O meia Zé Rafael é um dos nomes mais cobiçados do futebol nacional atualmente, porém seu início no futebol não foi dos mais simples. Após um início tardio, ele se destacou na base do Coritiba, mas, após passar por dificuldades ao chegar no time profissional, ele quase desistiu do futebol. Seu nome só se tornou conhecido após ele passar por empréstimos ao Novo Hamburgo e ao Londrina.

Paranaense de Ponta Grossa, Zé Rafael sempre sonhou em ser jogador de futebol. Em uma entrevista exclusiva ao site da ESPN Brasil, o meia falou sobre seu início de carreira:

Minha família não teve nenhum atleta antes de mim. Foi uma paixão que eu tinha desde criança, a bola era meu único brinquedo. Não era carrinho nem pipa, eu gostava de jogar bola na rua ou aonde eu ia. Comecei aos cinco anos, fazendo escolinha de futsal no colégio, e joguei até meus 17 anos. Eu não jogava nem na várzea.

Em 2008, Zé Rafael foi campeão da Taça Paraná Sub-15 e recusou uma oferta do futsal do Joinville. Apenas dois anos depois, ele acabou indo jogar no Trieste, de Curitiba:

Eu jogava de ala no futsal e para ir para o campo é muito diferente. Demora um tempo até pegar as suas característica. No começo, foi bem difícil, mas a adaptação foi até rápida. Depois, dei sequência. Meu sonho de moleque sempre foi jogar futebol de campo, mas onde eu morava não tinha um clube profissional com categorias de base. Para quem não tem ninguém do meio, é difícil encontrar um teste. Por isso, demorou tanto (risos). Mas, ao mesmo tempo, foi na hora certa. O Trieste me deu uma base boa para seguir na carreira.

Apenas três meses, Zé Rafael foi jogar na base do Coritiba.

Empréstimos

Após se destacar na Copa São Paulo e na Dallas Cup, nos EUA, Zé Rafael subiu para o time profissional do Coritiba. Em 2013, após algum tempo de adaptação, o meia fez a sua estreia na equipe. Porém, ele não conseguiu se firmar no time:

Eu acho que não estava totalmente preparado. Algumas etapas foram queimadas e pulamos muito rápido. Eu tive oportunidades quando não estava totalmente pronto para aquele momento. Tínhamos uma concorrência muito grande mesmo, ainda mais na minha posição. Eram meias de muita qualidade como Alex, Robinho, Everton Ribeiro, Lincoln e Rafinha. Eles estavam em um momento muito melhor do que o meu. Eu não tinha como jogar com tantos caras bons na minha frente.

Com isso, ele acabou sendo emprestado para o time do Novo Hamburgo para disputar o Campeonato Gaúcho de 2014, e acabou se destacando na equipe:

Fui emprestado para ganhar mais experiência porque até então não tinha dado certo no Coritiba. Fui muito bem e fizemos uma boa Copa do Brasil. Depois eu voltei ao Coritiba, mas fiquei treinando afastado do resto do elenco porque não tinha espaço para mim.

Sem jogar, Zé Rafael quase abandonou a carreira:

Estava no Coritiba sem jogar e sem perspectiva nenhuma de me tornar uma realidade. Já estava desmotivado, afastado e já tinha estourado a idade na base, mas completava alguns treinos do Sub-20. Foi o momento que mais pensei em largar o futebol e buscar outras coisas, mas tive muito apoio da família e dos amigos. Tem momentos que são difíceis de superar. Tive cabeça e mantive foco, bati a poeira e levantei mais uma vez. Não poderia desistir do que sempre sonhei de maneira tão fácil.

A carreira de Zé Rafael mudou depois do Campeonato Paranaense de 2015, quando ele acabou sendo emprestado ao Londrina, que iria disputar a Série C do Campeonato Brasileiro:

Após perdermos a final do Estadual para o Operário-PR, a diretoria decidiu que eu não seria utilizado no Nacional. O Londrina já me conhecia desde a base e me chamou. Nós conseguimos o acesso para a Série B e fomos vice-campeões. Eu fui para a seleção do campeonato.

Zé Rafael voltou ao Coritiba no ano seguinte, mas, novamente, não teve oportunidades. No início do estadual, ele pediu para voltar a jogar no Londrina, que disputaria a Série B do Brasileirão. Após se destacar, ele chamou atenção de clubes da elite do futebol nacional:

Foi nessa época que as coisas começaram a dar certo na minha carreira. A cidade é boa para se morar e o clube tem uma estrutura ótima. Nós quase subimos para a Série A.

Zé Rafael comentou a sua transferência para o Bahia:

Eu tinha mais um ano de vínculo com o Coritiba e em dezembro passei resolvendo isso. O Coritiba queria que eu renovasse o contrato para ficar, mas eu não estava satisfeito e não queria de jeito nenhum. O Bahia se interessou e me levou em definitivo.

Grande fase no Bahia

Chegando ao Bahia em 2017, Zé Rafael se firmou rapidamente na equipe que foi vice-campeã estadual e conquistou o título da Copa do Nordeste em cima do Sport:

Eu cheguei como um jogador desconhecido e buscando trabalhar. Comecei o ano jogando porque estava muito bem fisicamente e não saí mais do time. Tive uma sequência boa de jogos e ganhei a confiança dos companheiros. As portas se abriram de uma maneira muito rápida. A final da Copa do Nordeste vai ficar gravado na minha memória. Logo no meu primeiro ano fazer parte dessa história foi ótimo.

Em boa fase no Tricolor, Zé Rafael passou a ser desejado por várias equipes, como Cruzeiro, São Paulo e Corinthians. Mas foi o Palmeiras que conseguiu acertar a prioridade de compra do meia até 2019:

No meio para o fim o ano passado começaram a surgir as primeiras notícias de que outros clubes estavam interessados em mim. O pessoal viu meus números e partidas e acharam que eu poderia ser alguém que tinha um algo a mais. Tiveram alguns clubes, saíram várias notícias no ano passado. As coisas não aconteceram e voltei esse ano ao Bahia com a mesma cabeça.

Na temporada de 2018, Zé Rafael ajudou o Bahia a conquistar o Campeonato Baiano e chegar ao vice-campeonato da Copa do Nordeste:

Quero fazer um grande trabalho e ajudar o clube a fazer um ano bom e tenho conseguido. Fizemos a melhor campanha da história do clube na Copa do Brasil e na Sul-Americana. Temos caminhado bem no Brasileiro para no mínimo nos mantermos na primeira divisão. Tem sido um ano muito bom e tem tudo para terminar de uma maneira boa.

Zé Rafael, que sempre comemora seus gols com as mãos nos olhos por conta do desenho "Mundo Bita", que o seu filho gosta, voltou às manchetes recentemente, pois foi noticiado que o Palmeiras irá exercer no fim desta temporada a prioridade para a sua contratação. O jogador tem contrato com o Bahia até 2020 e sua multa rescisória é de 10 milhões de euros. Mas, o meia garante que ainda não há nada certo:

Eu vejo como um ponto positivo e fico feliz para caramba em ver uma equipe do tamanho do Palmeiras tenha interesse em contar comigo no futuro. Eu preciso continuar trabalhando para que as coisas continuem acontecendo. A gente sabe que não é fácil. Por enquanto são só especulações, como foram no ano passado. Preciso continuar dando meu máximo no Bahia. Estou com a cabeça boa e tranquila para fazer um bom trabalho aqui. Oficialmente não tem nada.