Bahia joga bem, controla a partida contra o Bragantino, mas toma gols em duas fatalidades e quase se complica. Luiz Antônio, Hernane e Cajá marcam para o Tricolor
Fonte Nova lotada, recorde de público, dois gols no primeiro tempo, alegria geral. Roteiro perfeito para um triunfo tranquilo dentro de casa, certo? Não com o Bahia. Com o Bahia, nada vem fácil. Mas vem. Demora, mas vem. Pelo terceiro jogo consecutivo, a equipe de Guto Ferreira marcou um gol na bacia das almas. Aos 42 minutos do segundo tempo, Renato Cajá definiu o triunfo do Tricolor: 3 a 2 em cima do Bragantino, na tarde deste sábado. Uma boa partida do Bahia, consistente, mas que quase é estragada pela ansiedade na hora de matar o jogo.
O Tricolor não conseguiu impor um ritmo forte de jogo desde o começo da partida, como faz sempre que joga em casa, atacando com muita intensidade e abafando a saída de bola do rival. Muito em função da postura do Bragantino, que de certa forma surpreendeu ao aceitar sair para o jogo e atacar os donos da casa. Talvez até assustado com a proposta do adversário, o time de Guto Ferreira demorou a entrar no jogo, ficou preso no 4-1-4-1 defensivo do rival, e a primeira chegada perigosa foi da equipe paulista, com boa intervenção de Muriel.
Aos poucos, o Tricolor foi encontrando seu jogo, notadamente pelos lados do campo, principalmente com a sintonia da dupla Eduardo/Edigar Junio. O time já dominava a partida quando Luiz Antônio acertou uma pancada de fora da área para abrir o placar. O Bahia continuava em cima quando chegou ao segundo, em cruzamento de Luiz Antônio para cabeçada certeira de Hernane.
Outra característica marcante da equipe de Guto é o controle do jogo. O Bahia, em casa, sabe administrar a partida no ritmo que lhe convém. Depois do segundo gol, foi basicamente isso que o time fez, trocou passes e cozinhou o adversário buscando o momento certo para dar o bote. A marcação no meio e nas laterais estava encaixada, porém ninguém esperava que o Bragantino chegaria ao gol com uma ajuda significativa do árbitro Devarly Lira do Rosário, que literalmente deu uma assistência de cabeça para Rafael Grampola diminuir.
Não se pode dizer que o Bahia não tentou, que se acovardou. Logo depois de sofrer o gol, durante todo o fim do primeiro tempo e início do segundo, o time buscou o ataque e sempre esteve perto de marcar. O problema é que a pontaria não estava em dia. Para ser mais exato, o último passe era sempre precipitado, e isso, claro, gera um perigo natural. O perigo ganhou forma de desespero quando, aos 24 minutos, Watson empatou. O lance aconteceu em uma das únicas falhas do sistema defensivo tricolor na partida inteira. A marcação afrouxou, Moisés demorou a encostar no oponente, foi batido e levou o gol. Claro que a falha maior foi de Muriel, que deixou entrar uma bola fácil. É, por sinal, a segunda falha consecutiva do goleiro, que já havia vacilado nos dois gols do Luverdense.
Que espécie de brincadeira sádica essa do Bahia de fazer o torcedor sofrer até os minutos finais antes de decidir o jogo. A Fonte Nova que já havia vivido a redenção de Hernane diante do Sampaio Corrêa viu Renato Cajá, neste sábado, estufar a rede, explodir em emoção e sacramentar mias um triunfo do melhor mandante da Série B. Abra-se um parêntese para Mário, um garoto que entrou num jogo de pressão absurda e descolou ótimo passe para Cajá.
É até curioso constatar, pelo nível de tensão que foi a partida, que o Bahia teve ótima atuação coletiva. O time foi bem como um todo e quase ninguém destoou. Porém, é preciso destacar alguns jogadores que foram acima da média. Os dois laterais, por exemplo. Bons apoiadores, Eduardo e Moisés deram um verdadeiro show na hora de defender e não perderam quase nenhum duelo individual. Luiz Antônio foi bem, marcou um golaço, mas o dono do meio-campo foi Renê Júnior, preciso na marcação e tranquilo para iniciar o jogo.
Hernane foi bem. O Brocador parece ter espantado a má fase, quando dava canelada atrás de canelada. Fez bem o pivô, voltou para ajudar na marcação e, principalmente, receber algumas bolas mais ardilosas, colocar no chão e iniciar os contra-ataques, geralmente puxados por Régis. O meia, por sinal, fez outra boa apresentação. Régis dá ao time uma dinâmica que Cajá jamais conseguiu durante toda a competição. Demorou muito para ganhar oportunidade na equipe titular.
O acesso, porém, não veio. O Náutico venceu o Tupi e mantém acesa a chama do acesso. Fica tudo para o próximo sábado. O Bahia precisa de apenas um empate contra o Atlético-GO.
Fonte: Globo Esporte