Postado por - Newton Duarte

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Esporte no Brasil perde identidade para ser visto na TV

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Causaram estranheza nesta semana duas notícias sobre a mudança do regulamento de dois dos esportes mais populares do Brasil para agradar o principal canal de TV do país. No vôlei, há uma mudança de regra e a Superliga terá sets de 21 pontos (e não 25, como no mundo todo). No basquete a medida é esdrúxula: saldo de cestas após dois jogos da final do NBB.

A estranheza é pela bizarrice das propostas. Infelizmente não há novidade na subserviência de quem comanda o esporte no Brasil aos pedidos de quem paga para transmitir os jogos.

As confederações de basquete e de vôlei (CBB e CBV) querem expor suas modalidades na TV e se sujeitam a tudo. Até a tirarem a identidade do jogo que representam. As duas entidades tratam o esporte como uma mercadoria e o transformam ao gosto do freguês, não se importando com a tradição que o vôlei e o basquete têm no país. Descaracterizam a modalidade só para conseguirem alguns minutos na TV (espaço questionável, já que são raros os jogos da temporada regular exibidos em TV aberta exibidos).

Campeonatos nacionais de basquete em todo o mundo são disputados em playoffs de três, cinco ou até sete jogos. No Brasil, a final até este ano foi em jogo único. Este único com transmissão em TV aberta.

Criticada por isso, a direção da Liga Nacional fez então a proposta do “saldo de cestas” em dois jogos. A palavra final sobre o regulamento será dada pela Globo, como conta esta reportagem do UOL, que alerta ainda para a possibilidade de marmelada, tornando a situação mais vexatória. No vôlei, jogadores da seleção brasileira divergiram sobre a mudança de regras nesta matéria do Globo Esporte.

A Globo faz o seu papel de detentora dos direitos de transmissão. Trata o esporte como produto e o ajusta de acordo com seu interesse. Um set com 21 pontos é mais conveniente para não atrasar o telejornal. Um jogo de futebol às 22h é melhor para não atrapalhar o desenrolar da trama da novela. Ela paga e está no seu direito de estipular normas.

O grande problema está nos gestores do esporte. Dependentes do dinheiro que recebem da TV, se calam e aceitam qualquer aberração. Deveriam ser mais firmes e não aceitar que transformem o esporte meramente num produto da TV como suas novelas. E quem perde com isso é o torcedor, mais uma vez.


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Fonte: Bruno Winckler – Esporte Fino – Carta Capital

Foto: João Pires/LNB