A NFL, a mídia e as cifras milionárias do Super Bowl
Se você pensa que o Super Bowl é um jogo, você está completamente errado. A partida é o mais importante de tudo, mas é só uma parte das coisas.
O futebol americano é há algum tempo, o esporte mais popular do país que mais consome esporte no mundo. Mas essa popularidade não vem somente do campo. O fora dele é também muito importante.
São seis meses sem jogos. Mas esse tempo todo, que serve também para preservar os jogadores em um esporte com tanto contato, faz com que os torcedores sintam muita falta de seus times. Um combustível muito importante para o negócio.
O próprio Super Bowl tem essa espera. Das finais de conferências à decisão, são duas semanas de distância. E do que as emissoras esportivas americanas e até mundiais (em menor espaço, claro) falam neste tempo todo? Pois é, da partida e a expectativa sobre ela.
E a mídia tem papel fundamental na bilionária liga americana. Só para se ter uma ideia, na semana do Super Bowl, a mais importante do ano para jogadores e treinadores, os compromissos com o jornalistas são quase diários. Mais diários que os treinos, que são poucos e que servem para muito pouco.
As equipes chegam à cidade-sede no máximo até a segunda-feira antes da partida. Um dia depois, há o compromisso mais “insano” da temporada. Todos os 106 jogadores ficam à disposição para os jornalistas. Uma hora para cada time. As estrelas ficam em púlpitos, já que suas falas são mais concorridas. Os outros estão lá, no gramado, à espera de sua pergunta. E quase tudo é liberado. Em 2009, quando estive em Tampa, teve até um concurso de dança com atletas promovido por um canal de televisão. E há um tempo, a NFL decidiu vender ingressos para esse evento. Deu certo e mais dinheiro.
Essa exposição não fica restrita aos canais esportivos. Em 2009, por exemplo, a CNN repetiu várias vezes em sua programação uma matéria com a preocupação da população americana quanto a uma possível falta de oferta de carne de frango. As asas dele são a principal comida do segundo dia em que mais se consome comida nos Estados Unidos.
A receita da NFL é simples. A liga sabe que tem um grande e popular evento. E que quanto mais exposição, mais dinheiro da televisão, patrocínios e consumo de seus produtos. Por outro lado, a mídia sabe que esse interesse também lhe rende receitas. O Super Bowl é transmitido apenas em uma TV nos EUA. Fox, CBS e NBC revezam. Este ano, será a vez da última, que cobrou 4,5 milhões de dólares por 30 segundos de comercial. O alto valor tem uma explicação: a audiência tem quebrado seguidos recordes, sempre com mais de 100 milhões de espectadores. Ano passado, foram 111,5 milhões.
Mesmo que você não tenha os direitos de transmissão, acaba lucrando, já que os anunciantes sabem que haverá audiência nas incontáveis horas com algo no ar.
E esse interesse todo tem aumentado no mundo todo. Em 2014, segundo dados da Fox, 198 países receberam o sinal do jogo. E jornalistas de 24 países estiveram em Nova York, palco da partida. Esse ano, no mínimo, os números devem ser iguais.
Isso tudo em um esporte que é jogado profissionalmente somente nos EUA. Os clubes brasileiros têm em quem se espelhar. É só querer.