Bahia consegue gol relâmpago, adianta marcação e controla quase todo o primeiro tempo. Gol de empate do Dragão traz de volta fantasmas e o time se perde
Para um time em crise, com uma campanha muito aquém da expectativa, um gol antes do primeiro minuto de jogo depois de uma pausa de duas semanas no campeonato seria um sonho, certo? O Bahia que o diga. O gol de Hernane, marcado aos 35 segundos, tirou um peso enorme dos ombros do elenco tricolor, que teve tranquilidade para mostrar que a intertemporada não foi em vão.
O gol de empate do Atlético-GO, no entanto, fez a equipe ruir, a bola voltou a queimar nos pés e os velhos problemas que deixaram o time de Guto Ferreira a oito pontos do G-4 reapareceram. Na noite desta terça-feira, baianos e goianos empataram em 1 a 1, na Arena Fonte Nova, em duelo que fechou o primeiro turno da Série B.
O Bahia de Guto Ferreira adotou o esquema 4-2-3-1, com Luiz Antônio recuando para jogar ao lado de Feijão, dando qualidade ao início das jogadas. Edigar Junio, recuperado de lesão, jogou aberto pela esquerda, enquanto Allano permaneceu espetado na direita, com Renato Cajá centralizado; Hernane jogou mais à frente.
Quando o Tricolor abriu o placar, ainda era impossível estabelecer qualquer análise. O que se viu depois dali, então, foi uma equipe com consciência tática e tranquilidade para controlar o jogo. Apesar de não conseguir ser incisivo nas investidas ofensivas, o time deu ao jogo o ritmo que quis, adiantou a marcação e infernizou a vida do Atlético-GO, que se viu pressionado e entregou inúmeras bolas na intermediária.
Defensivamente, a equipe se comportou de maneira exemplar, com duas lindas de quatro e Cajá e Hernane à frente delas, dando quase nada de espaço para o adversário. Os dois pontas voltavam acompanhando as jogadas laterais e auxiliando Eduardo e Moisés. O lateral-esquerdo, por sinal, mostrou porque não pode ser reserva de João Paulo: Moisés marca de maneira feroz e tem fôlego para chegar ao ataque e rasgar a defesa adversária.
Essa história de controlar o jogo sem ser incisivo funcionou até a página dois. O Atlético-GO foi, aos poucos, se soltando no jogo, embora não levasse perigo, é bom que se diga. Só que, aos 39 minutos do primeiro tempo, os visitantes chegaram ao gol depois de uma jogada de falta ensaiada. O empate recolocou o peso do mundo nos ombros dos jogadores do Bahia, o Dragão tomou conta do jogo e foi para o intervalo jogando melhor na Fonte Nova.
O Bahia do segundo tempo foi o Bahia de antes da intertemporada. O peso de um novo fracasso em casa, a bola queimando nos pés, as escolhas erradas dentro de campo, os espaços na defesa. O time de Guto Ferreira peca demais na transição ofensiva. Se o de Doriva era extremamente lento, o de Guto vacila ao tomar as piores decisões.
O retrato disso é Alano. Ele tem o mérito de não se esconder do jogo, é verdade. O problema é que as escolhas do atacante geralmente são as piores possíveis. É um drible a mais, um passe errado depois de uma boa jogada, uma cochilada na hora de sair do impedimento. Renato Cajá, de quem se espera muito, ainda não justificou o investimento. Não cria, não dita o ritmo do jogo, não municia os atacantes. Edigar Junio sofre com a falta de ritmo de jogo. A fase de Hernane é horrorosa.
Sem criatividade no meio, o Bahia passou a apostar todas as fichas nos avanços dos seus laterais. De um lado, quando Eduardo desceu em ótimas condições, ele errou o cruzamento. Do outro, Moisés acertou um cruzamento na medida, mas Hernane, sozinho, cabeceou para fora.
As mudanças feitas por Guto Ferreira de nada alteraram o panorama da partida. Lucas Fonseca por Tiago, que saiu machucado. Luisinho na vaga de Edigar Junio, aberto pela ponta esquerda. Juninho substituindo Feijão, para dar mais qualidade à saída de bola. Ele até consegue melhorar o início das jogadas, mas insiste nas bolas longas e acaba precipitando muitos lances
No fim das contas, o Tricolor segue complicando um acesso que, no início do campeonato, qualquer prognóstico apontava como certo.
Fonte: Globo Esporte