O presidente do Bahia falou sobre assuntos como patrocínio master, redução de salários e escudo LGBT

O Presidente Guilherme Bellintani permanece ativo nas redes sociais. Na noite de ontem, o Harry Potter Tricolor concedeu uma entrevista muito interessante no Canal do Nicola, falando sobre o atual momento do futebol brasileiro e suas perspectivas para os próximos meses.

Bellintani foi muito transparente quando falou sobre as possíveis consequências para o Bahia devido a paralização dos campeonatos. Falou como o Bahia se prepara e quais as decisões que estão sendo tomadas, abordando temas delicados como a redução dos salários dos atletas, dirigentes e funcionários do clube.

A projeção que o Bahia faz hoje é de um cenário muito difícil nos próximos dois ou três meses, devido as incertezas provocadas pelo surto do COVID-19. Mesmo assim, medidas de preservação das receitas atuais estão sendo tomadas, busca por receitas alternativas, além de campanhas no sentido de manter os sócios ativos.

Com relação às despesas, o Bahia começa a repactuar todos os contratos, inclusive com jogadores que poderão ter os seus salários reduzidos um momento inicial, com projeções de perdas de cada um, sempre mantendo uma relação honesta de que todos devem fazer a sua parte para superar esse grande problema,

Bellintani acredita que mesmo com uma situação melhor do que outros clubes, o Bahia irá sentir o impacto das paralizações pelos próximos três meses. Em meio a essa onda, o Bahia é o brigado a refazer todo o seu planejamento estratégico, plano de ação e metas e torce para que tudo seja resolvido até junho.

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Estádio Próprio

Bellintani se mostrou um dirigente realmente consciente e que se preocupa com o Bahia. Pontuou que atualmente a relação com a Arena Fonte Nova é muito positiva e a mais viável financeiramente. Disse ainda que um clube que ainda possui dívidas não pode pensar em grandes investimentos, a meta é pagar as dívidas, fortalecer o clube e se consolidar na Série A, para que futuramente possamos pensar em ter um estádio próprio.

Gregory no Palmeiras e Régis no Cruzeiro

O presidente do Bahia confirmou mais uma vez o interesse do Palmeiras pela contratação do nosso volante. Entretanto, revelou que a negociação foi esfriada e não há conversa em andamento. Disse também que não existe a pretenção de acelerar um possível negócio, mesmo porque Gregory é um jogador muito importante para o clube e para a torcida. Mas deixou claro, que caso receba uma proposta grande e tentadora, o Bahia certamente irá aceitar.

O Bahia mantém conversas com o Cruzeiro não somente em relação a Régis. Segundo Bellintani, é mais provável que aconteça uma possível negociação com o meia Tricolor e o Cruzeiro do que com Gregore e o Palmeiras. Mesmo assim, nada está fechado e existe muito ainda a se conversar. O Bahia precisar ainda conversar com Regis, ter a certeza de que ele estaria satisfeito com uma possível negociação.

Renovações de Élber e Arthur Caíque

O presidente confirmou que possui interesse em renovar com ambos. Para Bellintani os dois são bem avaliados e muito importantes para o clube, mesmo quando não estão em uma boa fase. Disse ainda que o Bahia precisa manter o seu elenco por um maior tempo possível. Élber por exemplo é um atleta do clube e completa esse ano três anos no Esquadrão. As conversas com o atleta já foram iniciadas e a intenção e seguir com o atleta por mais duas temporadas. Com relação a Arthur Caíque, o Bahia fica na dependência do clube Árabe, que é detentor dos direitos federativos e econômicos do atleta para uma possível renovação.

Contratação de novos jogadores

No momento o Bahia não possui a intenção de realizar novas contratações. O momento agora é de se manter vivo financeiramente, sem se comprometer com investimentos maiores do que temos atualmente. O presidente se mostrou satisfeito com o elenco, comentando sobre os experientes zagueiros inclusive com a possibilidade de aproveitamento de dois ou três deles que poderão subir do sub-23. Com relação a Jean Carlos, o presidente apesar de gostar do jogador, confirmou que não existe nenhuma intenção em fazer novas contratações.

Contratação de Mendonza: "Oi sumido!"

Sobre um possível retorno de Mendonza, Bellintani de forma descontraída disse que tenta repatriá-lo desde o momento que ele deixou o clube. Entretanto, não há nenhuma possibilidade, devido ao alto custo do atleta, que atualmente gira em torno de €8 milhões de euros. Mendonza foi um jogador que criou um vínculo com o Clube, que ainda hoje é admirado pela Torcida. Um namoro a distância, mas algo completamente fora da realidade do Bahia. Quem sabe no futuro, disse o presidente.

Escudo LGBT no Bahia

Um possível escudo em homenagem ao movimento LGBT, esteve em discussão nas redes sociais alguns meses atrás. Sobre essa questão, Bellintani de forma muito objetiva e respeitosa, explicou que o escudo do Bahia é único, e que jamais pode ser modificado. Entretanto, deixou claro que o clube segue firme no propósito de inclusão máxima de todos os torcedores, inclusive torcedores do movimento LGBT. O importante é que todos possam se respeitar e continuar demonstrando amor ao Bahia.

Pontos corridos ou mata-mata?

Na última reunião dos clubes, foi levantada a possibilidade de uma alteração na fórmula do campeonato para este ano, devido aos possíveis problemas de calendário. Bellintani reforçou a sua opinião contrária ao mata-mata, dizendo que não existe a possibilidade, pois isso afetaria e muito a competição no sentido comercial. Segundo o presidente, teremos espaço no calendário até mesmo pela transferência da Copa América para o próximo ano.

Permanência do Presidente no Bahia

Sobre uma possível permanência no Bahia, Bellintani disse que ainda é muito cedo para qualquer decisão. Disse que o Bahia possui uma democracia forte, que a sua torcida é responsável pela escolha dos seus presidentes a cada três anos. No momento, a sua pretenção é de concluir o seu mandato que se encerra em dezembro deste ano. Para o presidente, tratar dessa questão num momento tão difícil seria injusto, não cabendo falar de política dentro do clube com todos os problemas que estão acontecendo.

Ramires volta para o Bahia ou será negociado?

O FC Basel tem até o final de maio para executar ou não a opção de compra do jogador. Caso não seja adquirido pelo Basel, ele deve retornar ao Bahia, onde poderá permanecer ou ser negociado com outros clubes, inclusive europeus que já demonstraram interesse no atleta, que está avaliado em torno de €6 milhões de euros. Ramires teve um problema muscular mas já está recuperado. Quando estava retornando para as atividades normais, o campeonato suíço foi interrompido por causa da pandemia.

Percentual das cotas de TV em relação a receita

Eu estava presente na live e fiz um questionamento ao presidente para saber qual seria o percentual que a Rede Globo representa no total da receita do Bahia. A pergunta foi estendida pelo jornalista Nicola, que questionou sobre quanto o não pagamento das cotas de TV poderia interferir no dia a dia dos clubes.

Segundo Bellintani, quando assumiu em 2017, o clube faturava em torno de R$95 milhões de reais. As cotas de TV na época giravam em torno de 65% deste valor (R$60 milhões). No ano de 2019 nós faturamos R$180 milhões, uma dobra de faturamento e a receita de TV permaneceu com os mesmos R$60 milhões, so que agora representando aproximadamente 33% da nossa receita. Bellintani considera que mesmo com uma capacidade maior de "se ajustar", sem a receita de TV, qualquer clube brasileiro pode fechar suas portas.

Disparidade na distribuição das cotas de TV

Desde 2017 que o Bahia recebe o mesmo valor de cotas de TV. Bellintani falou sobre os contratos com a Globo e a com Turner, que não obteve o êxito desejado, já que não conseguiu uma evolução financeira com essa estratégia de dois contratos. Para o presidente, ter mantido o mesmo valor já se pode considerar como um ponto positivo, considerando que em muitos casos podemos até perder com a queda de Pay-Per-View. Bellintani ainda pontuou que a esperada redistribuição que supostamente traria mais igualdade não aconteceu, então continuamos com a mesma disparidade de receitas, mesmo com clubes que possuem audiência equivalente à nossa como o Fluminense e Botafogo, que ainda continuam recebendo mais do que o Esporte Clube Bahia.

Impacto do COVID-19 nas finanças do Bahia

Para aqueles que imaginavam que o Bahia não iria sofrer com a pandemia a notícia não é boa. Segundo o presidente, o impacto no mínimo será médio. Nas palavras do presidente: "o impacto é grande ou médio, pequeno ele não vai ser". O Bahia estima perder entre 20 e 30% da receita de R$180 milhões esperada para esse ano. As principais causas podem ser pelo não pagamento das cotas de TV, perda de associados e patrocinadores, bem como a venda de jogadores, que pode ser prejudicada por causa da crise.

Redução de Salários

Sim. Os salários dos atletas serão reduzidos. Segundo presidente o Bahia já está discutindo o assunto sem que nada seja imposto. Ele afirma que o clube possui uma cultura de diálogo muito grande, que todos os atletas estão cientes do grave problema que estamos enfrentando e já estão conversando entre eles. Bellintani acredita que todos juntos chegarão a uma solução equilibrada até a próxima sexta-feira.

Patrocínio Master

Mais um problema causado pelo surto do COVID-19. O Bahia já estava com um contrato pronto para ser assinado com um patrocinador master, mas o negócio foi suspenso por enquanto. Para Bellintani, um prejuízo grande para o Bahia neste momento, embora ele acredite que as negociações possam ser retomadas nos próximos meses, quando a situação estiver mais controlada. Perguntado sobre qual seria o patrocinador, o presidente preferiu não revelar para evitar "promoções" de outros clubes.

Venda do Fazendão

Assim como o patrocinador master, a venda do fazendão que já estava engatilhada, teve que ter a negociação interrompida por causa do Novo Coronavírus. Uma das propostas já tinha sido inclusive encaminhada para a aprovação da venda pelo Conselho Deliberativo com a data da assembléia geral marcada, mas acabou sendo cancelada. Segundo Bellintani, o dinheiro desta venda será empregado em sua maior parte para pagar dívidas do clube, que gira em torno de R$180 milhões atualmente.