Postado por - Newton Duarte

90ª São Silvestre: Brasileiros desafiam hegemonia africana

Brasileiros desafiam hegemonia africana em São Silvestre histórica

A Corrida Internacional de São Silvestre chega a sua 90ª edição consecutiva nesta quarta-feira, 31 de dezembro. A prova, disputada pela primeira vez em 1925, terá uma vez mais embate entre atletas africanos, favoritos à vitória, e brasileiros, que tentam quebrar a hegemonia rival.

Com largada na altura da Rua Frei Caneca da Avenida Paulista e chegada em frente ao edifício da Fundação Cásper Líbero, a elite feminina parte às 8h40 (de Brasília), 20 minutos antes da elite masculina e do pelotão geral.

A última vitória brasileira na São Silvestre ocorreu em 2010, ano em que Marílson Gomes dos Santos conquistou seu terceiro título no evento. Entre as mulheres, o jejum é ainda maior, já que uma atleta nacional não sobe ao lugar mais alto do pódio desde 2006, quando Lucélia Peres foi a campeã.

“Os africanos estão sempre revezando entre si, fazem um jogo de equipe e precisamos fazer nossa prova apesar disso. Temos que treinar e procurar fazer a corrida para tentar ganhar mesmo assim”, disse Giovani dos Santos, tricampeão da Volta da Pampulha e melhor brasileiro nas duas últimas edições da São Silvestre.

Quarto colocado três vezes, Giovani dos Santos está pronto para subir ao pódio novamente - Fernando Dantas/Gazeta Press

O favorito à conquista do título é o etíope Tariku Bekele, campeão da São Silvestre de 2011, medalha de bronze nos 10 mil metros nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 e irmão do astro Kenenisa Bekele. Os quenianos Mark Korir e Stanley Koech, donos da segunda e terceira colocações em 2013, respectivamente, também estão inscritos no evento.

“Na primeira vez que disputei a São Silvestre, venci. Agora, estou feliz por retornar ao Brasil para participar da corrida novamente. Eu me sinto bem e fiz uma boa preparação. Em relação a 2011, estou em melhor forma e vou tentar ganhar pela segunda vez”, disse Bekele.

Entre as mulheres, a briga pela vitória também será dura, com a participação de quatro ex-campeãs da prova. Nancy Kipron venceu em 2013 e busca o bi. Prsicah Jeptoo, campeã em 2011, retorna a São Paulo depois de conquistar uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. A etíope Ymer Wude Ayalew venceu em 2008. E a brasileira Maria Zeferina Baldaia foi campeã de 2001.

“Este ano será diferente porque as competidoras são muito fortes. Vou correr contra atletas que têm medalhas em Campeonatos Mundiais e preciso tentar meu melhor”, disse Kipron. “Conheço bem a São Silvestre, já participei da prova muitas vezes e gosto muito. Este ano ela será muito boa com muitas atletas fortes no feminino e acho que terei uma competição muito dura”, explicou a atual campeã.

As principais brasileiras na disputa devem ser Sueli Pereira, sexta colocada e melhor brasileira no ano passado, Cruz Nonata, sétima colocada em 2013, e Joziane Cardoso, campeã da Volta Internacional da Pampulha. Uma atleta brasileira não vencia em Belo Horizonte também desde 2006, ano em que Lucélia Peres subiu ao lugar mais alto do pódio na prova tradicionalmente encarada como preparação à São Silvestre.

“Fazendo uma prova cabeça, estratégica, as brasileiras podem, sim, subir no pódio. As quenianas vêm muito forte, no ritmo delas, e se ajudam muito, mas estamos aí. Vamos pegar uma corrente brasileira e continuar juntas o maior tempo possível”, analisou Joziane.

A queniana Nancy Kipron venceu a São Silvestre em 2013 e busca o bicampeonato em São Paulo - Sergio Barzaghi/Gazeta Press