Postado por - Newton Duarte

A fonte secou? Bahia vê cair rendimento dos atacantes

Do 7 x 1 ao 1 x 1: após fartura do KGB, Bahia vê cair rendimento de atacantes

Sensação Tricolor no primeiro semestre, ataque com Kieza, Maxi e Léo Gamalho cai de rendimento, perde atleta e dá lugar a nova formação. Jorge Allan analisa as razões

Kieza cai de rendimento após bom início de ano(Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia)

Do KGB ao KB, ou KA ou, vai lá saber, KAB. Das goleadas aos um a uns. Dos três artilheiros do Campeonato Baiano com 19 gols, aos três gols e 32º lugar de Kieza e Maxi no top de goleadores na da Série B do Campeonato Brasileiro. Se no primeiro semestre o ataque do Bahia formado por Kieza, Maxi Biancucchi e Léo Gamalho estava na ponta da língua do torcedor e tinha todo o respeito e o temor dos adversários, o atual grupo de frente titular do Esquadrão, ora formado por Kieza e Maxi, ora com Kieza e Alexandro – este último novo integrante do setor - e ora com Kieza, Maxi e Alexandro, não tem gerado mais tanta empolgação assim.  

É bom logo destacar que o Bahia está muito longe de ter um ataque considerado ineficiente na Série B do Campeonato Brasileiro, uma vez que o time é o terceiro com mais gols na competição, ao lado de América-MG, Sampaio Corrêa e Santa Cruz, com 28 bolas na rede em 20 partidas. Contudo, os últimos resultados do Esquadrão - 1 a 1 contra o Náutico, 1 a 1 contra o Atlético-GO, 1 a 1 contra o América-MG e a fatídica derrota por 4 a 1 para o Sport pela Copa Sul-Americana -, mostraram, além da escassez de gols, o desempenho irregular dos principais jogadores do time.

Como exemplo de grande fase da comissão de frente Tricolor, no Campeonato Baiano, o KGB Tricolor foi titular em sete das 12 partidas e responsável por 19 dos 34 gols do time, o que representou o ataque mais positivo da competição. Não por acaso, Kieza foi o artilheiro – oito gols -, seguido por Maxi Biancucchi – seis - e depois Léo Gamalho - cinco.

Mas aí vem a Série B do Campeonato Brasileiro e, com ele, a série de problemas. De tão presente no primeiro semestre, o trio Kieza, Maxi Biancucchi e Léo Gamalho só começou junto uma partida no Brasileiro. Os dois primeiros sofreram com séries de lesões, enquanto o último caiu de rendimento e foi para a reserva. Gamalho, inclusive, depois de tanto tempo no banco, pediu para deixar o Tricolor e foi transferido para o Avaí. O resultado de tudo isso? Somados juntos, os três fizeram sete gols na Série B do Brasileiro.

Eis então que aparece o novo integrante do ataque do Esquadrão: Alexandro. Entretanto, após dez partidas no time, o atacante tem se destacado mais nos gols perdidos que nas bolas dentro na rede. Até aqui, marcou duas vezes na Série B.

Tabela mostra número de gols de principais atacantes do Bahia em 2015 (Foto: Globoesporte.com)

AS RAZÕES

Fase ruim, contusões, acomodação e falta de ritmo de jogadores. Estes são apenas alguns dos motivos para a queda de rendimento do ataque titular do Bahia apontados pelo comentarista da TV Bahia, Jorge Allan. Para ele, a sincronia que o trio Kieza, Maxi e Gamalho tinha no início do ano não é mais vista neste segundo semestre.

- Acho que a questão do ataque do Bahia é uma questão de fase dos jogadores. No primeiro semestre, eles pareciam estar em melhor fase, encaixou, com a velocidade de Maxi, mobilidade de Kieza, oportunismo de Léo Gamalho. Aí depois Léo Gamalho se acomodou, Maxi machucou, Kieza machucou. Ficaram muito tempo fora e, depois disso, não conseguiram mais voltar ao ataque que era.

- No primeiro semestre, no Campeonato Baiano, os times são mais fracos que os da Série B. Isso tem alguma interferência. O jogo mais difícil que o Bahia teve no Campeonato Baiano foi o empate com o Vitória.

Jorge Alan,

comentarista da TV Bahia

Allan também aponta como importante para a diferença de rendimento do Tricolor o nível dos próprios adversários. No Campeonato Baiano, por exemplo, o Bahia se destacou pelas sonoras goleadas, com destaque para o 7 a 1 no Feirense e 6 a 0 no Vitória da Conquista, esta última na final da competição.

- No primeiro semestre, no Campeonato Baiano, os times são mais fracos que os da Série B. Isso tem alguma interferência. O jogo mais difícil que o Bahia teve no Campeonato Baiano foi o empate com o Vitória, em 1 a 1. Copa do Brasil, o Bahia também teve dificuldade - recorda o comentarista.

Allan ainda criticou a falta de reposição do Bahia para a ausência dos três principais jogadores. Além disso, se as contratações pouco acrescentaram, a falta de sequência dada aos jogadores da base do Esquadrão, como Jacó e Jeam, pouco contribuiu para superar a falta do trio.

- Também teve isso de não ter reposição para quando os três titulares tivessem problema de contusão. Não tinha quem repor e colocar no lugar. Alguns da base que foram testados chegaram a ser aprovados em alguns momentos, mas também caíram, como Zé Roberto, Jeam, Jacó. Tiveram bons momentos no time e depois sumiram. Zé Roberto a gente entende porque esteve muito tempo machucado. Jeam a gente não entende. Jacó fez boas partidas e, de repente, sumiu do time também. Jacó é melhor que Alexandro. Não sei o que houve, se foi problema interno. Mas, pelo futebol que vinha apresentando, não era para estar - reclama Allan.

Outro fator apontado por Jorge Allan para a queda de rendimento do Bahia foram as alterações constantes na estrutura do time feitas pelo técnico Sérgio Soares. Para o comentarista, a falta de um sistema de jogo definido dificultou o entrosamento entre os jogadores.

- O time muda demais nas laterais, não tem lateral titular, nem de um lado, nem de outro. E bons laterais são determinantes em bom aproveitamento de atacantes. Depende muito deles para cruzamento, bola na área e tudo mais. No meio também. Sérgio não sabe qual é o meio titular dele. A cada jogo testa uma formação diferente. Isso também, com certeza, interfere no aproveitamento no ataque.

O comentarista da TV Bahia, Jorge Allan, também analisou individualmente o desempenho dos principais jogadores do ataque do Esquadrão no segundo semestre.

Confira abaixo a avaliação.

KIEZA

Bahia é o artilheiro do Bahia na temporada com 18 gols (Foto: Will Vieira / Divulgação / EC Bahia)

Ainda é o grande jogador do ataque do Bahia. Em 36 jogos, o artilheiro da equipe na temporada marcou 18 gols, só que a maior parte deles no primeiro semestre. Sofreu com série de contusões, as principais delas no púbis.

- Depois da contusão, ele fica alternando bons momentos – poucos -, e maus momentos – muitos -, longe de ser o Kieza do primeiro semestre, do time que foi campeão baiano - avalia Allan.

MAXI BIANCUCCHI

Maxi Biancucchi Bahia é o atacante com mais jogos na temporada pelo Esquadrão (Foto: Felipe Oliveira/AGIF/Estadão Conteúdo)

No ataque do Esquadrão, é o jogador com mais jogos na temporada: 38 no total. Tem 14 gols no ano, sendo que seis no Campeonato Baiano, três na Copa do Nordeste, dois na Copa Sul-Americana e três na Série B do Brasileiro.

- Maxi também a contusão atrapalhou, voltou a jogar bem nessas duas últimas partidas. Foi bem contra o Sport, com mobilidade, finalização. Ele é frio quando está dentro da área. Acho que está voltando a ser o Maxi que foi no primeiro semestre - diz o comentarista.

ALEXANDRO

Alexandro tem dois gols pelo Bahia na Série B (Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia)

Último integrante do ataque tricolor, tem somente 10 jogos na temporada pelo Bahia, sendo que sete na Série B, dois na Copa Sul-Americana e um na Copa do Brasil. Fez dois gols, todos marcados no Brasileiro.

- Alexandro tem muita vontade. Se bota a vontade de Alexandro em Léo Gamalho seria um jogador muito bom, titular em qualquer time do Brasil. Mas só boa vontade não adianta. Um jogador que não enxerga os lados, só enxerga o gol, tem pontaria ruim - analisa Allan.

TEM SOLUÇÃO?

Sim, é possível melhorar e voltar aos trilhos. Para o comentarista Jorge Allan, é preciso que o clube invista em bons jogadores para o ataque e no meio de campo. Além disso, Allan vê como fundamental o aproveitamento mais regular dos garotos da categorias de base do Esquadrão.

- Acho que o Bahia deveria investir um pouco em um bom atacante ou então voltar a dar oportunidade aos meninos da base: Zé Roberto, Jacó, principalmente. Oportunidade que normalmente é dada aos jogadores que vêm de fora e não é dada ao jogador da base, que tem que resolver em uma partida ou duas. O que vem de fora leva um campeonato inteiro, e todo mundo tem paciência com eles. Mais contratações fortes para o ataque e o meio de campo, um jogador de criação seria muito importante - finaliza.