Postado por - Newton Duarte

'Amigão': Rafael Miranda tenta ajudar time a escapar do Z-4

Bom de papo, Miranda tenta ajudar time a escapar do Z-4

Rafael Miranda gesticula durante entrevista no pátio do condomínio onde mora, na capital baiana

Rafael traz sempre consigo uma expressão serena. Com a fala mansa, mas a língua solta, dá a impressão de que passaria a tarde inteira ali, no pátio do condomínio onde mora, em Salvador, batendo um papo sobre futebol e  a situação do Bahia em 2014.

O jeito de 'mineiro boa praça' não o ajuda somente com a imprensa. Faz dele também uma das esperanças de devolver o Tricolor aos eixos nos seis jogos que restam até o final do Brasileiro e afastar a equipe da zona de rebaixamento.

Após quase um ano e meio de clube, Miranda virou referência nos bastidores. O jeito comunicativo fez dele um dos atletas mais procurados pelos companheiros, pelo próprio Kleina, ou pelo auxiliar, Charles Fabian. Vira e mexe, durante os treinos,  você vai encontrar o volante conversando com alguém.

Miranda reconhece a fama de 'amigão'. "Pra mim não tem nada melhor que sentar e ficar conversando com os amigos, e acho que levo isso para o futebol. Em um grupo, precisamos de vários perfis, e eu sou aquele que tenta ser amigo de todo mundo. Pra mim, isso também é uma forma de liderança", diz.

"Claro que um grupo precisa de gente mais direta, como são alguns dos nossos lá, mas eu sou o que procura contornar as situações", continua. "Quando tenho uma opinião que acho que pode ajudar, eu dou o conselho, apesar de não me achar velho e nem experiente".

Diante da situação difícil que vive o Tricolor, o volante promete mais uma vez não se omitir. "Venho conversando principalmente com os mais novos. Precisamos estar prontos para os momentos bons e ruins", revela. "Comento que só depende da gente para sair dessa situação, porque futebol a gente tem para isso", completa.

Mas nem sempre o volante é o dono da palavra. Quando está longe dos companheiros, Miranda revela também procurar apoio para vencer a dificuldade. "Busco forças na minha família, na minha esposa, que está todo dia comigo, e em Deus, acima de tudo", comenta.

Elaborado

A facilidade de se expressar e a fala elaborada afastam o mineiro do estereótipo de 'boleiro'. O mérito para isso Miranda também atribui à família. "No futebol, a grande maioria dos meninos sai de casa cedo e não consegue terminar nem o primeiro grau. Como joguei a base inteira em Belo Horizonte, perto dos meus pais, pude estudar normalmente e até dei início a um curso superior", conta. "É até chato falar assim, mas acho que ter essa base familiar até tarde e a chance de estudar sem pressão me deu mais facilidade para me expressar".

O curso superior, no caso, foi em Educação Física. Depois de dois semestres realizados, Rafael teve de largar a faculdade, aos 25 anos, para se dedicar em tempo integral à corrida vida de jogador profissional.

O hábito de ler e estudar, no entanto, não ficou para trás. Miranda diz ler e pesquisar muito sobre economia, e até se imagina estudando o assunto após se aposentar. "Hoje, por enquanto, ainda não penso nisso. Seria um ramo interessante se eu conseguisse juntar alguma coisa com o futebol, até para poder gerenciar o que eu tenha comprado ou um dinheiro que tenha juntado", revela. "Queria juntar o útil ao agradável: estudar economia, administração, algo por aí. Por enquanto ainda sou só um curioso. Mas é uma possibilidade", completa.