Postado por - Heitor Montes

Análise: Bahia foi irreconhecível em clássico contra rival ousado

Apesar do 0 a 0, muito provavelmente, o Vitória não tenha sido tão superior ao Bahia em nenhum dos outros cinco clássicos disputados na temporada. Em um jogo de muitas surpresas no time titular de ambos os lados – cinco caras novas no Tricolor e três no Rubro-Negro -, os mandantes mostraram mais desenvoltura com as modificações e tiveram bom rendimento nos dois tempos do jogo. Apesar da superioridade do outro lado, o Bahia saiu no lucro com o resultado. Com o empate no Barradão, o Tricolor deixou a zona de rebaixamento e viu o seu rival permanecer afundado nas quatro últimas posições. Veja abaixo os melhores momentos do jogo.

O mistério que fez parte da rotina de Bahia e Vitória ao longo desta semana resultou em cinco novidades no time titular do Bahia e três no Vitória. Do lado do Bahia, sem poder contar com Lucas Fonseca (suspenso) e Edigar Junio (machucado), o técnico Jorginho (que, suspenso, ficou fora do banco de reservas no clássico e deu lugar a Luisinho Quintanilha), decidiu pelas entradas de Eder e Mendoza. O treinador ainda promoveu o retorno de Régis e deu novas oportunidades para Armero, no lugar de Matheus Reis, e Matheus Sales, substituindo Juninho.

Do lado do Vitória, Alexandre Gallo decidiu não apenas promover novidades no time titular, como também mudou o sistema tático. O time passou a atuar no 4-1-4-1, com apenas Willian Farias como volante e primeiro homem à frente da defesa. No ataque, Gallo escalou a linha de quatro jogadores com Yago, Cleiton Xavier, Carlos Eduardo e Kieza (David), com André Lima como referência.

As mudanças promovidas por Gallo foram muito mais efetivas que as de Jorginho. O Vitória mostrou rápida adaptação ao novo sistema tático e, com mais posse de bola (55% a 45%), dominou o Bahia e criou chances efetivas de gols. Algo que não foi comum para a equipe em partidas anteriores, quando o Rubro-Negro não mostrava eficiência quando tinha a obrigação de dar as cartas no jogo e só se sentia à vontade apenas quando atuava no contra-ataque. Desde que chegou ao clube, Alexandre Gallo tem buscado fazer o time do Vitória trocar mais passes e ditar o ritmo de jogo com efetividade. Algo que aconteceu neste domingo.

Com um time mais ofensivo, com três meias e apenas um volante, algo tão raro no início dos jogos do Vitória nos últimos tempos, os mandantes não deixaram de ter velocidade e movimentação dos jogadores de frente. Nesse ponto é preciso mencionar a boa estreia de Carlos Eduardo. Apesar de estar há muito tempo sem jogar, o meia distribuiu bons passes, se movimentou dos dois lados do campo e deu um bom cartão de visitas para o torcedor rubro-negro. Assim como Ramon. Titular pela primeira vez depois que retornou de empréstimo, o defensor foi seguro e ganhou muitos combates na zaga. Alexandre Gallo destacou a atuação da sua defesa após o jogo.

- Acho que a evolução foi um todo. A defesa se portou muito bem, quase não demos chance ao adversário. A zaga jogou com uma linha bem alta. O meio-campo foi determinante também. Tivemos jogadores em um bom dia.

Volantes do Bahia jogam próximos e não participam da criação das jogadas (Foto: Ruan Melo) Régis é marcado de perto por Willian Farias (Foto: Ruan Melo)

Do outro lado, apesar de manter o sistema tático, o 4-2-3-1, o Bahia esteve muito distante de ser a equipe que ganhou tantos elogios no início do Campeonato Brasileiro. Mesmo com o retorno do seu principal jogador, o meia Régis, a equipe sucumbiu à marcação do Vitória. Bem marcado por Willian Farias, Régis mostrou falta de ritmo de jogo e pouco criou. Contribuiu para isso a ineficiência na saída de bola da equipe. O Vitória adiantou as linhas, marcou bem os defensores tricolores, e Jean teve que recorrer à ligação direta, algo tão pouco característico desse time. Sem jogadores altos para levar a melhor sobre os defensores adversários, a bola retornava para os atletas do Vitória. Luisinho Quintanilha reconheceu isso após o jogo.

- A gente encontrou dificuldades. A gente pediu que pudesse jogar um pouco mais pelos extremos, até porque a última linha do Vitória estava muito adiantada. A gente queria explorar um pouco mais o passe entre o lateral e o zagueiro – disse Quintanilha.

Na frente, pouco se viu do time de mobilidade e velocidade do Bahia de outros tempos. No lugar de Edigar Junio, Mendoza atuou como referência e não conseguiu dar a dinâmica ao time como fez em outros jogos. Também não foram vistas as trocas de posição constantes e as tabelas dos meias e atacantes tricolores. Zé Rafael praticamente ficou restrito ao lado direito, enquanto Allione ficou na esquerda. Com Régis apagado, os dois não conseguiram suprir essa deficiência. Mais atrás, Renê Junior e Matheus Sales se dedicaram exclusivamente à marcação e não deram opção na frente.

Volantes do Bahia jogam próximos e não participam da criação das jogadas (Foto: Ruan Melo)Volantes do Bahia jogam próximos e não participam da criação das jogadas (Foto: Ruan Melo)

Diante de tudo isso, fica fácil entender o motivo de o jogo terminar com 21 finalizações do Vitória (sete certas e 14 erradas), contra seis do Bahia (duas certas e quatro erradas), segundo o site Footstats. A equipe rubro-negra ainda foi responsável por 36 cruzamentos, e o Bahia 19. Números que revelam a falta de pontaria dos jogadores do Vitória e também destacam a grande participação do goleiro Jean, do Bahia.

Do empate e péssimo resultado, fica a lembrança para o Vitória da boa apresentação e da esperança de que, com esse tipo de rendimento, nem todos os adversários vão conseguir segurar o resultado como fez o Bahia. Do lado do Tricolor, apesar de deixar a zona de rebaixamento, o clássico fica como alerta, afinal de contas, o time não mostrou evolução, mas desempenho bem distante do apresentado em outros momentos.

Fonte: Bahia Notícias