Postado por - Heitor Montes

Análise: Bahia foi inoperante e não conseguiu reverter vantagem do rival

Em uma decisão de 180 minutos, não há como dissociar uma partida da outra. Voltemos alguns dias no tempo. O Vitória foi inferior ao Bahia durante quase todo o primeiro jogo, mas teve a competência de, no momento em que foi melhor, marcar o gol que começou a desenhar o título do bicampeonato estadual. Equipe de melhor campanha do Baianão, o Leão fez valer a vantagem, segurou um empate sem gols diante do Bahia, na noite do último domingo, e comemorou junto com o seu torcedor o bicampeonato estadual, que veio de forma invicta.

Assistir ao Vitória jogar a decisão era quase que um déjà vu. Com a vantagem, o Leão pôde atuar da forma que mais se sente à vontade: fechando espaços na defesa e apostando na velocidade dos seus extremos, David e Paulinho. É verdade que a partida terminou sem gols, mas a equipe da casa poderia ter chegado às redes caso não fosse a falta de sorte de Paulinho ou a imperícia de David. O atacante formado na Toca desperdiçou chances que costumam ser fatais. A estratégia de Wesley Carvalho, que teve pouco tempo para implementar sua filosofia de jogo e, por isso, usou toda a base do trabalho de Argel Fucks, deu certo.

Já o Bahia esteve longe do seu melhor futebol. Aquela equipe envolvente dos dois últimos clássicos, com atacantes de muita mobilidade e laterais como desafogo, não existiu. O Tricolor passou mais tempo no campo de ataque, buscou mais o jogo, porém não foi agressivo o suficiente para colocar o rival em apuros. E muito disso se deve ao bom trabalho realizado pelo sistema defensivo do Vitória, que se reencontrou após uma atuação desastrosa no clássico anterior.

O Rubro-Negro jogou com suas linhas mais compactas e deu poucos espaços para os homens de frente do rival. A equipe comandada pelo interino Wesley Carvalho venceu duelos individuais que não vencera na partida de ida, recuperou bolas no meio-campo e desceu para o ataque em velocidade, dando trabalho ao Tricolor, como no chute em que Paulinho acertou a trave.

Eram propostas claras de jogo. O Bahia tem por característica trabalhar mais a bola; o Vitória prefere o jogo mais direto. Mas houve uma mudança comportamental no tricolor: no tiro de meta, em vez de sair jogando, o goleiro Jean lançava a bola diretamente para Edigar, que ia para o embate no corpo com os zagueiros, especialmente Alan Costa, e por vezes Geferson. Edigar não é centroavante nato como Gustavo, opção no banco de reservas, mas sabe utilizar bem o corpo e levou vantagem em algumas oportunidades. A estratégia não funcionou, e a equipe voltou a sair jogando pelo chão na segunda etapa.

Passada a euforia pelo título de um lado, o lamento do outro, as duas equipes precisam de mudanças para não passar sufoco no Campeonato Brasileiro. O Vitória já provou ter dificuldade quando precisa propor o jogo. Além disso, alguns reforços não renderam o esperado, e o clube precisará ir ao mercado. O mesmo vale para o Bahia, que tem um time competitivo, porém um elenco carente de peças de qualidade. A prova disso foi o clássico: quando precisou mudar a cara do jogo para buscar o título, Guto olhou para o banco e se viu sem opções.

Fonte: Globo Esporte