Por ser um grande celeiro de craques, o Bahia nunca teve muito costume de trazer jogadores de fora do Brasil. Apesar disso, conseguimos relembrar 5 jogadores estrangeiros da história do Tricolor
Tentamos relembrar os jogadores pelo seu ineditismo e por sua contribuição (positiva ou negativa) à história do Bahia.
Carlos Buttice (Argentina)
O goleiro argentino Carlos Buttice defendeu o Tricolor entre os anos de 1972 e 1974, conquistando os campeonatos baianos de 1973 e 1974, os primeiros dois títulos do heptacampeonato baiano do Tricolor na década de 1970.
Buttice, apelidado de El Batman, por conta dos seus saltos para defender chutes no ângulo, foi revelado no pequeno time do Los Andes, em 1964. Depois de uma breve passagem pelo Huracán, chegou ao San Lorenzo em 1966 e se tornou ídolo do clube, conquistando o título argentino invicto em 1968 e chegando a ser convocado por sua seleção nacional.
Após uma crise financeira do clube argentino, Buttice veio ao Brasil para jogar no América-RJ em 1971, mas logo no ano seguinte, o goleiro foi defender o Tricolor de Aço.
No Bahia, Buttice chegou a ser criticado por conta da perda do Campeonato Baiano de 1972 para o rival Vitória, mas as boas atuações nos anos seguintes fizeram com que o goleiro fosse peça importante nos títulos estaduais dos anos 1973 e 1974. Na campanha do Campeonato Brasileiro de 1973, o argentino se destacou e ficou perto de ganhar a Bola de Prata de melhor goleiro, mas acabou perdendo para o compatriota Cejas, que jogava no Santos.
Em 1974, Buttice deixou o Bahia para jogar no Corinthians, sendo titular no time paulista com boas atuações. Porém, a perda do título estadual daquele ano para o Palmeiras, que fez com que o Corinthians chegasse aos 20 anos sem título marcou o arqueiro, que acabou deixando o futebol brasileiro logo após a derrota.
Após sair do Corinthians, Buttice jogou no futebol argentino e chileno, até se aposentar em 1983 no time do Colón, em seu país natal.
Abaixo, veja um vídeo do jogo entre Bahia e Corinthians no Campeonato Brasileiro de 1973. O jogo, realizado no estádio do Pacaembu, contou com Buttice defendendo as traves do Bahia.
José Sanfilippo (Argentina)
O atacante José Sanfilippo defendeu o Tricolor baiano entre os anos de 1968 e 1971, fazendo sucesso no Bahia e conquistando os títulos baianos de 1970 e 1971.
Na Argentina, Sanfilippo é ídolo da torcida do San Lorenzo, clube pelo qual foi revelado e é o maior artilheiro de sua história, com 204 gols. Jogando entre os anos de 1953 e 1962 pelo clube, Sanfilippo foi 4 vezes seguidas artilheiro do campeonato argentino, entre os anos de 1958 e 1961.
Campeão argentino de 1959, participou com o San Lorenzo da primeira Libertadores da história em 1960, enfrentando e eliminando o Bahia. Além disso, Sanfilippo esteve com a Seleção Argentina nas Copas de 1958 e 1962, sem grande sucesso.
Após sair do San Lorenzo, Sanfilippo jogou pelo Boca Juniors, pelo Nacional, do Uruguai e, de volta à Argentina, jogou pelo Banfield.
Chegou ao Brasil em 1968, para jogar no Bangu, mas não teve êxito no time carioca. No mesmo ano, desembarcou em Salvador para jogar no Bahia. Mesmo já veterano, Sanfilippo foi a grande esperança de gols do Tricolor bicampeão baiano em 1970 e 1971.
Em 1971, Sanfilippo deixou o Bahia, imaginando que iria se aposentar e se tornar treinador do Tricolor, mas isso não acabou acontecendo. Em 1972, aos 37 anos, voltou a jogar pelo San Lorenzo e conquistou mais um título argentino pelo time em que foi ídolo.
Confira abaixo o vídeo da decisão do Campeonato Baiano de 1971, em que, com Sanfilippo em campo, o Bahia venceu mais uma decisão em cima do Vitória:
Maxi Biancucchi (Argentina)
Esse é mais recente na cabeça dos torcedores. Maxi jogou no Tricolor entre os anos de 2014 e 2016, sendo titular e destaque no bicampeonato baiano de 2014 e 2015.
Apesar de argentino, Maxi Biancucchi fez todo o início da sua carreira por times do Paraguai, entre 2004 e 2007, ele jogou em: Libertad, General Caballero, Tacuary, Fernando de la Mora e Sportivo Luqueño.
Chegou ao Brasil em 2007 para jogar no Flamengo, credenciado por um fato inusitado: Maxi é primo de Lionel Messi. Apesar da desconfiança da torcida e de uma certa irregularidade, Maxi jogou entre 2007 e 2009 pelo time carioca.
Em 2009, Maxi deixou o Flamengo e o Brasil para jogar no Cruz Azul, do México. Pouco depois, voltou ao Paraguai, para jogar no Olimpia.
O retorno ao Brasil aconteceu em 2013, para jogar no maior rival do Esquadrão: o Vitória. No rival rubro-negro, Maxi conquistou o campeonato baiano daquele ano e fez uma boa campanha no Campeonato Brasileiro.
Porém, Maxi surpreendeu ao deixar o Vitória e assinar com o Esquadrão para 2014. Um dos motivos da troca foi o fato do Bahia também ter contratado o seu irmão, Emanuel Biancucchi. Jogando pelo Bahia, Maxi foi titular nas conquistas dos títulos estaduais de 2014 e 2015. Infelizmente, Maxi não teve a mesma sorte nos campeonatos nacionais: em 2014, o Bahia acabou rebaixado para a Série B e em 2015, o Bahia não conseguiu o acesso à Série A.
Após ser afastado da equipe no início deste ano, Maxi rescindiu o seu contrato e voltou para o futebol paraguaio. Está atualmente no Olimpia.
Confira abaixo alguns gols decisivos de Maxi pelo Bahia:
Rodolfo Rodríguez (Uruguai)
O uruguaio Rodolfo Rodríguez chegou ao Bahia já veterano em 1993. O Tricolor foi o último time do famoso arqueiro, que se aposentou em 1994. No Bahia, Rodolfo ganhou os títulos baianos de 1993 e 1994.
Rodolfo Rodríguez começou no futebol em 1976 pelo pequeno time do Cerro, mas, pouco depois já jogaria numa grande equipe do seu país, o Nacional. Pelo Nacional, foi titular do time que foi 3 vezes campeão uruguaio, além de ter sido campeão da Libertadores e do Mundial Interclubes em 1980. Além disso, o goleiro se destacou na seleção do Uruguai, conquistando o Mundialito de 1981, torneio que celebrava os 50 anos da primeira Copa do Mundo.
Em 1984, o Santos fez um grande investimento para contratar Rodríguez e o goleiro virou um grande ídolo santista. Entre 1984 e 1988, conquistou apenas um título, o Campeonato Paulista de 1984, porém se destacou fazendo defesas sensacionais, como a do vídeo abaixo, que fez com que o goleiro ganhasse uma placa na Vila Belmiro:
Em 1988, deixou o Peixe e foi jogar no Sporting, em Portugal. Dois anos depois, voltaria ao Brasil para jogar na Portuguesa, onde jogaria por duas temporadas.
Em 1992, já com 36 anos, veio jogar no Bahia. Infelizmente, sua passagem pelo Tricolor ficou marcada por um estranho gol sofrido contra o Cruzeiro, pelo Campeonato Brasileiro de 1993. Jogando no Mineirão, o Bahia sofreu uma goleada de 6x0 para o time mineiro, 5 desses gols foram marcados por um jovem atacante chamado Ronaldo. O jogador, que viria a se tornar o Fenômeno, marcou o último desses 5 gols aproveitando a distração de Rodolfo Rodríguez, que deixou a bola no chão para dar uma bronca na defesa.
Mas a passagem do uruguaio pelo Bahia teve pontos positivos. No Tricolor, Rodolfo Rodríguez foi bicampeão baiano nos anos de 1993 (como titular) e 1994 (como reserva de Jean). Confira as duas finais no vídeo abaixo:
William Andem (Camarões)
O goleiro camaronês William Andem jogou no Tricolor entre os anos de 1997 e 1998, sendo o primeiro jogador africano a jogar no Bahia. Depois dele, o Bahia ainda contou com Freddy Adu, nascido em Gana, mas que defendia a seleção dos Estados Unidos.
William Andem começou no futebol em seu país no ano de 1989, defendendo o time do Union Douala. Em Camarões, ele também defendeu o Olympic Mvolié. Já tendo defendido a seleção camaronesa, William veio para o Brasil através da ação de um empresário, que o negociou com o Cruzeiro.
No time mineiro, William atuou entre os anos de 1994 e 1996, sendo reserva de Dida. O goleiro chegou ao Bahia em 1997 e foi titular em boa parte da campanha naquele Campeonato Brasileiro, no qual, infelizmente, o Bahia sofreu o seu primeiro rebaixamento à Segunda Divisão.
Em 1998, o goleiro deixou o Bahia, se transferindo para o Boavista, de Portugal. No time português, William Andem jogou por 9 anos, disputando mais de 150 partidas até 2007. Além disso, o goleiro fez parte do elenco da Seleção Camaronesa na Copa do Mundo de 1998, como reserva. Antes de se aposentar em 2008, o camaronês ainda passou pelo time do Feirense, de Portugal
Confira um vídeo de William Andem no gol do Tricolor no Brasileirão de 1997: