Postado por - Newton Duarte

A 'escancarada' submissão de uma entidade esportiva à TV

Libertadores em semana de Data Fifa só escancarou a submissão da Conmebol à TV

Presidente da Conmebol, Juan Ángel Napout comandou o sorteio

Quem não gosta de um jogo de futebol para se assistir na TV? Ainda mais quando tem um bom nível, valendo pelo Grupo da Morte da Libertadores. Nesta semana, aconteceram apenas duas partidas pela rodada da competição sul-americana. Mas certamente nem todo mundo se deu conta do tamanho absurdo que isso representa, ou mesmo são-paulinos e corintianos do risco que sofreram. Porque, afinal, a própria Conmebol ignorou os seus dois principais produtos (a saber, os jogos de seleções e a própria Libertadores) para atender às demandas da televisão brasileira. Uma submissão absurda.

No final das contas, a rodada não saiu tão prejudicada assim. Para a sorte da própria Conmebol. Quem estava servindo a sua seleção voltou a tempo de jogar e os clubes não tiveram desfalques. Mas fazer o que a “organização” da Libertadores fez é, com o perdão da palavra, pedir para dar merda. Três dos quatro melhores times da competição estiveram em campo nesta quarta e poderiam muito bem ter perdido jogadores. Não aconteceu. Em especial, porque Guerrero não esteve na convocação de testes do Peru, enquanto Elias voltou a tempo da Europa para ser decisivo, mesmo na correria imposta pelos cartolas só para preencher a grade dos canais. Gil e Souza também foram titulares.

Para os corintianos, submetidos na última semana em uma maratona de jogos com intervalo de 48 horas, o sacrifício pode não parecer tão penoso. Dá para entender. No Brasil, sobretudo, a gente já perdeu a noção do absurdo. Nenhuma Data Fifa serve para interromper as competições nacionais. Outros interesses estão muito acima da preservação dos atletas, da manutenção dos times e, em consequência, da qualidade do jogo. Definitivamente, não deveria ser assim.

E o papelão maior é mesmo da Conmebol. A confederação sul-americana é quem promove as seleções nacionais. Também quem decide as datas dos jogos da Libertadores. Mas prefere continuar agradando quem realmente distribui as cartas no futebol continental. Detalhe, justo em ano de Copa América, a sua quase centenária competição, que sequer conta com o devido apoio da entidade – e que desde já vê se desdobrando conflitos com clubes pela liberação de jogadores para a preparação, mesmo os de clubes locais.

Pior para a Libertadores, que também tem o seu nível técnico colocado em risco, sem razão. Um torneio que segue subaproveitado, tanto na exploração comercial quanto na própria negociação dos direitos televisivos. Enquanto o dinheiro continuar entrando nos cofres da Conmebol, e não necessariamente no dos clubes, está tudo certo para os caciques sul-americanos.