Apesar do 0 a 0, muito provavelmente, o Vitória não tenha sido tão superior ao Bahia em nenhum dos outros cinco clássicos disputados na temporada. Em um jogo de muitas surpresas no time titular de ambos os lados – cinco caras novas no Tricolor e três no Rubro-Negro -, os mandantes mostraram mais desenvoltura com as modificações e tiveram bom rendimento nos dois tempos do jogo. Apesar da superioridade do outro lado, o Bahia saiu no lucro com o resultado. Com o empate no Barradão, o Tricolor deixou a zona de rebaixamento e viu o seu rival permanecer afundado nas quatro últimas posições. Veja abaixo os melhores momentos do jogo.
Do lado do Vitória, Alexandre Gallo decidiu não apenas promover novidades no time titular, como também mudou o sistema tático. O time passou a atuar no 4-1-4-1, com apenas Willian Farias como volante e primeiro homem à frente da defesa. No ataque, Gallo escalou a linha de quatro jogadores com Yago, Cleiton Xavier, Carlos Eduardo e Kieza (David), com André Lima como referência.
As mudanças promovidas por Gallo foram muito mais efetivas que as de Jorginho. O Vitória mostrou rápida adaptação ao novo sistema tático e, com mais posse de bola (55% a 45%), dominou o Bahia e criou chances efetivas de gols. Algo que não foi comum para a equipe em partidas anteriores, quando o Rubro-Negro não mostrava eficiência quando tinha a obrigação de dar as cartas no jogo e só se sentia à vontade apenas quando atuava no contra-ataque. Desde que chegou ao clube, Alexandre Gallo tem buscado fazer o time do Vitória trocar mais passes e ditar o ritmo de jogo com efetividade. Algo que aconteceu neste domingo.
Com um time mais ofensivo, com três meias e apenas um volante, algo tão raro no início dos jogos do Vitória nos últimos tempos, os mandantes não deixaram de ter velocidade e movimentação dos jogadores de frente. Nesse ponto é preciso mencionar a boa estreia de Carlos Eduardo. Apesar de estar há muito tempo sem jogar, o meia distribuiu bons passes, se movimentou dos dois lados do campo e deu um bom cartão de visitas para o torcedor rubro-negro. Assim como Ramon. Titular pela primeira vez depois que retornou de empréstimo, o defensor foi seguro e ganhou muitos combates na zaga. Alexandre Gallo destacou a atuação da sua defesa após o jogo.
- Acho que a evolução foi um todo. A defesa se portou muito bem, quase não demos chance ao adversário. A zaga jogou com uma linha bem alta. O meio-campo foi determinante também. Tivemos jogadores em um bom dia.
Do outro lado, apesar de manter o sistema tático, o 4-2-3-1, o Bahia esteve muito distante de ser a equipe que ganhou tantos elogios no início do Campeonato Brasileiro. Mesmo com o retorno do seu principal jogador, o meia Régis, a equipe sucumbiu à marcação do Vitória. Bem marcado por Willian Farias, Régis mostrou falta de ritmo de jogo e pouco criou. Contribuiu para isso a ineficiência na saída de bola da equipe. O Vitória adiantou as linhas, marcou bem os defensores tricolores, e Jean teve que recorrer à ligação direta, algo tão pouco característico desse time. Sem jogadores altos para levar a melhor sobre os defensores adversários, a bola retornava para os atletas do Vitória. Luisinho Quintanilha reconheceu isso após o jogo.
- A gente encontrou dificuldades. A gente pediu que pudesse jogar um pouco mais pelos extremos, até porque a última linha do Vitória estava muito adiantada. A gente queria explorar um pouco mais o passe entre o lateral e o zagueiro – disse Quintanilha.
Na frente, pouco se viu do time de mobilidade e velocidade do Bahia de outros tempos. No lugar de Edigar Junio, Mendoza atuou como referência e não conseguiu dar a dinâmica ao time como fez em outros jogos. Também não foram vistas as trocas de posição constantes e as tabelas dos meias e atacantes tricolores. Zé Rafael praticamente ficou restrito ao lado direito, enquanto Allione ficou na esquerda. Com Régis apagado, os dois não conseguiram suprir essa deficiência. Mais atrás, Renê Junior e Matheus Sales se dedicaram exclusivamente à marcação e não deram opção na frente.
Diante de tudo isso, fica fácil entender o motivo de o jogo terminar com 21 finalizações do Vitória (sete certas e 14 erradas), contra seis do Bahia (duas certas e quatro erradas), segundo o site Footstats. A equipe rubro-negra ainda foi responsável por 36 cruzamentos, e o Bahia 19. Números que revelam a falta de pontaria dos jogadores do Vitória e também destacam a grande participação do goleiro Jean, do Bahia.
Do empate e péssimo resultado, fica a lembrança para o Vitória da boa apresentação e da esperança de que, com esse tipo de rendimento, nem todos os adversários vão conseguir segurar o resultado como fez o Bahia. Do lado do Tricolor, apesar de deixar a zona de rebaixamento, o clássico fica como alerta, afinal de contas, o time não mostrou evolução, mas desempenho bem distante do apresentado em outros momentos.
Fonte: Bahia Notícias