Postado por - Newton Duarte

Adeus Costa Rica: Pênalti no Krul da Holanda: é semifinal; Raio-X e os Pênaltis

Holanda troca de goleiro para tirar a surpresa Costa Rica nos pênaltis

Placar fica zerado no tempo normal e na prorrogação em jogo emocionante na Fonte Nova. Navas segura com a bola rolando, e Krul decide nos pênaltis

O futebol. Ah, o futebol... Mais uma vez o esporte demonstrou seu conceito mais amplo. Heróis em campo, lances de emoção nos minutos finais. Duas seleções que antes da Copa do Mundo eram separadas entre tradição e surpresa se igualaram no tempo normal. E também na prorrogação. O melhor ataque não ultrapassou a melhor defesa. Mas dos pênaltis não poderia passar. E, depois do 0 a 0 durante 120 minutos, sem contar os acréscimos, a Holanda venceu a Costa Rica por 4 a 3.  E agora vai enfrentar a Argentina na semifinal, quarta-feira, às 17h (de Brasília), na Arena Corinthians, em São Paulo.

A Costa Rica, que vencera Uruguai e Itália na fase classificatória, caiu de pé, sai do Mundial de cabeça erguida, invicta, com a melhor campanha da sua história. O goleiro Navas foi um gigante. Tejeda salvou em cima da linha no último minuto do tempo normal. Foram heróis até mesmo na derrota. Mas, pouco antes das cobranças, Van Gaal colocou o goleiro Krul na vaga de Cillessen. E o goleiro holandês roubou a cena, saiu do banco para pegar dois pênaltis e escrever seu nome como protagonista de uma bela história.

Krul comemora a histórica defesa em cobrança de pênalti de Bryan Ruiz, da Costa Rica

Holanda para em Navas, personagem do primeiro tempo

Desde os primeiros minutos, a maioria dos brasileiros presentes à Arena Fonte Nova engrossou a torcida da Costa Rica. Mas, em certo momento, todos se uniram em uma só voz para a corrente de solidariedade com gritos de "olê, olê, olê, olê, Neymar, Neymar".

Van Persie não consegue ultrapassar a barreira costarriquenha Navas em chute de perto

O começo de jogo foi um reflexo das seleções na Copa do Mundo: a Holanda, que tem o melhor ataque, se lançou à frente; a Costa Rica, com a zaga menos vazada com apenas dois gols até então, se postou na defesa e tentou fazer do contra-ataque e das bolas aéreas suas armas.

Com maior volume de jogo e mais qualidade da Holanda, natural que aparecesse a figura do goleiro da Costa Rica. Com toque de bola preciso, o time de Van Gaal chegou bem com Van Persie. Navas fez grande defesa. A bola sobrou para Sneijder. E novamente o camisa 1 costarriquenho apareceu bem. E tinha mais no repertório: uma intervenção com o pé em chute de Depay.

E, por pouco, o surrado ditado do futebol que diz “quem não faz, leva” se fez valer. Acosta quase marcou, mas Cillessen evitou. E por falar em goleiro...do outro lado, Navas voltou a trabalhar em cobrança de falta de Sneijder. À essa altura, paredão, muralha e salvador da pátria já eram adjetivos que bem poderiam definir o principal personagem do primeiro tempo.

Keylor Navas fecha o gol durante os primeiros 45 minutos na Arena Fonte Nova, em Salvador

Insistência de Van Persie, mas placar segue zerado

A etapa final teve cenário parecido: lá foi a Holanda, com a bola nos pés e pacientemente trocando passes, tentar furar o bloqueio defensivo da Costa Rica, que tentava dar o bote na base da correria. Muita transpiração, pouca emoção.

Campbell vinha bem, mas foi substituído pelo técnico Jorge Luis Pinto

Aos 20 minutos, uma troca na Costa Rica que pouca gente entendeu. O técnico Jorge Luis Pinto tirou Campbell, o seu melhor jogador e que vinha incomodando os zagueiros adversários para colocar Ureña, jogador que cai mais pelas beiradas do campo. De perigoso, uma cabeçada de Vlaar, que passou por cima do travessão de Navas.

De repente, depois dos 35 minutos, o jogo esquentou. Sneidjer acertou cobrança de falta na trave. O gol parecia questão de tempo. Mas no meio do caminho estava Navas, sempre ele, que voltou a brilhar ao defender chute cruzado de Van Persie. Pouco depois, Sneijder voltou a achar o camisa 9 cara a cara com o arqueiro costarriquenho, mas a furada foi um desfecho bisonho para uma bela jogada.

Van Persie falhou na área e foi tentar de falta para experimentar de mais longe já aos 46 minutos. Navas disse presente mais uma vez e espalmou para longe. O lance mais incrível aconteceu no minuto seguinte. Blind cruzou pela esquerda, a bola passou por De Vrij e Kuyt até chegar para ele, Van Persie. Desta vez, porém, quem impediu o gol da classificação foi o volante Tejeda, debaixo das traves. A bola ainda subiu e bateu no travessão. Boquiabertos, os holandeses presentes à Fonte Nova pareciam não acreditar.

Van Persie perde outra chance na área contra Navas e a defesa costarriquenha

Prorrogação animada e troca de goleiros nos pênaltis

Empate no tempo normal. Prorrogação. E adivinha? De novo, mais uma vez, Navas apareceu de forma brilhante ao fazer grande defesa em cabeceio de Vlaar logo de saída. Pouco depois, os jogadores da Costa Rica pediram pênalti quando Ureña caiu na área em jogada com Vlaar. O árbitro nada marcou. A questão física, porém, começou a pesar já no primeiro tempo da prorrogação, e o cansaço transparecia principalmente do lado costarriquenho.

Inusitada troca de goleiros entrando Krul na vaga de Cillessen, mas deu certo

Robben começou os 15 minutos finais de bola rolando dando arrancadas, mais inteiro que muito garoto no gramado da Fonte Nova. Nada de muito efetivo, no entanto. Van Gaal apelou para Huntelaar, decisivo contra o México nas oitavas, que entrou e só apareceu ao deixar o braço em dividida com Navas e ser advertido com o cartão amarelo. Quase no fim, foi a vez de Cillessen provar o seu valor. Ureña apareceu livre cara a cara, e o arqueiro da Laranja fez uma defesaça. A Holanda respondeu em chute de Sneijder que balançou o travessão. Emoção até o fim, e a decisão da vaga na semifinal foi para a disputa de pênaltis.

Antes do apito final, Van Gaal ainda trocou de goleiro para os pênaltis. Krul entrou no lugar de Cillessen. O titular saiu contrariado, mas nem por isso deixou de torcer para que o companheiro se saísse bem e vibrou quando Krul pegou a cobrança de Bryan Ruiz. Borges, González e Bolaños fizeram para os Ticos. Os holandeses foram perfeitos com Van Persie, Robben, Sneijder e Kuyt. Na quinta tentativa da Costa Rica, Umaña bateu, Krul pegou mais uma e colocou a Holanda na semifinal contra a Argentina. Van Gaal sabia o que estava fazendo quando trocou de goleiro.

Krul pega a cobrança de pênalti de Bryan Ruiz e coloca a Holanda na semifinal da Copa


Holanda (4) 0 x 0 (3) Costa Rica

Copa do Mundo – Quartas de Final


Local:Fonte Nova, em Salvador (BA)

Horário:17 horas (de Brasília)

Data:5 de julho de 2014, sábado

Árbitro:Ravshan Irmatov (Uzbequistão)

Assistentes:Abduxamidullo Rasulov (Uzbequistão) e Bakhadyr Kochkarov (Quirguistão)

Cartões amarelos:Holanda:Martins Indi e Huntelaar; Costa Rica:Díaz, Umaña, González e Acosta 

Pênaltis:Holanda:Converteram:Van Persie, Robben, Sneijder e Kuyt

Costa Rica:Converteram:Borges, Gonzalez e Bolaños. Perderam:Bryan Ruiz e Umaña

Holanda:Cillessen (Krul); Vlaar, De Vrij e Martins Indi (Huntelaar); Kuyt, Wijnaldum, Sneijder e Blind; Robben, Van Persie e Depay (Lens)

Técnico:Louis Van Gaal

Costa Rica:Navas; Gamboa (Myrie), Acosta, González, Umaña e Díaz; Tejeda (Cubero), Borges, Bryan Ruiz e Bolaños; Campbell (Ureña)

Técnico:Jorge Luis Pinto

O CARA

Keylor Navas

O goleiro da Costa Rica teve outra atuação monumental. Defendeu sempre que foi acionado, não deixou passar nada. Ajudado por uma defesa bem posicionada, ele ainda ajudou com sete defesas durante todo o jogo. Algo monumental, que consagra as atuações deste goleiro na Copa. Certamente um dos melhores da posição do Mundial. O jogador do Levante fez uma Copa do Mundo absolutamente fantástica. Se não fosse por ele, a Costa Rica provavelmente teria sucumbido antes. E isso levou a Costa Rica a um passo das semifinais. Caiu nos pênaltis, mas a campanha está na história. E será eterna.

MELHORES MOMENTOS

O jogo não teve gols.

OS PÊNALTIS

A TÁTICA

Holanda x Costa Rica

Holanda x Costa Rica

Van Gaal tem gostado de mexer no time durante a Copa e desta vez não foi diferente. Escalou o time em um 3-4-3 sem nenhum volante marcador. Os dois que faziam o centro do meio-campo foram Wijnaldum e Sneijder, dois jogadores criativos. Contra uma Costa Rica que não joga com nenhum jogador de criatividade no meio-campo e nem tem volantes com característica de sair jogando bem, Van Gaal tentou ganhar o setor, e conseguiu. Já a Costa Rica se defendia com uma linha de cinco atrás e outra de quatro no meio-campo, deixando só Ruiz marcando a saída de bola. Atacando, chegava com três homens de frente, com Bolaños e Campbell se juntando a Ruiz. No segundo tempo, Jorge Luis Pinto trocou Campbell e Ruiz de posição, deixando o primeiro centralizado e o segundo pela direita.

A ESTATÍSTICA

13

É o número de cruzamentos que Robben fez no jogo. Robben foi o grande jogador da Holanda na partida e criou muito, ajudando a Holanda a ameaçar o gol da Costa Rica. Se Van Persie estivesse em um dia mais inspirado, quem sabe a Holanda tivesse resolvido o jogo antes.

ATUAÇÕES: Navas leva jogo aos penais, mas reserva da Holanda define

Krul entra no final da prorrogação para a cobrança de pênaltis, pega dois e garante classificação laranja às semifinais da Copa do Mundo

Header Holanda (Foto: Infoesporte)

CILLESSEN – GOLEIRO

Praticamente não foi exigido no tempo normal, mostrou-se atento na prorrogação ao defender bom chute de Ureña. Foi substituído por Krul pouco antes da cobrança de pênaltis.

Nota: 6,5

KRUL – GOLEIRO

Cumpriu com perfeição a missão que lhe coube. Pegou pênaltis de Bryan Ruiz e Umanã e selou a classificação da Holanda.

Nota: 8,5

DE VRIJ – ZAGUEIRO

Cometeu algumas faltas mais duras, mas saiu-se bem na marcação.

Nota: 6,5

VLAAR – ZAGUEIRO

Muito seguro nos desarmes, ainda finalizou de cabeça duas vezes – na prorrogação, obrigou Navas a operar um milagre.

Nota: 7,0

MARTINS INDI – ZAGUEIRO

Boa cobertura pela esquerda quando a Costa Rica atacava nas costas de Blind. Tomou cartão amarelo por falta em Bryan Ruiz em lance sem bola. Saiu no segundo tempo da prorrogação para dar lugar a Hunterlaar.

Nota: 7,0

HUNTELAAR – ATACANTE

Recebeu amarelo por falta em Navas. Não finalizou.

Nota: 5,0

BLIND – LATERAL-ESQUERDO

Diferentemente do primeiro jogo em Salvador, no qual foi destaque, Blind foi discreto no ataque e pouco acrescentou à defesa.

Nota: 5,0

WIJNALDUM – VOLANTE

Eficiente nos desarmes e na rápida ligação com o ataque.

Nota: 6,5

KUYT – ATACANTE

Jogou como lateral-direto e foi bem nas poucas vezes que se arriscou na linha de fundo. Foi preciso na cobrança de pênaltis.

Nota: 7,0

SNEIJDER – MEIA

Perfeito no início da armação das jogadas da Holanda, chegou com perigo com duas cobranças de falta – uma delas na trave direita de Navas. Carimbou o travessão na prorrogação e converteu o pênalti que lhe coube.

Nota: 7,5

DEPAY – ATACANTE

Muito bem as triangulações com Sneijder e Van Persie, finalizou com perigo no primeiro tempo. Deu lugar a Lens.

Nota: 7,0

LENS – ATACANTE

Em posição de impedimento, cabeceou para grande defesa de Navas.

Nota: 6,0

ROBBEN – ATACANTE

Mais caçado em campo, deixou toda a defesa da Costa Rica pendurada. Nas jogadas de velocidade, armou as melhores chances da Holanda com a bola rolando. Cobrou pênalti com maestria.

Nota: 8,0

VAN PERSIE – ATACANTE

Teve as oportunidades mais concretas de finalização para a Holanda, mas parou em Navas.

Nos minutos finais do tempo regulamentar perdeu duas chances incríveis. Na disputa de pênaltis, cobrou com perfeição.

Nota: 7,5

Header Costa Rica (Foto: Infoesporte)

NAVAS- GOLEIRO

Defendeu chutes à queima roupa de Depay e Van Persie, além de grande cobrança de falta de Sneijder. Foi o responsável por levar o jogo à prorrogação. No tempo extra, voltou a fechar o gol – com destaque para defesa em cabeçada de Vlaar. Só não pegou nenhum pênalti.

Nota: 8,5

UMAÑA – ZAGUEIRO

Penou para marcar Van Persie e, depois que recebeu amarelo, afrouxou ainda mais a marcação. Na prorrogação, se redimiu com bons cortes, mas perdeu o pênalti que definiu o jogo.

Nota: 5,0

GONZÁLEZ – ZAGUEIRO

Outro que sofreu com os toques rápidos do ataque holandes e levou amarelo por falta em Robben. Pelo menos saiu-se bem em algumas antecipações e finalizou uma vez de cabeça. Converteu o pênalti.

Nota: 5,5

ACOSTA – ZAGUEIRO

Teve melhor desempenho no ataque do que na defesa. Além de puxar uma boa arrancada da Costa Rica, quase marcou em uma “puxada” após rebote de Cillessen. Tomou amarelo por falta em Robben.

Nota: 6,0

DÍAZ – LATERAL-ESQUERDO

Cada subida do lateral representava um lançamento para Robben em suas costas. Para completar a tarde infeliz, ainda tomou amarelo após um puxão na camisa do craque holandes.

Nota: 4,5

GAMBOA – LATERAL-DIREITO

Outro que deixou muito espaço aberto para o ataque holandes, sobretudo no primeiro tempo. Teve duas boas subidas ao ataque. Torceu o joelho e ainda tentou voltar a campo, mas foi substituído por Myrie.

Nota: 6,0

MYRIE - LATERAL-DIREITO

Sem Nota

BORGES – VOLANTE

Melhor homem de linha da defesa costarriquenha. Bem nas antecipações pelo meio, ajudou a cobrir os buracos deixados pelos laterais. Abriu a disputa de pênaltis e marcou.

Nota: 7,0

TEJEDA – VOLANTE

Atuação discreta como marcador e mais ainda no apoio aos homens de frente. Deu lugar aCubero na prorrogação

Nota: 5,5

BOLAÑOS – MEIA

Homem da bola parada, também tentou municiar o ataque com subidas à linha de fundo, principalmente pelo lado esquerdo. Na prorrogação, se destacou com jogadas individuais e converteu o pênalti que lhe coube.

Nota: 7,5

RUIZ – MEIA-ATACANTE

Erro de passe no primeiro tempo deu contra-ataque de presente para a Holanda – por pouco não saiu gol. Nas saídas para o ataque, foi a principal referência da Costa Rica, mas falhou na disputa de pênaltis.

Nota: 7,0

CAMPBELL – ATACANTE

Mal viu a bola no primeiro tempo, mas mostrou muita garra nas disputas com os zagueiros. No segundo tempo saiu mais da área para buscar jogadas, mas foi substituído por Ureña.

Nota: 6,5

UREÑA – ATACANTE

Pouco viu a cor da bola, mas na chance que teve fez ótima jogada individual defendida por

Cillessen.

Nota: 6,0


Fonte: Janir Júnior e Helena Rebello/GE.COM – GENET - Felipe Lobo/Trivela

Foto: AP - Getty Images –  Gabriel Bouys/AFP – Reuters