, na Arena Fonte Nova, o presidente tricolor concedeu coletiva e reforçou a ideia de que o treinador não seria descartado. Na rodada seguinte, o empate contra o Paysandu, provocou uma mudança de postura. Sérgio Soares foi demitido, e o auxiliar Charles Fabian efetivado. Semanas depois, Sant'Ana foi entrevistado na rádio Metrópole, de Salvador, e afirmou que a decisão de trocar de técnico havia sido tomada antes mesmo do Ba-Vi.

- A decisão de mudar a comissão técnica já havia sido tomada mais de quinze dias antes. Existiam outras argumentações dentro do clube. Existem outras pessoas que opinam nessa parte do futebol. Resolvemos dar o crédito ao trabalho do Sérgio no Bahia, que foi um trabalho bom - disse o presidente tricolor.

O ADMINISTRATIVO

Marcelo Sant'Ana negociou um novo acordo com a Arena Fonte Nova (Foto: Divulgação/EC Bahia)

As falhas no futebol do Bahia contrastam com as conquistas fora de campo. No último domingo, na entrevista em que os jogadores se reuniram para pedir desculpas pelo insucesso na tentativa de subir de divisão, o meia Tiago Real destacou o retorno da credibilidade do clube no cenário nacional. Acostumado a viver com o caos financeiro, o Tricolor se organizou e ganhou destaque pela eficiência administrativa.

No primeiro ano de mandato, a gestão de Marcelo Sant’Ana conseguiu fazer com que o Bahia voltasse a ter um patrocinador master fixo após dois anos de uniforme limpo. Em julho, foi anunciado um acordo com a construtora MRV. Outras marcas também acertaram parcerias com o clube baiano, que enfrentou a crise financeira e se tornou atrativo para o mercado.

Com a atual administração, jogadores e funcionários passaram a ter salários em dia. No início da temporada, Sant’Ana estabeleceu um limite orçamentário pautado na renda mensal do clube. O plano foi seguido à risca, mas também foi preciso cortar da própria carne para não chegar ao fim do ano no vermelho. Em agosto, Bruno Paulista foi negociado com o Sporting, de Portugal, por 3,5 milhões de euros, o que corresponde a pouco mais de R$ 13 milhões. O dinheiro foi fundamental para quitar dívidas e saldar compromissos com funcionários. Recentemente, o clube antecipou o pagamento integral do 13º salário.

Marcelo Sant’Ana esteve à frente da negociação que resultou no novo contrato com a Arena Fonte Nova. Durante as reuniões com diretores do consórcio que administra o estádio, o dirigente tricolor chegou a anunciar que o Bahia passaria a mandar os jogos em Pituaçu. Foi preciso a intermediação do Governo do Estado para que as duas partes voltassem a dialogar. 

Marcelo Sant'Ana assinou o contrato das Transcons (Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia)

- Os bancos de dados do Bahia e da Arena também serão sincronizados, facilitando futuramente a oferta de benefícios aos sócios e agilizar a entrada deles no estádio. Outra novidade é que, além da garantia mínima de R$ 6 milhões, o Bahia terá participação em receitas diretamente relacionadas aos jogos. Como a própria bilheteria, mas também camarotes, longe e serviço de catering, que inclui alimentos e bebidas. O percentual repassado ao clube pelos naming rights também será acrescido. Para vocês terem um parâmetro, caso a média de público anual seja de 15 mil torcedores, o Bahia terá a contrapartida anual no valor de R$ 12,3 milhões, que dá cerca de 20%, sendo valor superior ao contrato anterior. Não existe um teto máximo nessa nova relação contratual. Quanto maior o público na Fonte Nova, maior será a receita destinada ao Esporte Clube Bahia. As receitas de estádio, sem considerar o potencial de crescimento do sócio torcedor, que sai fortalecido após o acordo, já se estabelecem como segunda maior fonte de receita do clube – explicou Sant’Ana na época do acordo. Atualmente, o Bahia tem média de público de 15.705 por partida.

Outro trunfo administrativo no primeiro ano de gestão de Marcelo Sant’Ana foi resolução do imbróglio dos Transcons (Transferência do Direito de Construir) relativos à desapropriação da sede de praia, na Boca do Rio, avaliados em R$ 41,4 milhões - problema que se arrastava desde 2010. Do montante, o clube precisou abater R$ 13,1 milhões referentes a débitos com impostos municipais, sendo R$ 12,5 milhões em débitos com a Prefeitura e R$ 600 mil em débitos com a Procuradoria do Município. Além disso, R$ 2,83 milhões foram para o escritório de advocacia que conduziu o caso.

Na ocasião, a diretoria explicou que os Transcons avançariam o processo de devolução do Fazendão ao Bahia, além da aquisição definitiva da Cidade Tricolor, em Dias D’Ávila. Os centros de treinamentos foram atrelados à construtora OAS em acordo feito pelo ex-presidente Marcelo Guimarães Filho. A gestão de Fernando Schmidt fechou um acordo para que o Fazendão fosse devolvido e que a Cidade Tricolor fosse comprada por 13,6 milhões em Transcons, mais R$ 10 milhões em parcelas de R$ 1 milhão por ano. Como o Bahia não possuía a moeda imobiliária, o acordo permaneceu sem ser cumprido.

- Não adianta investir apenas no elenco profissional, que é o nosso maior desejo sim, ter um time qualificado, ter um time na Primeira Divisão. É importante ter a preocupação com o futuro da instituição - afirmou o presidente na assinatura do contrato.

Inspirado nos acertos administrativos, a gestão de Marcelo Sant’Ana tentará atingir o sucesso no departamento de futebol em 2016. Após um primeiro ano de fracasso na principal competição do ano, o presidente tricolor tem a experiência dos erros que não podem ser repetidos. Para o torcedor, resta esperar que a próxima temporada seja melhor, com êxitos dentro e fora das quatros linhas. Que seja a vez do futebol, da administração, da responsabilidade e da alegria, sentimento ausente neste melancólico fim de temporada.

Nota Luis Peres @Bahiaclub: Segue a blindagem. Perderam a vergonha...

Matéria apócrifa e com conteúdo "terceirizativo" e que indica: "ADEUS, ALEXANDRE FARIA! Vá e leve meus problemas com você!"

Se os “honestos intelectualmente” lembrarem, sua santidade Marcelo Sant’Ana era um crítico feroz das gestões do Bahia. Quando se candidatou, apoiado pelo mesmo grupo que está ao seu lado no poder e que fez explodir o passivo do clube, a conhecida REVOLUÇÃO TRICOLOR, cinicamente baixou o tom e passou a criticar apenas o Departamento de Futebol do Bahia.

A mídia amiguinha, coligada, jabazeira ou outras menos votadas, seguem o mesmo diapasão apresentado pelo Presidente: Culpem quem vocês quiserem, que mandaremos embora. Vírgula eu! Of, course! Como diria uma "enquanto público", numa entrevista na TV.

Ou seja: Culpados são, sempre, os outros.

Mas, como Pernambuco está sofrendo com uma crise na saúde por conta da “microcefalia”, seria de bom alvitre ver se por aqui não sofremos disso há mais tempo.